Resumo de um livro
Por: vinifigueir • 13/11/2016 • Tese • 880 Palavras (4 Páginas) • 390 Visualizações
O corpo daquele homem sangrava demais na banheira. A princípio parecia morto, mas a respiração fraca indicava sinal de vida. Era um rapaz magro, branco e com uma barba por fazer. Aparentava uns vinte e poucos anos. Seu olhar estava fixo para o teto do banheiro. Um olhar de quase morte.
O silêncio do banheiro era interrompido pelo som da gota torneira da pia que pingava lentamente numa frequência pontual ditada pelo acaso. Um tique-taque que daria nos nervos de qualquer um, mas para aquele corpo moribundo representava os últimos sons que ainda tinha para ouvir.
De súbito a cena é interrompida pelo ranger da porta do banheiro que abre lentamente, deixando apenas uma pequena fresta que apresenta o olhar de seu algoz que ri da agonia de sua vítima, que lhe fita um olhar de súplica. O pedido de misericórdia que não seria atendido.
O observador deixa o local do crime. Poucos instantes depois sua vítima não resiste e morre. Seu sangue escorria como um rio pelo ralo do banheiro.
O carrasco encara com naturalidade tudo aquilo. Era sua profissão. Era uma missão dada e cumprida. Entra no seu carro e guia pela cidade ao nascer do dia ouvindo as notícias do trânsito da cidade. Planeja chegar em casa logo para tirar o atraso do sono, pois a madrugada fora cheia com essa execução.
A cidade amanheceu chuvosa, mas o calor era paralisante. O asfalto molhado fazia o tráfego ficar mais lento, deixando o misterioso assassino desconfortável com a lentidão. Em pouco mais de uma hora chega em sua casa, um apartamento lúgubre, pequeno e pouco mobiliado. O ventilador de teto girava lentamente, causando um efeito estroboscópio ante a luz da janela.
Tirou a roupa lentamente até ficar completamente nu, dando para verificar que seu corpo era robusto. Uma musculatura discreta, mas funcional para o seu labor: matar pessoas. Mas não era um assassino qualquer, como será visto.
Fuma um cigarro e logo em seguida deita à cama, entregando-se por completo ao cansaço.
Seu sono é profundo, mas interrompido por momentos de inquietação e falas desconexas. Vira de um lado para outro. Sua bastante pela testa. Até que acorda abruptamente, abrindo os olhos imediatamente. Tem a boca seca, que logo é umedecida por um gole generoso de conhaque.
A secretária eletrônica pica constantemente indicando alguns recados; três na verdade. Enquanto dirige-se ao banheiro reproduz as mensagens. A primeira, um vendedor planos de saúde, que insiste nas qualidades duvidosas de seus produtos. A segunda, inaudível. A terceira, faz-lhe dispensar toda a atenção enquanto urina aliviado:
- Riggs, sua encomenda está no escritório! Passe hoje às sete da noite. Comendador quer falar com você – logo em seguida a ligação é interrompida.
Não tinha qualquer noção de tempo, mas dormira muitas horas. Já eram cinco da tarde. Lamenta que não tem mais tempo para tirar um novo cochilo. Banha-se rapidamente e parte para o escritório receber sua justa recompensa.
O escritório ficava num casarão nas imediações da cidade. Cercado de um gradeado alto com um eficiente sistema de segurança. Na recepção há uma guarita com dois homens de terno e um semblante fechado de poucos amigos. Riggs apresenta-se e sua entrada é permitida.
Dentro da mansão há dezenas de homens vestindo ternos pretos e sempre portando armas com coldres axiais. Já na antessala uma linda mulher o recebe:
- Oi bonitão! Mais uma vez me deu um chá de cadeira. Não me ligou. Tive que sair sozinha – e ao pé do ouvido de Riggs sussurra: - tive que ir pra cama com qualquer um.
- Tive um trabalho. Deixa pra próxima.
- Tá bom! – sobe a escada da mansão, solicitando que a acompanhe.
A mansão seguia o estilo vitoriano. As paredes eram de madeira e os móveis muito antigos. Tudo era de uma limpeza cintilante.
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