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Resumo do Livro Justiça

Por:   •  22/4/2015  •  Trabalho acadêmico  •  4.208 Palavras (17 Páginas)  •  425 Visualizações

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“Justiça: o que é fazer a coisa certa?”

CAPÍTULO IV

A questão do livre mercado fundamenta-se basicamente em duas afirmações, uma sobre liberdade e outra sobre bem estar social. A primeira refere-se a visão libertária  dos mercados, segundo ela, ao permitir que as pessoas realizem trocas voluntárias, estamos respeitando sua liberdade, as leis que interferem no livre mercado violam a liberdade individual. A segunda, com fundamento utilitaristas, refere-se ao bem-estar  geral que os livres mercados promovem, pois, quando duas pessoas fazem livremente um acordo, ambas ganham, ou seja, se o acordo as favorece sem que ninguém seja prejudicado, ele aumenta a felicidade geral.

Os céticos criticam essa segunda corrente, pois segundo eles, as escolhas de mercado nem sempre são tão livres quanto parecem. E também que certos e práticas sociais são corrompidos ou degradados se implicam alguma transação com dinheiro.

Analisaremos a moralidade na prática de pagar para que as pessoas executem dois tipos diferentes de trabalho, combater em guerras e gerar filhos.

Na guerra civil americana, o patriotismo fez com que dezenas de pessoas se alistassem no exercito da União. Com as derrotas o povo começou a acreditar que a guerra não acabaria e foi preciso convocar mais soldados, sendo assim, foi criada a lei do alistamento compulsório.

A obrigatoriedade do serviço militar atingia a tradição individualista em sua base e a União permitiu que quem fosse convocado  e não quisesse servir poderia contratar outra pessoa para assumir seu lugar.  Os convocados publicavam anúncios em jornais em busca de substitutos.  Esse tipo de pagamento originou a expressão "guerra dos ricos, luta dos pobres".

Embora a intenção fosse oferecer a isenção  do serviço  por um preço baixo, a taxa tornou-se mais impopular politicamente do que a substituição, porque talvez ela parecesse estabelecer um preço para a vida humana, dando a tal quantia sanção do governo. 

No final foram poucos os convocados que lutaram efetivamente no exercito da União.
A questão é se o sistema adotado na guerra civil foi uma maneira justa de convocar soldados para o serviço militar? Se o sistema era injusto porque deixava que o rico contratasse outra pessoa para combater em seu lugar?

Analisaríamos agora as duas maneiras básicas de recrutamento de soldados, a convocação e o mercado.
A convocação preenche as fileiras militares recrutando todos os cidadãos  qualificados para servir ou, caso não haja necessidade de todos eles, fazendo um sorteio para escolher aqueles que servirão.

Já no exercito voluntário, termo que usamos atualmente, preenche suas fileiras por meio do  mercado de trabalho. É um exercito profissional, onde os soldados são pagos para trabalhar. O trabalho é desempenhado por aqueles que  concordam em fazê-lo em troca de dinheiro e outros benefícios. 

A discussão que voltou à baila sobre o exercito voluntário e o serviço militar obrigatório colocou-nos frente a frente com algumas questões relevantes da filosofia politica, questões referentes a liberdade individual e a obrigação civil. Para explorar essas questões, compararemos as 3 formas de compor um exército que consideramos: alistamento compulsório, convocação com a possibilidade de contratar um substituto e o sistema de mercado.  A pergunta que vem a tona é qual delas é a mais justa?

Se seguirmos a filosofia libertária, o serviço militar obrigatório é injusto, porque é coercitivo, é um tipo de escravidão. Ele deixa implícito que o Estado tem a posse dos seus cidadãos e que pode fazer com eles o que quiser, incluindo força-los a combater e arriscar a vida na guerra.

Ele limita as escolhas dos indivíduos e, assim, reduz a felicidade geral. Esse é um argumento utilitarista contra o serviço militar obrigatório. Ele sustenta que, em comparação com um sistema que permita a contratação de substitutos, a obrigatoriedade do serviço militar diminui o bem-estar das pessoas, pois as impede de realizar seus objetivos particulares.

A liberdade de participar da transação certamente aumenta a felicidade  de ambas as partes, sem reduzir a dos demais. Assim, por razões utilitaristas, o sistema da Guerra Civil é mais vantajoso do que o serviço militar obrigatório.

Se você partir da noção de que uma troca voluntária torna a vida de ambas as partes melhor  e não prejudica ninguém, terá um bom argumento para permitir que o mercado comande a situação.

Seriam estabelecidos os salários e benefícios suficientes para atrair soldados em número e qualidade necessários e as pessoas poderiam escolher livremente aceitar o trabalho ou não. Ninguém seria forçado a servir contra a vontade e aqueles que o desejassem poderiam avaliar todos os aspectos do serviço militar e compará-los com as outras opções.

Assim, do ponto de vista utilitarista, o exército voluntário parece ser a melhor entre as três opções . Ao permitir que as pessoas se alistem com base na remuneração oferecida, estaremos permitindo que elas sirvam ao Exército somente se isso maximizar sua própria felicidade. Aqueles que não quiserem servir não terão sua felicidade reduzida por serem forçados a prestar o serviço militar contra a vontade.

Podemos concluir, partindo tanto de lógicas libertárias quanto de raciocínios utilitaristas, que o exército voluntário parece ser o melhor, seguido pelo sistema híbrido da Guerra Civil. A obrigatoriedade  do serviço militar seria o processo de recrutamento menos desejável. Entretanto, no mínimo duas objeções poder ser feitas a essa linha de argumentação. Uma refere-se á equidade e á liberdade e outra á virtude cívica e ao bem comum.

A primeira objeção sustenta que o livre mercado, para aqueles que têm poucas alternativas, não é tão livre assim. Não podemos determinar a justiça ou injustiça do exército voluntário sem que tenhamos uma noção mais profunda sobre as condições básicas que prevalecem na sociedade: Existem oportunidades relativamente iguais para todos ou algumas pessoas têm muito poucas opções na vida?

Tomando por base o raciocínio de mercado, o exército voluntário é  atraente porque evita coerção do alistamento obrigatório, fazendo com  que o serviço resulte do consentimento. No entanto, algumas pessoas que acabam por servir ao exército voluntário podem ser tão avessas ao serviço militar quanto  outras que não se alistam. Em lugares em que há  muita pobreza e dificuldades econômicas, a opção por se alistar pode simplesmente refletir a falta de alternativas.

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