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TRABALHO DE ANTROPOLOGIA - O QUE FAZ O BRASIL, BRASIL?

Por:   •  21/5/2020  •  Trabalho acadêmico  •  2.081 Palavras (9 Páginas)  •  129 Visualizações

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O que faz o brasil, Brasil?

2 - A casa, a rua e o trabalho

   Na obra "O que faz o brasil, Brasil ? " Roberto Da Mata diz que a casa e aruá se integram e se completam num ciclo que é cumprido diariamente por homens mulheres, velhos e crianças; independentemente de quanto elas ganhem e de como fazem esse percurso, casa-rua-casa.

  Há uma divisão clara entre dois espaços sócias fundamentais que dividem a vida social brasileira: O mundo da casa e o mundo da rua, onde estão teoricamente, o trabalho, o movimento a surpresa, a tentação, de certa forma o lazer entre outra atribuições ligadas a rua.

  De fato, na casa ou em casa, somos membros de uma família e de um grupo fechado com fronteiras e limites bem definidos; seu núcleo é formado por pessoas da mesma substância; a mesma carne; o mesmo sangue.

  Enquanto a casa é um lugar de conforto e segurança e refúgio, a rua é o lugar onde o movimento acontece. 

3 - A ilusão das relações raciais

   Logo ao adentrarmos no 3º (terceiro) capítulo "O que faz o brasil, Brasil? ", nos deparamos com uma frase emblemática: " O Brasil é um inferno para os negros, um purgatório para os brancos e um paraíso para os mulatos". E quase todos que assim leem, veem uma afirmativa ao pé da letra.

 Na nossa ideologia nacional, temos um mito de três raças formadoras, e não se pode vir a negar esse mito, mas, o que se pode indicar é que é precisamente isso: uma forma sutil de esconder uma sociedade que ainda não se sabe hierarquizada e dividida entre múltiplas possibilidades de classificação. Assim "o racismo à brasileira" , torna injusta algo tolerável, e a diferença, uma questão de tempo e amor. Eis, numa cápsula, o segredo da fábula das três raças.

4 - Sobre comidas e mulheres

A sociedade manifesta-se por meio de muitos espelhos e vários idiomas. Um dos mais  importantes no caso do Brasil é sem dúvida a comida. Comidas e mulheres, assim exprimem teoricamente a sociedade.

O antropólogo francês Claude Lévi-strauss chamou a  tenção  para dois processos, o cru e o cozido, não só estados em que passam os alimentos, mas como modalidades de transformações sociais. O  cru e o cozido, o alimento e  a comida, e doce e o salgado. Ajudam  a classificar coisas, pessoas até mesmo ações morais importantes, no nosso mundo. Num plano mais filosófico  e universal sabemos que o cru se liga a um estado de selvageria (um estado de natureza) e o cozido se relaciona a um universo socialmente elaborado que toda sociedade humana define como  sendo o de sua cultura e ideologia.

É importante falar também de outra distinção que segue a estrada do Cru e do cozido, quero me referir a distinção entre comida e alimento.Saber comer é muito mais refinado do que o simples ato de alimentar-se. Para nós brasileiros nem tudo que é alimento é comida, alimento é tudo  aquilo que pode ser ingerido para manter uma pessoa viva, comida é tudo aquilo que se come com prazer, aquilo que deve ser visto e saboreado com os olhos e depois com a boca o nariz, a boa companhia e finalmente com a barriga.Ex.queijo para nós é alimento mais é comida para rato. Já o feijão e arroz para nós brasileiros é comida por se tratar de uma peculiaridade do nosso país. A comida define as pessoas e as relações que elas mantém entre si.

6 – As festas da ordem

Para Roberto DaMata todas as festas recriam e resgatam o tempo, o espaço e as relações sociais. É nelas que tomamos consciência de coisas gratificantes e dolorosas. Que não podemos comparecer porque não somos da mesma classe social; que não podemos desempenhar papel importante porque não somos daquela corporação; que nosso amigo é excelente orador porque foi a festa que o destacou como tal. Então é na festa que se promove a descoberta do talento, da classe social, do preconceito e da alegria. Não seria possível esgotá-las. Mas pode-se distinguir as festas da ordem daquelas que promovem a desordem ou a orgia, que fica no limite do crime e da revolta.

O autor as diferencia dando o exemplo do Carnaval como uma festa de desordem, onde ali é aberta todas as portas, todas as muralhas e todo mundo pode participar. O propósito básico é o de juntar e igualar. Seu objetivo é abolir todas as diferenças. Já as festas da ordem, por sua vez, celebram as relações sociais tal como elas operam no mundo diário, as diferenças são mantidas. Aqui, ao contrário do carnaval, o que se está celebrando é a própria ordem social, com suas diferenças, seus poderes e hierarquias. Um exemplo são as festas cívicas e religiosas, onde é promovida sua glorificação e manutenção. Desse modo, os rituais religiosos partem das igrejas e locais sagrados, pretendendo ordenar o mundo de acordo com os valores que ali estão articulados como os mais básicos. Representam as pessoas que se envolvem naquele meio: o mundo de Deus. Nesse mundo também pode ser encontrados vários grupos de pessoas, o rico e o pobre, o poderoso e o fraco, o sadio e o aleijado, o branco e o negro. Porém, diferente do carnaval, tem que haver uma ordem, o momento tem que ser marcado pela contrição e pela solenidade. As pessoas seguem uma uniformização de movimentos, gestos. Um ritual.

Outro exemplo citado pelo autor são as grandes comemorações militares, como as paradas, que são formas típicas de comemoração social em que o universo da sociedade é lido ou apresentado a partir do código do Estado em sua vertente mais forte, mais ordenada: a de suas forças armadas, que desfilam em saudação formal às autoridades constituídas, significando a contenção, a dominação, a submissão do povo ao poder e autoridade do Estado.

Tudo isso é salientado com precisão em todos os ritos da ordem – sejam cívicos ou religiosos – onde a ideia de sacrificar-se pela pátria, por Deus ou por um partido político acaba se exprimindo pela noção de dever, de devoção e de ordem.

7 – O modo de navegação social: a malandragem e o “jeitinho”

Entre a desordem, que permite e estimula o excesso; e a ordem, que requer a continência e a disciplina pela obediência estrita às leis, como é que os brasileiros ficam? É diante dessa situação que surge a malandragem, o “jeitinho” e o famoso e antipático “sabe com quem está falando?” como modo de navegação social.

O jeitinho surge diante da escolha do brasileiro de juntar o “não pode”, significando o fiel cumprimento das leis do ordenamento brasileiro, com o “pode”. É essa junção que produz todos os tipos de jeitinhos e arranjos que fazem com que possamos operar um sistema legal que quase sempre nada tem a ver com a realidade social. O “jeito” é um modo e um estilo de realizar em que o brasileiro procura ser favorecido diante de situações em que o Estado impõe regras.

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