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A Economia Internacional .

Por:   •  24/10/2017  •  Trabalho acadêmico  •  1.872 Palavras (8 Páginas)  •  406 Visualizações

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EAE0419 – Economia Internacional - Atividade Extra

Renata Polinesio - nº 8559540

Rodrigo Mahlmeister - nº 8962846

Thais Abdala - nº 8559425

Questão 2

Uma preocupação comum em países desenvolvidos é que o comércio com nações mais pobres traria prejuízos para os trabalhadores locais. Discuta os efeitos do comércio sobre o mercado de trabalho dos países desenvolvidos. Há argumentos para políticas protecionistas nesse caso?

 

Resposta

A abertura comercial deságua em significativos ajustamentos na economia de um país, seja interferindo na alocação intersetorial de fatores, seja alterando seus preços relativos. Com efeito, produzindo esses resultados nítidos à população em geral, as políticas que dizem respeito às relações com mercados estrangeiros assumem particular importância, e não raro ocupam centralidade em debates eleitorais.

O presente trabalho tratará especificamente do impacto do comércio internacional sobre o mercado de trabalho, a saber, essencialmente mudanças no salário e no nível de emprego de cada setor.

O arcabouço teórico que trata do tema repousa sobre diferenças na dotação dos fatores e nas vantagens comparativas entre países. Isso porque o modelo Heckscher-Ohlin, largamente utilizado quando se aborda o comércio internacional, complementa a análise de vantagens comparativas do modelo de Ricardo, abarcando também dotações distintas de trabalho e capital que possam existir entre países.

        Primeiramente, vamos modelar as economias e passar por algumas implicações do modelo Heckscher-Ohlin, para então discutir os efeitos da abertura comercial entre dois países, sendo um desenvolvido e o outro mais pobre, em desenvolvimento. Há algumas hipóteses importantes no modelo: livre concorrência (firmas são tomadoras de preços), mobilidade perfeita de fatores entre setores, mas inexistência de mobilidade de fatores entre países, e finalmente o fato de que os consumidores preferem cestas balanceadas (o consumo de nenhum dos bens é igual a zero). Para a nossa análise, focaremos nos seguintes fatores: trabalho qualificado e trabalho não qualificado. Chamaremos os setores da economia de Setor 1 e Setor 2, sendo o setor 1 intensivo em trabalho qualificado, e o setor 2 intensivo em trabalho não qualificado. Como estamos analisando o efeito do comércio entre um país desenvolvido e outro em desenvolvimento, podemos assumir que o país desenvolvido, que chamaremos por simplificação de país A, é mais abundante em trabalho qualificado, relativamente ao país B, mais pobre. O modelo estabelece que, em termos dos preços dos fatores, o país A será abundante em determinado fator relativamente ao país B se tal fator for relativamente mais barato em A. Ou seja, o salário pago pelo trabalho qualificado é menor no país A, e ele produz o bem intensivo nesse fator mais eficientemente. O contrário vale para o país B, mais abundante em trabalho não qualificado.

Outro ponto importante a se destacar é o Teorema de Stolper-Samuelson, que prevê que um aumento no preço relativo de um bem gera ganhos para o fator no qual o bem é intensivo, e perdas para o outro fator. Se o preço do bem 1, intensivo em trabalho qualificado, aumenta, o setor 1 expandirá e o setor 2 contrairá. A demanda por trabalho qualificado vai aumentar nessa expansão do setor 1, mas o setor 2 libera pouco desse fator. Assim, a escassez de oferta leva a um aumento no preço do trabalho qualificado (w1). Inversamente, o excesso de oferta de trabalho não qualificado fará com que seu preço (w2) caia.

Uma vez que as economias foram definidas, vamos observar o que ocorre com a abertura comercial entre elas. Cada país exportará o bem no qual é abundante, por ter vantagem comparativa na produção deste bem. Assim, o país A exportará o bem 1, intensivo em trabalho qualificado, e importará do país B o bem 2, intensivo em trabalho não qualificado.

Para poder medir o efeito que isso tem no mercado de trabalho do país desenvolvido, que é o nosso objetivo neste ensaio, é necessário definir o seu tamanho em relação ao tamanho do outro país. Isso porque, com a abertura comercial, o preço internacional de equilíbrio será algo entre seus preços em autarquia; assim, para o país A, o preço do bem 1 (que antes era mais baixo do que no país B) vai aumentar, e o preço do bem 2 vai cair. Pelo teorema de Stolper-Samuelson, isso levaria a um aumento no preço do trabalho qualificado (w1), no qual ele é mais bem dotado, e a uma queda no preço do trabalho não qualificado (w2). Se o país A for suficientemente grande, os novos preços vão estar próximos dos preços observados antes do comércio, e os efeitos previstos pelo teorema de Stolper-Samuelson vão ser quase insignificantes, não devendo ser muito preocupantes. O problema pode surgir caso os países tenham tamanhos parecidos, e mais ainda se o país A for pequeno em relação ao país B. Nesse caso, o comércio pode surtir grandes efeitos sobre os salários e a composição do mercado de trabalho, além de contribuir para a desigualdade de renda no país A (maior discrepância entre remuneração do trabalho qualificado e do trabalho não qualificado). Nesse caso, pode ser interessante para o país A compensar a perda decorrente da abertura comercial imputada aos trabalhadores não qualificados, distribuindo de forma equilibrada os ganhos do comércio internacional. Isso poderia ser feito transferindo renda de trabalhadores qualificados aos menos qualificados, seja por meio de tributação progressiva, seja por políticas de renda compensatória.

O teorema de Stolper e Samuelson, explicando os efeitos do comércio internacional na distribuição de renda, sugere que o protecionismo aumenta os retornos relativos do fator de produção escasso, e que o livre-comércio aumenta os retornos do fator abundante. Sob essa ótica, exclusivamente, a adoção de alguma política protecionista poderia ter um efeito positivo visando a mitigar as perdas aos trabalhadores menos qualificados de países desenvolvidos.

O teorema da equalização dos preços dos fatores [Samuelson (1948 e 1949)] estende a análise do Heckscher-Ohlin para mostrar que, a partir de certas hipóteses como livre movimentação de bens entre as economias e fatores de produção que não se movem entre países, o comércio internacional torna homogênea a remuneração dos fatores de produção entre as economias. A implicação disso é a mesma da que já foi mencionada: se os salários reais nos países desenvolvidos e em desenvolvimento tendem a convergir, no equilíbrio, para um ponto intermediário, reduzem-se os salários dos trabalhadores dos países desenvolvidos.

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