A Educação a luz de MArx
Por: Kaique Santana • 11/3/2018 • Dissertação • 1.672 Palavras (7 Páginas) • 252 Visualizações
INTRODUÇÃO
A educação em si não é o foco principal dos escritos de Marx, que por sua vez, tem um cunho econômico-político. Mas aqui visa-se dar uma abordagem a esse tema, uma vez que é possível tratar dos aspectos que o autor coloca em suas obras com uma perspectiva crítica do modelo educacional capitalista. Sendo assim, objetiva-se fazer uma crítica ao modelo de ensino decorrente disto.
OBJETIVOS
OBJETIVO GERAL
O objetivo geral desta dissertação é analisar o processo educacional em Marx, como este impactava os processos de trabalho da época e como seria a educação ideal na visão Marxista.
OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Como objetivos específicos pretende-se:
Explicitar como se dá a combinação do trabalho produtivo com a educação, tanto mental (ou intelectual), corporal e tecnológica;
Analisar a relação de Estado como financiador da educação,mas que não exerça controle sobre esta afim de não influenciá-la;
Comparar a lógica de Marx com a sociedade atual.
DESENVOLVIMENTO
O que de fato percebe-se, todavia, é que a obra marxista traz de maneira ocasional temas afins relacionados à educação, como foi muito bem explicado por Mario Manacorda em sua obra “Marx e a pedagogia moderna”. Entretanto, devemos levar em consideração que ao analisar as relações de produção do capitalismo, o desenvolvimento das forças produtivas, lutas de classes e outros temas debatidos em “O Capital”, notamos então que Marx elaborou alguns conceitos e elementos teóricos a partir dos quais se produziu no século XX, que seria mais tarde conhecida como teoria marxista da educação.
Antes de tudo, é preciso entender o contexto em que Marx vivia, no século XIX, onde não existia uma noção de infância consolidada, o trabalho infantil não era ilegal e questões como lazer, educação, convívio social eram deixados em segundo plano em relação ao trabalho produtivo. Embora o cenário técnico-científico da atualidade tenha se modificado, a qualificação se coloca como questão central, muitas das questões sobre educação abordadas por Marx ao longo de suas obras ainda fazem sentido.
Temos portanto, uma questão complexa e atual sobre a necessidade de uma articulação entre a formação especializadas no ensino e pesquisa das diversas áreas técnicas e a formação política. Essa discussão se dá por complexa, todavia, por ainda adentrarem questões profundas e polêmicas, como a defesa do trabalho de crianças acima de nove anos, além da relação entre as formações acadêmicas (técnica e científicas) com o mercado de trabalho. Cita-se ainda a organização do sistema de ensino baseado nas práticas e conceitos socialistas, principalmente em detrimento do modelo de base tecnológica fordista de ensino. Essas argumentações se tornaram muito presentes em toda co-relação entre a obra marxista e o que se é possível relacionar com educação.
Existe uma certa união entre trabalho e educação no processo produtivo, com a educação pública desempenhando a tarefa de perpetuar o processo de alienação do trabalhador ao entregar a ele somente o necessário para realizar determinada função. Assim, o trabalhador não tem consciência da sua totalidade produtiva e expropriado do conhecimento e da ciência que o capital se apropriou e empregou nos meios de produção como forma de explorar a força de trabalho. Em um dos conceitos introduzidos em O Capital, o capitalista sempre busca formas de aumentar a sua mais valia, seja de forma absoluta ou relativa, com um processo de diminuição do tempo necessário para a subsistência e do desenvolvimento tecnológico do processo de produção. O trabalhador que não possui conhecimento e controle do processo de trabalho é não só mais barato do ponto de vista do capital, ao não ser necessário pagar uma mão de obra especializada, como mais maleável, por não ter consciência do próprio processo de exploração e estar submisso ao modo de produção capitalista.
Para Marx, o principal foco da educação não deveria ser formar o homem para que desempenhem diversas tarefas e servisse ao desenvolvimento da grande indústria, e sim o contrário, com o homem adquirindo conhecimento do processo tecnológico completo, permitindo assim que os trabalhadores voltem a ter controle do processo de trabalho.
Mas é preciso mais que o conhecimento tecnológico, sendo preciso o conhecimento intelectual para que o trabalhador se torne o homem unilateral descrito por Marx. Assim, mesmo o autor aceitando o trabalho infantil devido às especificidades de sua época, ele se preocupa com a jornada de trabalho excessiva em crianças, que “Ela [a jornada de trabalho] produz a exaustão prematura e o aniquilamento da própria força de trabalho. Ela prolonga o tempo de produção do trabalhador num prazo determinado mediante o encurtamento de seu tempo de vida” (Marx, 1988, p. 212). O autor defende que é preciso combinar esse trabalho produtivo com a educação, tanto mental (ou intelectual), corporal e tecnológica.
O primeiro aspecto está relacionado tanto com o estudo dos conteúdos como a cultura geral e a formação no tempo livre das crianças. A educação corporal é necessária para a manutenção do trabalhador em condições desgastantes de trabalho. E a educação tecnológica, conforme descrita acima, é o conhecimento do trabalhador da totalidade do processo de produção.
Marx critica a sociedade burguesa, com respeito ao direito à educação e seu componente de desigualdade, onde indivíduos que não tiveram acesso às mesmas oportunidades são medidos da mesma maneira, e assim sendo dividem o lugar que o indivíduo ocupa no trabalho.
Segundo Lombardi e Araujo (apud Vieira), ao analisarmos as passagens de Marx e Engels sobre pedagogia e educação conseguimos perceber uma clara crítica às concepções e modelos de escolas burguesas. Marx ainda traz uma reflexão sobre a experiência da Comuna de Paris, para delas tirar os fundamentos da chamada pedagogia marxista: neste caso, a educação
“pública
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