A Escola Histórica Alemã
Por: rebecapbp • 23/5/2019 • Resenha • 1.695 Palavras (7 Páginas) • 596 Visualizações
A Escola Histórica Alemã
Cenário histórico da escola:
O tratado de paz que se seguiu as guerras napoleônicas deixou a Alemanha dividida em 39 estados separados, a maioria deles monárquica, quase todos antidemocráticos. As grandes potências europeias vitoriosas manipularam a Alemanha de modo a promover seus objetivos mais profundos. A Áustria queria manter a Alemanha enfraquecida e dividida.
A luta da Alemanha contra Napoleão ressuscitara sentimentos patriotas e nacionalistas. Muitos alemães exigiam unificação e reformas constitucionais, mas a busca pela unidade nacional permaneceu frustrada por meio século. As aspirações relacionadas à democracia não foram cumpridas por mais de um século e foram obtidas somente por um breve período sob as mais adversas condições, sob o estigma da derrota na Primeira Guerra Mundial. Alguns poucos revolucionários rebelaram-se na Alemanha entre 1830 e 1832 e foram reprimidos, e os grandes levantes de 1848 foram contidos pelas tropas da Prússia e da Áustria.
A Prússia, como maior e mais forte estado da Alemanha, dominou o território, era visto por outros países como grande aliado, além disso conservadores locais e estrangeiros viam nela um baluarte contra a democracia e o socialismo. Nacionalistas nativos confiavam na Prússia para forjar uma Alemanha unificada. socialismo. A Prússia dominou o governo alemão e armou sua defesa. Uma serie de guerras bem-sucedidas fortaleceu ainda mais o nacionalismo na hegemonia prussiana. Uma legislação social moderna, representada por Bismarck, expressava o paternalismo da monarquia e despertava a lealdade e o patriotismo entre os trabalhadores alemães. Bismarck orgulhava-se pelo fato de que, na Alemanha, os reis faziam as revoluções.
instituições econômicas importantes da Alemanha do século XIX diferenciavam-se substancialmente das instituições britânicas. As leis mercantilistas persistiram na Alemanha pelo menos até a formação do império, em 1871, muito tempo depois de terem desaparecido do cenário britânico. A concorrência e a liberdade comercial, admitidas pelos clássicos em suas análises econômicas, ficaram rigorosamente limitadas na Alemanha. Devido à grande burocracia que controlava e regulava as principais fases da vida econômica alemã, a ciência da administração pública desenvolveu-se consideravelmente. As teorias britânicas tornaram-se, obviamente, inaplicáveis à situação da Alemanha. A escola histórica defendia e organizava o estilo de vida alemão, questionando a importância histórica das doutrinas clássicas econômicas da Grã-Bretanha. A Alemanha que deu origem à escola histórica ficou dividida, fraca e basicamente agrícola. O nacionalismo, o patriotismo, o militarismo, o paternalismo, a devoção às obrigações e ao trabalho pesado e a intervenção em massa do governo, tudo combinou para alterar o padrão e promover o crescimento industrial. Como a Alemanha da metade do século XIX encontrava-se numa posição muito inferior à da Inglaterra no desenvolvimento da indústria, seus economistas argumentavam que era necessária a ajuda do governo para sua superação.
Principais dogmas da escola
Abordagem desenvolvimentista para a economia: a escola se concentrou no desenvolvimento e no crescimento cumulativos. Essa abordagem relativista foi particularmente útil para se atacar a economia clássica como inadequada para a Alemanha.
Ênfase no papel positivo do governo: A escola era nacionalista, enquanto a economia era individualista e cosmopolita. Na Alemanha era o Estado quem alimentava a indústria, o transporte e o crescimento econômico. A escola histórica ressaltou a necessidade da intervenção do Estado em assuntos econômicos e enfatizou que a comunidade possui interesses próprios, bem distintos dos interesses individuais.
Abordagem indutiva/histórica: para os economistas dessa escola era importante estudar historicamente a economia como parte de um conjunto integrado. A escola reivindicava que seu método histórico permitia-lhe estudar todas as forças de um fenômeno econômico, todas as facetas do comportamento econômico e não meramente sua lógica econômica. Eles negavam que pudesse haver leis econômicas válidas, com uma exceção: acreditavam que padrões de desenvolvimento são perceptíveis na história e podem ser generalizados como "leis de desenvolvimento".
Defesa da reforma conservadora: A economia política-, diziam os economistas históricos, não deve apenas analisar os motivos que incitam a atividade econômica, mas deve pesar e comparar o mérito moral dessas ações e suas consequências. Deve determinar um padrão para a produção adequada e a distribuição de riqueza, a fim de que as exigências de justiça e moral sejam satisfeitas. Os economistas históricos achavam que o estado alemão deveria se encarregar do processo de melhoria das condições do "homem comum". Isso fortaleceria a lealdade para com o Estado, enquanto protegia a saúde, o bem-estar e a eficiência dos operários de fábrica. Eles esperavam que as reformas também afastassem a classe trabalhadora da ideologia socialista.
A quem a escola histórica beneficiou ou procurou beneficiar?
Primeiramente, eles beneficiavam a si próprios. Eles desfrutavam de relações íntimas e amigáveis com oficiais do governo e atingira cargos significativos na vida acadêmica. Em segundo os economistas históricos serviram a grupos comerciais, financeiros e de donos de terras proeminentes promovendo reformas moderadas que frustraram o esforço para uma democratização mais radical da sociedade.
Como a escola histórica foi válida, útil ou correta em sua época?
Proporcionou um antídoto útil contra o pensamento abstrato das escolas clássica e marginalista. A escola foi correta ao prever que os economistas precisavam familiarizar-se com as mudanças históricas e ambientais, com evolução econômica e social, a fim de entender o mundo moderno.
Quais dogmas da escola hist6rica tornaram-se contribuições duradouras?
A tarefa da escola histórica alemã concluiu-se quando economistas de diferentes crenças concordaram que eram necessários estudos empíricos históricos para explicar o presente, testar antigas teorias e desenvolver outras novas. Os dados relacionados a maioria das provas empíricas são históricos e não resultados diretos de experimentos. No entanto, hoje os economistas geralmente pesquisam a maioria dos dados históricos recentes disponíveis para testar suas teorias, em vez de escrutinar dados coletados de um passado distante.
Outra contribuição duradoura da escola foi seu ataque ao laissez-faire. Esse tema foi a tendência do futuro. Os membros da escola histórica reconheceram que a iniciativa comercial livre sem limitações não produz necessariamente os melhores resultados possíveis para toda a sociedade. E eles estavam certos em sua crença de que a reforma pode substituir os piores levantes erguidos pelas marcantes diferenças entre as classes. Os economistas históricos alemães fizeram soar uma nota de nacionalismo que tornou estridentes esses sentimentos internacionalistas de benevolência. Suas ideias, talvez involuntariamente, contribuíram para o clima na Alemanha que levou as duas grandes guerras mundiais. Com relação a esse assunto, algumas das ideias apresentadas pelos economistas históricos foram prejudiciais ao progresso da sociedade.
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