A Forma do Valor - Marx

Estudo dirigido – Marx

Eduardo Pascoal de Freitas

Iago Amaral

A “forma do valor” – O Capital

        Marx começa a investigação pela análise da mercadoria, baseado que ela, isoladamente, considerada, é a forma elementar da riqueza das sociedades onde predomina a produção capitalista. Mercadoria é, antes de tudo, um objeto externo que satisfaz necessidades humanas, independente da natureza. Pode ser analisada por dois aspectos, qualidade e quantidade. A mercadoria por si só, sem trabalho realizado é um bem, e tem o valor de uso por sua utilidade. Esse caráter da mercadoria não depende da quantidade de trabalho empregado para obter suas qualidades. O valor de uso só se realiza com a utilização ou o consumo. Estes constituem o conteúdo material da riqueza e, na forma de sociedade analisada pelo autor, os valores de uso são também os materiais do valor de troca.

Segundo Marx, os materiais possuem características naturais, mas que apenas podemos falar em valor de uso quando tais características representarem uma utilidade para o ser humano. Além disso, ele define que o valor de uso de dois bens não pode ser comparado quantitativamente, sendo restrito a apenas uma análise qualitativa, já que não é possível dizer que um bem é mais ou menos útil e sim que eles têm utilidades diferentes.

As mercadorias tem em sua essência um valor de uso, mas só podem, de fato, ser chamadas mercadorias quando adquirirem uma forma de valor. Essa forma pode ser simples em que um x unidades do produto A equivalem a y unidades do produto B, ou seja, uma comparação quantitativa em que se representa o valor de A em termos de B e de modo reciproco o valor de B em termos de A.

Além disso, há também a forma de valor relativa e equivalente em que uma mercadoria não tem valor por si própria, mas tem valor representado em outra mercadoria. O exemplo citado por Marx é o do linho e do casaco, o linho não apresenta valor de troca para ser comercializado, no entanto ele é utilizado na produção do casaco e portanto o valor de troca do linho é expresso no casaco

Não só a mercadoria pode ser definida de dois modos, mas também o trabalho tem duplo caráter, uma vez que quando se expressa como valor não possui as mesmas semelhanças que tem quando é gerador de valor de uso.

Marx define trabalho útil como aquele cuja utilidade está no valor de uso do seu produto e a partir disso explica o porquê as mercadorias podem se contrapor. Ou seja, porque não são consideradas iguais. Ora, se duas mercadorias são para mesmo uso, mas de composição diferente, é preciso ter algo que as diferencie, e isto na análise de Marx é o trabalho útil. No caso, as mercadorias se diferenciam por serem produtos de trabalhos úteis qualitativamente diferentes. Disso, pode-se extrair a divisão social do trabalho: se há várias mercadorias materialmente distintas, é resultado de diversos trabalhos úteis, que por sua vez são classificáveis por ordem, gênero, espécie, etc. A divisão é condição para que exista a produção de mercadorias, mas a recíproca não é verdadeira.

Ao considerar os valores de dois bens quaisquer, foi feita referência pela diferença dos seus valores de uso, colocando de lado suas formas úteis, isto é, a atividade humana realizada por cada trabalhador que fez um dos bens. Mas acontece que a quantidade de trabalho também influencia na diferença de valor dos dois bens. Um bem que contem uma quantidade maior de tempo requerido para sua produção terá um valor maior.

Para concluir esse raciocínio do duplo caráter, há a dupla relação com as características já citadas. Uma quantidade maior de valor de uso cria maior riqueza material. Não obstante, o acréscimo da massa de riqueza material pode corresponder a queda simultânea no seu valor. Daí se origina o duplo caráter do trabalho.