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A Teoria Geral de Keynes aos 80 anos

Por:   •  14/3/2021  •  Artigo  •  1.097 Palavras (5 Páginas)  •  182 Visualizações

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A Teoria Geral de Keynes aos 80 Anos

Londres – Em 1935, John Maynard Keynes escreveu a George Bernard Shaw: “Eu acredito que estou escrevendo um livro sobre teoria econômica que irá revolucionar largamente – não de uma vez, eu suponho, mas no curso dos próximos dez anos – a maneira como o mundo pensa sobre seus problemas econômicos.” E, de fato, a obra magna de Keynes, A Teoria Geral do Emprego, do Juro e da Moeda, publicada em fevereiro de 1936, transformou a economia e a elaboração de políticas econômicas. Oitenta anos depois, a teoria de Keynes ainda se sustenta?

Dois elementos do legado de Keynes parecem estar seguros. Primeiro, Keynes inventou a macroeconomia – a teoria do produto como um todo. Ele denominou sua teoria de “geral” para distingui-la da teoria pré-keynesiana, que assumia um nível único de produto – pleno emprego. Ao mostrar como as economias poderiam permanecer presas em um equilíbrio de “subemprego”, Keynes desafiou a ideia central da ortodoxia econômica de seu tempo: que os mercados para todas as mercadorias, incluindo o trabalho, são desobstruídos simultaneamente pelos preços. E seu desafio implicou uma nova dimensão para a elaboração de políticas: Governos podem precisar da ocorrência de déficits para manter o pleno emprego.

As equações de agregados que sustentam a “teoria geral” de Keynes ainda povoam os manuais de economia e definem a política macroeconômica. Mesmo aqueles que insistem que as economias de mercado gravitam em torno do pleno emprego são forçados a apresentar o seu caso dentro da estrutura que Keynes criou. Banqueiros centrais ajustam as taxas de juros para assegurar o equilíbrio entre a demanda e a oferta total, porque, graças a Keynes, é sabido que o equilíbrio pode não ocorrer automaticamente.

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Professor Emérito de Economia Política na Universidade de Warwick e membro da Academia Britânica em história e economia; é membro da Casa dos Lordes. O autor de três volumes da bibliografia de John Maynard Keynes começou a sua carreira política no Partido Trabalhista, tornou-se porta-voz do Partido Conservador em assuntos do Tesouro na Casa dos Lordes, e foi forçado para fora do Partido Conservador por sua oposição à intervenção da OTAN em Kosovo, em 1999.

2 https://www.project-syndicate.org/commentary/keynesian-policy-at-80-economic-recovery-by-robert-skidelsky-2016-02

1 O segundo maior legado de Keynes é a noção de que governos podem e devem prevenir depressões. A grande e difundida aceitação dessa visão pode ser observada na diferença entre a forte resposta política ao colapso de 2008-2009 e a reação passiva à Grande Depressão de 19291932. Como o ganhador do Nobel Robert Lucas, um oponente de Keynes, admitiu em 2008: “Eu acho que todo mundo é um keynesiano em uma trincheira.”3

Tendo dito isto, a teoria de Keynes do equilíbrio de “subemprego” não é mais aceita pela maioria dos economistas e elaboradores de política. A crise financeira global de 2008 confirma este ponto. O colapso descreditou a versão mais extrema da economia que otimamente se autorregula; mas isso não restaurou o prestígio da abordagem keynesiana.

Para ter certeza, medidas keynesianas interromperam a trajetória de queda da economia global. Mas elas também sobrecarregaram os governos com grandes déficits, que logo passaram a ser vistos como um obstáculo à recuperação – o oposto ao que Keynes ensinou. Com o desemprego ainda elevado, governos retornaram à ortodoxia pré-keynesiana, cortando gastos para reduzir seus déficits – e enfraquecendo o processo de recuperação econômica.

Existem três razões principais para essa regressão. Primeiro, a crença no poder de desobstrução dos preços do mercado de trabalho, em uma economia capitalista, nunca foi totalmente superada. Assim, muitos economistas acabam vendo desemprego persistente como uma circunstância extraordinária que surge apenas quando as coisas dão terrivelmente erradas, não sendo certamente o estado normal das economias de mercado. A rejeição da noção de incerteza radical de Keynes está no coração dessa reversão ao pensamento pré-keynesiano.

Segundo, as políticas de “administração da demanda” do pós-guerra keynesiano, creditadas por terem produzido o grande boom pós-1945, incorreram em problemas inflacionários ao fim da década de 1960. Alertas à piora do dilema entre inflação e desemprego, os elaboradores de política keynesianos tentaram sustentar o boom através de políticas de renda – controlando o custo dos salários por meio de acordos nacionais com os sindicatos.

A política de renda foi tentada em muitos países de 1960 até o fim da década de 1970. No melhor dos casos, houve sucessos temporários, mas as políticas sempre foram desmanteladas. Milton Friedman forneceu uma razão que estava de acordo com o crescente desencanto com os controles

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