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A crise financeira global

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Por:   •  10/6/2013  •  Tese  •  4.979 Palavras (20 Páginas)  •  626 Visualizações

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Introdução

O mundo encontra-se perplexo com o agravamento da crise financeira e econômica global, que vem provocando desconfiança e turbulências nos mercados mundiais. As crescentes intervenções na economia pelos governos dos países mais desenvolvidos, liderados pelos Estados Unidos (EUA), União Européia e Japão, numa ação concertada, aportando enormes volumes de recursos em bancos privados e no segmento industrial, revelam a dimensão da crise que está afetando a economia mundial.

A crise financeira global

começou nos Estados Unidos como uma crise no pagamento de hipotecas se alastrou pela economia e contaminou o sistema mundial. Diversos bancos americanos apresentaram perdas bilionárias, outros chegaram a quebrar. Na Europa também há vítimas.

no mercado financeiro americano, foi caracterizada por duas grandes tendências. Por um lado, a inflação doméstica era muito baixa, resultado das duras políticas monetárias adotadas na década dos 1980, que causaram uma séria recessão na economia americana no começo da década, mas que efetivamente quebrou o ritmo de crescimento de preços que se mantém moderado até o presente. Por causa da inflação baixa, o banco central americano, o Federal Reserve (FED), manteve taxas de juros básicas

também baixas durante todos os anos 1990s, de modo que os ganhos dos bancos e financeiras daquele país nas aplicações tradicionais, proporcionais à taxa de juros fixada pelo FED, se mantiveram também geralmente baixos. A outra tendência dominante foi a da intensa competição entre bancos e outras instituições financeiras em um quadro de desregulamentação financeira. A liberalização financeira iniciada nos anos 1980 no

contexto da revolução conservadora liderada por Ronald Reagan e Margareth Thatcher aumentou a liberdade das instituições financeiras de escolher onde e como operar, aí incluídos mercados que eram tradicionalmente reservados aos grandes bancos comerciais.Deste modo, a década dos 1990, para o sistema financeiro foi marcada, por um lado, pela existência de fortes pressões competitivas com financeiras invadindo o espaço de bancos e vice-versa, e, por outro, pelos ganhos relativamente baixos dos mercados tradicionais de empréstimos a firmas, consumidores e governos. Ademais, com a chamada globalização financeira, o processo de alargamento da área de atuação das instituições financeiras para além das fronteiras nacionais aumentou a competição nos mercados domésticos, especialmente o maior deles, o norte-americano. Neste contexto, bancos e financeiras, passaram a buscar novos mercados que prometessem maiores lucros. Estes mercados mais promissores, contudo, são também geralmente mercados de maior risco, onde se ganha mais quando se acerta, mas a chance de perda é também maior. Assim, novos instrumentos foram criados para evitar esses riscos (ou para dar a impressão de que evitavam os riscos mais importantes) e viabilizar a exploração desses segmentos. Um dos mercados a serem explorados foi o dos países emergentes. Emprestar dinheiro a países emergentes foi muito apreciado nos anos 1990, mas a sucessão de crises de balanço de pagamentos iniciada com o México em 1994, e que prosseguiu pela Ásia, pela Rússia, pelo Brasil, etc, mostrou que esses mercados poderiam se deteriorar rapidamente. Alem disso, mercados emergentes não são suficientes grandes para sustentar a lucratividade de um enorme sistema financeiro como o norte-americano. Países emergentes não seriam desprezados, é claro, mas era necessário encontrar outros mercados.

Constata-se que atualmente diversos bancos centrais no mundo, com destaque para o Federal Reserve dos EUA e o Banco Central Europeu, estão colocando em prática medidas econômicas de intervenção na economia - que contrariam frontalmente a visão neoliberal - para evitar o colapso do sistema financeiro internacional. A estatização das duas maiores casas hipotecárias – Fannie Mae e Fred Mac - e a injeção de US$ 200 bilhões nas mesmas, e os elevados aportes de recursos para o setor automobilístico, entre outras, confirmam essa tendência. Na Europa diversos bancos foram estatizados, como os britânicos Northern Rock e o Bradford & Bingley, e o Fortis, nos países baixos, além dos empréstimos elevados para salvar bancos em dificuldades, como o alemão Hypo Real Estate.

Os indicadores econômicos e sociais divulgados no final de 2008 e no primeiro semestre de 2009, por diferentes instituições (OCDE, FMI, Banco Mundial, IBGE) revelam que quase todos os países estão sentindo os efeitos da atual crise financeira e econômica mundial, especialmente na deterioração do mercado de trabalho, apesar dos esforços feitos pelos governos para amenizar a desaceleração das suas economias. As projeções mais recentes feitas pelo Fundo Monetário Internacional (FMI, abril 2009), por exemplo, sinaliza que o crescimento mundial será negativo em 2009.

Um mercado muito mais promissor era o mercado de financiamento imobiliário dos próprios Estados Unidos. O estoque de hipotecas nos Estados Unidos ronda a casa dos 10 trilhões de dólares, metade dos quais conta com o suporte das empresas para-estatais conhecidas como Fannie Mae e Freddy Mac. Este mercado, porém, é um mercado essencialmente maduro, de crescimento relativamente lento, especialmente depois que a população americana começou a envelhecer. Para instituições financeiras em busca de novas fronteiras era preciso descobrir modos de ampliá-lo mais intensamente que o simples crescimento vegetativo da população. O modo encontrado foi a abertura do mercado dos tomadores chamados de subprime. Contratos de financiamento de compra de residências, chamados de hipotecas residenciais, são contratos de longa duração, em que o próprio imóvel é dado em garantia do empréstimo. O comprador não se torna proprietário do imóvel até que o pagamento seja completado. Se o comprador der um calote, o financiador simplesmente retoma o imóvel, podendo então revendê-lo para recuperar seu prejuízo. O banco financiador da hipoteca normalmente não deseja retomar o imóvel. Quando isso acontece, não apenas o banco perde a receita de juros sobre o empréstimo, como ainda tem que cobrir as despesas de conservação do imóvel, de revenda para terceiros etc. No entanto, quando o comprador para de pagar o empréstimo, a retomada do imóvel é uma forma de reduzir os prejuízos. Para reduzir as chances de ter de retomar o imóvel, o banco que empresta a hipoteca, tradicionalmente, fazia uma análise detalhada da ficha de crédito do candidato a financiamento, examinando sua renda, seu crédito na praça, suas perspectivas profissionais, etc, de modo a reduzir a chance de fazer um empréstimo a alguém que não pudesse

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