ANÁLISE DO DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO DA COLÔMBIA NO MODELO HACIA FUERA
Por: rmarquesdm • 10/5/2017 • Trabalho acadêmico • 3.984 Palavras (16 Páginas) • 313 Visualizações
UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO - UFRRJ
INSTITUTO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS ECONÔMICAS
RODRIGO MARQUES DE MIRANDA
VICTORIA MOTTA CARDOSO
ANÁLISE DO DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO DA COLÔMBIA NO MODELO HACIA FUERA
Seropédica
2016
Rodrigo Marques de Miranda - 2015105377
Victoria Motta Cardoso - 2015105415
ANÁLISE DO DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO DA COLÔMBIA NO MODELO HACIA FUERA
Artigo apresentado como requisito parcial para a conclusão do curso de História e Desenvolvimento da Economia Latino-Americana, pelo Departamento de Ciências Econômicas da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro - UFRRJ
Orientador: Prof. Dr. Alexandre Jerônimo de Freitas
Seropédica
2016
lista de ilustrações
Figura 1 – Mapa da Grã-Colômbia. 5
Figura 2 – Crescimento das exportações na Colômbia. 9
Figura 3 – Composição das exportações colombianas. 10
Sumário
LISTA DE ILUSTRAÇÕES 1
SUMÁRIO 2
RESUMO 3
1. FORMAÇÃO DOS ESTADOS NACIONAIS 4
2. O MODELO LIBERAL (1850-1899) 5
2.1 Comércio Exterior 7
2.2 Papel do Estado 10
3. GUERRA DOS MIL DIAS (1899-1902) 11
4. REECONSTRUÇÃO NACIONAL E EXPANSÃO CAFEEIRA 12
5. O CENÁRIO DA AGROPECUÁRIA 13
6. A INDUSTRIALIZAÇÃO ATÉ 1920 14
7. A PROSPERIDADE DOS ANOS 1920 14
REFERÊNCIAS 16
RESUMO
O trabalho tem como fim analisar o desenvolvimento primário-exportador na Colômbia, o modelo Hacia Fuera. Antes desse período, a Colômbia apresenta um atraso no boom exportador e na industrialização, caracterizado pelas dificuldades na construção do Estado-nação e a fragmentação da economia em uma série de regiões autossuficientes. No último terço do século XIX a Colômbia inicia um período de crescimento econômico, baseado em uma inserção na economia internacional. O processo resultou do conflito de dois conjuntos de fatores, alguns externos e outros internos. A combinação desses aspectos resultou em um processo de forte expansão das exportações colombianas. Esse período caracterizou-se por um processo de mudança tanto territorial como social.
Palavras-chave: América Latina. Colômbia. Hacia Fuera.
1. FORMAÇÃO DOS ESTADOS NACIONAIS
Desde a segunda metade do século XVII, as colônias espanholas na América apresentavam um cenário instável. As guerras de independência ocorreram no contexto das revoluções europeias, sobretudo durante a fase napoleônica.
No mesmo ano em que Napoleão tomou o trono espanhol (1808), os espanhóis organizaram um governo de resistência, porém, não havia mínima condição de governar a metrópole, quanto mais as colônias.
Nesse momento, as colônias espanholas viviam uma fase de virtual liberdade econômica, já que a Inglaterra passou a ser parceira comercial da América Espanhola. Em 1810, as províncias da atual Colômbia começaram a formar suas Juntas de Governo. Notícias sobre essas juntas incentivam formação de outras, porém as diferenças econômicas e culturais e o empecilho que existia em relação à comunicação entre as regiões da Colômbia pressionou desentendimento entre os criollos, pois cada Junta defendia uma forma de governo diferente.
Dessa forma, Bolívar conseguiu unir colombianos e venezuelanos, tanto criollos quanto trabalhadores, na formação de um poderoso exército contra os espanhóis. Por isso, em 1819, proclamou-se a formação da Grã-Colômbia, união das antigas colônias hispano-americanas. A partir daí Bolívar e suas tropas venceram inúmeras batalhas contra os espanhóis, derrotando-os definitivamente em 24 de junho de 1821. Somente em 1826, depois de vencer os espanhóis em seu último reduto, o Peru, Bolívar encontrou a Grã-Colômbia em decomposição. Segundo o historiador David Bushnell, "embora bastante consciente das dificuldades que impediam maior integração, Bolívar esperava ver pelo menos alguns arranjos permanentes de consulta e cooperação entre as unidades territoriais independentes". E segundo Malcolm Deas, "a Grã-Colômbia havia sustentado a guerra de libertação, tinha, de um modo ou de outro, fornecido homens e recursos para os Exércitos de Bolívar no Sul. A tentativa de unidade fora feita (...). No entanto, em 1830, os generais Paez, Santander e Flores emergiram como os respectivos governantes da Venezuela, de Nova Granada e do Equador” (VAINFAS; FARIA; FERREIRA; SANTOS, 2013, p.102). Dessa forma, surgiu a República de Nova Granada em 1831, que sucumbiu as forças desagregadoras após a conquista da independência, aliada a inexistência de circuitos comerciais regionais importantes. Apenas em 1886 recebeu o nome de Colômbia.
Figura 1 – Mapa da Grã-Colômbia.
[pic 1]
Fonte: Encyclopaedia Britannica[1].
2. O MODELO LIBERAL (1850-1899)
O Liberalismo colombiano remonta a Francisco de Paula Santanter: “El Hombre de las leyes”. Onde a divisão política era muito influenciada pela estrutura regional, a unidade nacional foi construída em função das unidades políticas regionais. Os governos, em sua maioria, tiveram origem em eleições. Durante esse período, o crescimento da população foi impulsionado por altas taxas de natalidade, em decorrência da ausência de políticas de controle de natalidade, também em virtude de uma predominância do matrimônio católico. A população Colombiana na segunda metade do século XIX era majoritariamente rural, o que corresponde a uma estrutura em que a principal atividade econômica era a agricultura. A densidade populacional era baixa na costa e na zona tropical (propícios a produção para exterior). No entanto, apresentava densidade populacional elevada no Altiplano, zona temperada, relativamente longe da costa. Havia uma alta taxa de mulheres dedicadas a trabalhos artesanais, utilizavam o tempo livre para o trabalho têxtil (fiação e tecelagem de algodão, lã e sisal), na produção de cestos e chapéus. As escolas trabalhavam quase exclusivamente em áreas urbanas e sua influência não podia atingir a grande maioria da população. No sistema de transportes, existia um isolamento geográfico. Os altos custos de transporte reduziam a movimentação de produtos de elevado valor a longas distâncias, como ouro e têxteis, e contribuiu fragmentando os mercados para os produtos agrícolas, que raramente são negociados fora das áreas vizinhas à produção. Ao mesmo tempo, a fraqueza do comércio inter-regional tendia a reforçar as limitações da logística do país, pois era difícil promover o desenvolvimento de estradas e ferrovias considerando a geografia montanhosa, que encarece a construção e favorece a existência de mercados locais autossuficientes. Com isso, criou-se a necessidade de construir ferrovias, a abertura destas rotas foi feita em grande parte com o capital nacional, mas também teve uma presença significativa de companhias inglesas e americanas, que se comprometeram a abrir algumas linhas. Portanto, até o final do século, as ferrovias constituíam, com a mineração de ouro e prata, o núcleo de investimento no país. O impacto econômico dessas obras foi relativamente lento. Deve se levar em conta que em 1880 havia apenas cerca de 100 km de operação para 550 km em 1898. Até metade do século XIX, quase 80% das terras eram públicas e de pouco uso produtivo. Que foram alimentadas pela ocupação por colonos dessas terras, que causaram diversos conflitos. Em certas regiões do país, o crescente vínculo com a economia mundial a partir de 1850 e a expansão do mercado interno de alguns bens agropecuários reforçaram as razões para a ocupação de novas terras. As áreas de produção de tabaco eram áreas de produtores pobres, que raramente recebiam títulos de terra. O boom do tabaco em 1850-1875 resultou na atribuição de terras por grandes investidores. A atividade econômica dos colonos era focada na agricultura de subsistência: milho, mandioca, batata e banana foram os principais produtos, acompanhados de galinhas e porcos. Em áreas de colonização recente, é notável a consolidação de economias centralizadas, com uma alta incidência de crédito e uma infinidade de formas de negócios e contratos entre comerciantes, agricultores, financiadores e outros grupos. E quanto ao café, apesar da primeira expansão significativa das lavouras de café possa ser atribuída aos proprietários com muitos recursos, muitos pequenos proprietários que tinham adotado em várias regiões do país alguns produtos comerciais de pequena escala, como rapé, cana, algodão e cacau, contribuíram ativamente para a consolidação do produto. Que se tornaria no final do século o principal produto no mercado de divisas. O que caracterizou o período foi a expansão de fazendas e propriedades e sua aparição em áreas até então não preenchidas ou povoada por colonos. As novas fazendas foram criadas por empreendedores urbanos, muitos deles com experiência comercial anterior. Nas regiões temperadas, a produção foi direcionada para a cana, café e pecuária e nas terras quentes, principalmente para gado. Para levar a cabo as suas atividades, tiveram de apelar para uma série de modos de organização do trabalho. Essas fazendas combinavam-se com diferentes formas de trabalho assalariado (geralmente na época da colheita) e com várias formas de trabalho residente. O papel estratégico do setor externo da economia colombiana durante o século XIX é caracterizado por uma série de situações que prestam demasiada rigidez, especialmente no setor rural. Algumas dessas limitações tem origem institucional, como a restrição da mobilidade da terra (manos muertas) ou de trabalho (escravidão), foram superadas pelas reformas liberais do meio do século. Com a necessidade de altos custos para o transporte e a fragmentação regional dos mercados e com a existência de um grande número de agricultores autossuficientes, qualquer aumento na produção de bens para consumo interno foi confrontado com a impossibilidade de vender os respectivos excedentes e as dificuldades e os custos para trazê-los para os mercados mais distantes. O comércio exterior representou o único mecanismo que poderia produzir incentivos significativos para aumentar a produção agrícola. A estrutura econômica se limitava em grande parte pelas as oportunidades geradas nos mercados internacionais.
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