Adam Smith: análise e opinião
Por: Emily Fuchs • 25/4/2022 • Trabalho acadêmico • 1.742 Palavras (7 Páginas) • 93 Visualizações
Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia – UESB[pic 1]
Departamento de Ciências Sociais Aplicadas – DCSA
Disciplina: Introdução à Economia
Prof.: Pedro Henrique Cavalcante Moraes
Data: 17 de agosto de 2021
Alunos: Amanda Ferreira, Arthur Lacerda, Emily Fuchs, Jonathan Ribeiro, Rafael Plácido, Vinicius Sampaio, Virna Barros.
O LIBERALISMO CLÁSSICO: REFLEXÕES SOBRE ALGUNS PONTOS POSITIVOS E NEGATIVOS DA TEORIA DE ADAM SMITH
Adam Smith é considerado o fundador e o pensador mais relevante da escola clássica da economia, também conhecido como liberalismo econômico. Ele foi, antes de mais nada, um otimista. Smith acreditava que a sociedade avançaria por um bom caminho, devido à habilidade das pessoas de se colocarem no lugar das outras pessoas (empatia), bem como de utilizarem a razão, a capacidade de julgamento e a capacidade de serem solidárias. Será que ele acertou no otimismo?
Smith não foi apenas um economista político dos mais relevantes, ele se aventurou também no universo da filosofia moral (doutrinas éticas sobre as forças morais que restringem o egoísmo humano). Nessa área do conhecimento, uma das suas contribuições mais relevantes se deu com a publicação de A teoria dos sentimentos morais, o primeiro livro escrito por ele. Adam Smith se destacou mesmo ao apresentar ao mundo a sua visão do laissez-faire (livre concorrência), da divisão do trabalho, da harmonia dos interesses, das leis econômicas que regem uma economia competitiva, do crescimento econômico, além de outros conceitos que foram propostos no seu livro mais famoso, A riqueza das nações (An inquiry into the nature and causes of the wealth of nations). Nessa obra, o pai do liberalismo defende, entre outras coisas, a possibilidade da construção de uma sociedade justa, guiada pela livre concorrência e limitada pelas forças econômicas da oferta e da demanda. É importante mencionar que os dois principais livros escritos por Adam Smith apresentam ideias diferentes, mas complementares, mesmo estando em áreas diversas do conhecimento.
Adam Smith (1723-1790) não é lembrado e respeitado à toa, pois, mesmo mais de duzentos anos após a sua morte, o pensamento inaugurado por ele, apesar de remoçado e remodelado pela teoria econômica neoclássica, permanece vigoroso.
A respeito dos pontos positivos da teoria apresentada pela escola clássica, a divisão e especialização do trabalho, é certamente uma das mais relevantes contribuições dessa escola. Segundo esse princípio, a especialização nas atividades produtivas – associada aos avanços da tecnologia –, implica a diminuição dos custos de produção dos bens e a escalada da produtividade. Algumas consequências diretas são o crescimento da diversidade dos produtos, a diminuição do desemprego, visto que são criados novos postos de trabalho, e a ampliação da concorrência no mercado. Outra repercussão positiva na economia se dá em função da expansão gradativa do consumo e da renda agregada, melhorando a qualidade de vida dos cidadãos e a acumulação de capital.
Outro ponto positivo diz respeito à livre concorrência e à diminuição da intervenção do estado não apenas no mercado (laissez-faire), mas, também, na individualidade das pessoas. No pensamento econômico liberal, somente o mercado autorregulado, sem tanta interferência do estado (responsável pelas falhas de mercado), é capaz de equilibrar a oferta e a demanda, de modo que nem os ofertantes e nem os demandantes (atomizados no mercado) consiga interferir a ponto de impor vantagem sobre os demais concorrentes. Segundo essa visão, o governo deve intervir apenas para garantir as regulamentações legais necessárias (segurança jurídica), segurança pública, defesa nacional e infraestrutura (estradas, portos, aeroportos, mão-de-obra técno-especializada, tecnologia, entre outros), para o bom funcionamento do mercado, e deixar que a mão invisível acomode as relações econômicas, promovendo desenvolvimento econômico e social.
Mais um ponto considerado positivo, segundo Adam Smith, está relacionado à propriedade privada. Sem a garantia da propriedade privada, não há como se falar na existência de mercados e muito menos na possibilidade de formação dos preços. Nesse sentido, um dos ícones da escola liberal austríaca, Ludwig von Mises, citado no livro História do debate do cálculo econômico socialista, reforçando o pensamento liberal clássico, defende que sem um sistema de preços não é praticável a comparação entre os diversos usos possíveis dos recursos (Barbieri, 2013), porque, para tanto, é necessário o reconhecimento direto da propriedade privada.
Mas como há, de modo geral, pelo menos duas visões possíveis sobre todas as coisas criadas pela sociedade, serão apresentadas, também, algumas repercussões negativas das teorias e dos conceitos e princípios liberais.
As tendências ao estabelecimento de monopólios e oligopólios, por conta da diferença da concentração de capital e da falta de regulações internas eficientes de mercado, são exemplos de distorções que apontam falha na previsão de Smith, visto que o mercado não é capaz de garantir, efetivamente, a livre e perfeita concorrência (atomizada). Essa constatação conduz à recusa da ideia de que a mão invisível do mercado é realmente capaz de equilibrar as relações econômicas e conduzir ao bem-estar geral da sociedade, conforme o que foi teorizado. O que se tem visto, na prática, é que os grandes players do mercado têm concentrado cada vez mais forças econômicas e decisórias, interferindo na regulação do mercado, e até do governo, e influenciando os preços dos produtos e dos serviços, o que prejudica os consumidores finais, principalmente os consumidores de baixa renda.
Um outro aspecto negativo está relacionado à exploração da mão-de-obra, à queda no poder aquisitivo do trabalhador e ao crescimento do exército industrial de reserva, que servem para intensificar os lucros dos capitalistas. Sob essa perspectiva, o pleno emprego não é uma preocupação. Assim, a massa de desempregados, a pobreza e a miséria aumentam ou diminuem, na medida em que ocorrem ou não as crises estruturais do capitalismo (instabilidade, recessão e depressão econômica) ou na proporção em que as reformas do estado (sequestrado pelas elites políticas, financeiras, agroindustriais, entre outras) promovem o aumento das desigualdades, sob o pretexto de reforçar a liberalização do mercado e a diminuição da intervenção estatal na economia.
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