Adam Smith e Fisiocratas
Por: claracarvalho • 22/10/2020 • Resenha • 1.413 Palavras (6 Páginas) • 360 Visualizações
Nome: Clara Victoria Araujo Carvalho Lima – 2019.1.24.054
UNIDADE 3:
Antes de explicar o surgimento da ciência econômica como ciência autônoma, é necessário introduzir a ciência política em seu histórico. Havia uma noção que atribuía um poder divino ao monarca e que esse poder o conferia a ditar a organização social, esta ideia foi questionada por Hobbes, Locke e Rousseu, que argumentaram a legitimidade atribuída pelo divino, e apontaram a falta de explicações sociais para a fonte do poder. Com isso, foi formulado um contrato social implícito que impede as ocorrências causadas pelo estado natural (barbárie), e é aí que surge a origem social do poder político, o Estado.
O Estado evita conflitos constantes e cria uma situação de interdependência entre os homens com interesses próprios. Ele dá as condições para as trocas.
O surgimento da ciência econômica como ciência autônoma está atrelado a separação da ciência política, que diferentemente desta, não tem como objeto a gestão e bases de sustentação do poder de um líder. Ela vem a partir de que há uma forma de apaziguar os conflitos sociais através do interesse individual, na ideia de que na troca os homens conseguem se entender de maneira não conflituosa.
Com isso, na ciência econômica é apontado questões centrais únicas e novos objetos de estudos, como “o valor de troca e a determinação de preços”, o “valor e excedente” (como as sociedades enriquecem do ponto de vista material) e a “moeda e sua função” (como administrar os volumes e quantidades da melhor maneira possível).
O valor de troca e a determinação de preços estudado na economia traz a noção de que o processo de negociação torna desnecessária a violência, no momento em que um o açougueiro precisa de pão e o padeiro precisa de carne, há a necessidade de troca, onde os dois conseguem conciliar suas necessidades sem ser necessário um conflito “Se o homem não fosse trocador, precisaria produzir tudo o que precisa para sobreviver”.
O valor é a central das considerações das trocas, e o valor trabalho é o gerador de excedente. Excedente é o determinante da capacidade das sociedades crescerem economicamente e materialmente, é aquilo que “sobra/excede da produção” é a capacidade de gerar mais riqueza do que no ano anterior. A moeda pode ser interpretada tanto como valor de troca, valor de uso e até como um mecanismo.
É possível analisar como tudo está minunciosamente conectado, porque se não houver troca, não haverá impulsos de especializações e melhorias, e se isto não ocorrer, não haverá ganhos, e sem ganhos não há excedentes.
As ideias centrais citadas tendem a passar por alterações em seus modos, entendimentos e considerações ao longo da história do pensamento econômico. A HPE serve, então, para analisar ao longo do tempo, a evolução dessas ideias centrais para a ciência econômica, basicamente, o desenvolvimento do projeto da economia vem do conceito de Soft Science, que diz que a evolução da ciência se dá por acúmulo de conhecimento, com controvérsias sem soluções objetivas, ou seja, todos os autores e suas visões sobre economia, servem para agregar na definição dos conceitos da ciência em si.
O valor passou por diversas definições ao longo de sua história, os mercantilistas traziam uma noção de valor baseada na troca, em um desenvolvimento do comércio por terra, onde o conceito de valor natural é o mais aproveitado e o valor de mercado é regulado pelas relações de oferta e demanda. Já os fisiocratas traziam a questão do valor do solo, entendiam riqueza, produtividade e terra como uma mera habilidade de geração de excedentes da produção agrícola e Adam Smith, baseando-se nessas definições trouxe o valor do trabalho como medida universal, ele afirma que é a principal fonte de avaliação dos preços da mercadoria.
Uma das coisas mais aproveitadas dos Fisiocratas em Adam Smith e na ciência econômica foi a organização das sociedades em classes, onde os Fisiocratas separavam por estéreis (atividades manufatureiras), classe produtora (aqueles que operam no solo) e os proprietários de terra. Adam Smith retificou este sistema, os separando como o trabalhador, o proprietário de terra e o capitalista. É possível imaginar aqui que o sistema econômico é todo interligado através da circulação, uma analogia à circulação sanguínea ao corpo humano expandida para toda a sociedade. Ainda sobre os Fisiocratas em Adam Smith, é possível analisar as semelhanças no conceito de excedente, Smith traz que a produção gera excedente econômico, o que possibilita que a sociedade cresça economicamente.
A Riqueza das Nações de Adam Smith em 1776 (livro constituído de ideias contrárias à intervenção na economia e que veio, posteriormente, a servir como base para o liberalismo do século seguinte) marca o início de uma nova ciência intitulada e conhecida hoje como a economia política clássica. O sistema que se sucedeu à Riqueza das Nações era composto pela crença no liberalismo econômico e um comércio livre que estabelecia um mercado auto regulador.
Adam Smith foi revolucionário no ponto de vista que acreditava e se baseava não nos sentimentos e emoções individuais, mas sim no que era concreto e que se podia provar, em outras palavras, acreditava que a utilidade requer cálculos e embasamento científico para se sustentar.
Com o avanço do liberalismo, a riqueza privada torna-se prioridade, tendo Smith facilitado esse entendimento. A prosperidade do poder do capitalista soberano torna-se mais importante do que a da sociedade comercial, além de, também, possuir a capacidade de ditá-la.
Para Smith, todo governo deve ter como finalidade a preocupação em se manter e exercer a justiça, garantia de segurança de bens e propriedades e o mais importante, provisões com preços acessíveis para toda a sociedade. A economia abandonava a ideia comum de ciência da riqueza material e ia se tornando e estruturando num sistema baseado na divisão do trabalho.
...