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CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO ECONÓMICO

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Por:   •  31/8/2014  •  Tese  •  4.953 Palavras (20 Páginas)  •  368 Visualizações

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CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO

Luiz Carlos Bresser-Pereira

Notas para uso em curso de desenvolvimento

econômico na Escola de Economia de São Paulo da

Fundação Getúlio Vargas. Versão de junho de 2008.

O desenvolvimento econômico de um país ou estados-nação é o processo de acumulação de

capital e incorporação de progresso técnico ao trabalho e ao capital que leva ao aumento da

produtividade, dos salários, e do padrão médio de vida da população. A medida mais geral de

desenvolvimento econômico é a do aumento da renda por habitante porque esta mede

aproximadamente o aumento geral da produtividade; já os níveis comparativos de

desenvolvimento econômico são geralmente medidos pela renda em termos de PPP

(purchasing power parity) por habitante porque a renda ou produto do país corrigido dessa

maneira avalia melhor a capacidade média de consumo da população do que a renda nominal.

Há casos, entretanto, especialmente nos países produtores de petróleo, que renda per capita

não reflete em absoluto o nível de produtividade e de desenvolvimento econômico de um país.

Uma alternativa é o índice de desenvolvimento humano, que foi um importante avanço na

avaliação do desenvolvimento econômico mas não substitui as duas rendas por habitante

anteriores, antes as complementa. O desenvolvimento econômico supõe uma sociedade

capitalista organizada na forma de um estado-nação onde há empresários e trabalhadores,

lucros e salários, acumulação de capital e progresso técnico, um mercado coordenando o

sistema econômico e um estado regulando esse mercando e complementando sua ação

coordenadora.

O aumento da produtividade ou da produção por trabalhador ocorre tanto na produção dos

mesmos bens através da redução sistemática da quantidade de trabalho simples utilizado,

quanto através da transferência da mão-de-obra para setores com maior conteúdo tecnológico

ou maior valor adicionado per capita. Esta segunda forma de aumento da produtividade é mais

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importante do que a primeira, porque é dessa forma que um país logra aproveitar seus

trabalhadores, técnicos, administradores e comunicadores mais qualificados ou educados. Seu

custo social de reprodução é mais alto – o que implica maiores salários e, portanto, padrões de

vida mais altos. Do lado da oferta, o crescimento econômico depende da educação, do

desenvolvimento tecnológico e da acumulação de capital em máquinas e processos mais

produtivos. Entretanto, na medida em que a oferta não cria automaticamente a demanda, o

aproveitamento dos recursos humanos disponíveis depende, do lado da demanda, de um

diferencial satisfatório para os empresários entre a taxa de lucro esperada e a taxa de juros

que, por sua vez, depende principalmente de uma taxa de juros moderada e de uma taxa de

câmbio competitiva que criem oportunidades de investimento. Como se trata de um processo

histórico, o desenvolvimento econômico precisa ser estudado empiricamente como fizeram os

grandes economistas clássicos, e não hipotético-dedutivamente, como fez Ricardo e fazem os

economistas neoclássicos. O desenvolvimento econômico vise atender diretamente um

objetivo político fundamental das sociedades modernas – o bem estar – e, apenas

indiretamente os quatro outros grandes objetivos que essas sociedades buscam – a segurança,

a liberdade, a justiça social e a proteção do ambiente. Por isso, é importante não confundi-lo

com o desenvolvimento ou o progresso total da sociedade que implica um avanço equilibrado

nos cinco objetivos.

desenvolvimento e crescimento

Dado o fato de que o desenvolvimento econômico implica mudanças estruturais, culturais e

institucionais, existe uma longa tradição que rejeita a identificação de desenvolvimento

econômico com crescimento da renda per capita ou simplesmente crescimento econômico; eu,

entretanto, entenderei as duas expressões como sinônimas. De fato, se definirmos crescimento

econômico como simples aumento da renda per capita, os dois termos não se confundem

porque há casos em que a produção média por habitante aumenta mas mesmo no longo prazo

não aumento generalizado dos salários e dos padrões de consumo da sociedade. Schumpeter

(1911) foi o primeiro economista a assinalar esse fato, quando afirmou que o

desenvolvimento econômico implica transformações estruturais do sistema econômico que o

simples crescimento da renda per capita não assegura. Schumpeter usou essa distinção para

salientar a ausência de lucro econômico no fluxo circular onde no máximo ocorreria

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crescimento, e para mostrar a importância da inovação – ou seja, de investimento com

incorporação do progresso técnico – no verdadeiro processo de desenvolvimento

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