Como resolver o problema da baixa produtividade do trabalhador no Brasil
Artigo: Como resolver o problema da baixa produtividade do trabalhador no Brasil. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: • 4/9/2014 • Artigo • 642 Palavras (3 Páginas) • 320 Visualizações
Como resolver o problema da baixa produtividade do trabalhador no Brasil?
Melhorias na educação, aumento do investimento em tecnologia pelas próprias empresas e trabalho conjunto entre as firmas e universidades foram algumas das sugestões que a BBC Brasil ouviu de especialistas de diversas áreas.
Grande parte dos economistas brasileiros afirma que, num contexto de baixo desemprego, é preciso aumentar a produtividade dos trabalhadores para acelerar o crescimento econômico do país.
A necessidade de investimento na educação, tanto no nível fundamental como também no ensino médio e profissionalizante, foi quase unanimidade nas respostas.
Só não foi citada por Marcelo Manzano, economista da Unicamp.
"Não é a qualificação da mão de obra que fará as taxas de produtividade no país avançarem. A produtividade do trabalho não decorre da qualificação do trabalhador, mas sim da intensidade com que as inovações tecnológicas são implementadas no processo produtivo", disse à BBC Brasil.
"Em nenhum momento da história mundial a qualificação puxou a produtividade."
Já Haruo Ishikawa, do Sinduscon-SP, que representa as empresas da construção civil, diz que os trabalhadores que chegam na área têm tantas lacunas na educação básica que não conseguem decidir sua profissão levando em conta três critérios básicos: o que eles querem fazer, o que sabem fazer e em que áreas há demanda por trabalhadores.
Por isso, segundo Ishikawa, fazem escolhas erradas - e essa inadequação derruba a produtividade da mão de obra.
E a baixa produtividade de um setor pode afetar todos os outros, segundo Jorge Arbache, economista da UnB. Ele afirma que, como as empresas são cada vez mais dependentes uma das outras, as que têm baixa produtividade acabam puxando todas as outras para baixo.
Ele sugere estabelecer um currículo nacional, valorizar a educação profissional, melhorar tecnologias e o ambiente físico das empresas, entre outras medidas.
Rogério César de Souza, do Iedi (Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial), acrescenta à lista a aproximação entre empresas e academia. Ele cita como exemplo bem sucedido o ITA (Instituto Tecnológico de Aeronáutica), uma das melhores instituições de ensino do Brasil, que funciona em parceria com a Embraer, uma das grandes fabricantes globais de aviões.
Mas Fernando de Holanda Barbosa Filho, economista do Ibre-FGV, diz que as empresas investem pouco, tanto no trabalhador, devido à alta rotatividade, quanto nelas mesmas, por causa dos resultados econômicos do país.
"Se a situação econômica melhorar, se as firmas passarem a investir mais, isso ajudará a aumentar a produtividade da mão de obra", afirma.
Veja abaixo a resposta de cada especialista.
Fernando de Holanda Barbosa Filho, Ibre-FGV
O trabalhador tem que ter máquina e equipamento e tem que estar apto a usar essas tecnologias. Ou seja, há dois pontos importantes: melhorar a qualidade do capital humano, com educação, e investimento em capital.
Os índices de matrícula no ensino médio são baixos, menos de 55% dos adolescentes estão na escola. Isso é um problema porque as novas tecnologias demandam algum tipo de conhecimento. Imagina uma pessoa sem conhecimento operar uma colheitadeira? Esses equipamentos têm GPS, joystick, é tudo feito por satélite.
As empresas dão treinamento específico, mas pensam "não vou dar formação geral senão o empregado pode sair e levar para qualquer lugar". Isso não é só no Brasil. O que acontece só no Brasil é que nossa legislação de alguma forma estimula uma rotatividade elevada, o que faz com que a firma não invista.
Há um acordo tácito em que o trabalhador não investe na firma e firma não investe no trabalhador. A rotatividade é prejudicial porque inibe o investimento que as firmas poderiam fazer pra corrigir a má formação da mão de obra.
Um segundo ponto é o investimento da firma na firma. O fato de as perspectivas econômicas das empresas terem sido frustradas gerou uma taxa de investimento menor. O trabalhador está operando com máquinas menos modernas e isso não faz com que produtividade aumente. Se a situação econômica melhorar, se as firmas passarem a investir mais, isso ajudará a aumentar a produtividade da mão de obra.
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