Economia Política (David Ricardo e Marx)
Por: Davi Mello • 19/9/2018 • Resenha • 7.101 Palavras (29 Páginas) • 431 Visualizações
RESUMOS
David Ricardo
Um ensaio sobre a influência de um baixo preço do trigo nos lucros do capital (1815)
Ricardo, nos seus estudos, preocupou-se principalmente com a distribuição do produto social entre as classes em que a sociedade estava dividida. Essa seria a função da economia política.
A sua hipótese é a de que o valor de troca depende das dificuldades de produção. Ele adota como unidade de medida básica os cereais, e divide as classes entre proprietários de terra (recebem renda da terra), capitalistas (recebem os lucros) e os trabalhadores (recebem salários).
Todos os rendimentos são medidos através de quantidades físicas de cereais, sem recorrer aos preços. O produto líquido, nesse caso, é a diferença entre o total produzido e os custos necessários para a sua obtenção (nestes custos estão inclusos a depreciação e os salários dos operários). Os salários deveriam ser mantidos no nível de subsistência. O lucro dos capitalistas é a diferença entre o produto do trabalho na terra marginal (de menor produtividade) e o custo do trabalho. Ou seja, a quantidade física de cereais que sobrava após reduzir a renda da terra e os salários do produto total. A renda diferencial é a diferença entre o produto líquido obtido pelo capital investido na terra marginal e o produto líquido obtido pelos outros capitalistas.
Taxa de lucro = (produto obtido – capital adiantado)/capital adiantado
A distribuição do produto social estava sujeita aos seguintes fatores:
- Fertilidade do solo;
- Acumulação de capital;
- População;
- Destreza, engenho e instrumentos empregados na agricultura.
Sua preocupação era a de como evitar a diminuição da margem de lucro com o aumento das proporções destinadas ao pagamento da renda da terra e aos salários.
O aumento populacional eleva a demanda por alimentos e matérias-primas, e esse processo aumenta a necessidade de cultivo em terras menos férteis e mais afastadas do mercado. O capital aplicado nessas terras menos férteis possui retornos menores (rendimentos físicos decrescentes). A partir do momento em que essas terras menos férteis são cultivadas, a renda da terra das terras mais férteis tende a subir, e dessa forma os lucros diminuem. As terras menos férteis necessitam de mais trabalho para cultivar a terra, e dessa forma uma parcela maior do produto social era destinado aos trabalhadores, diminuindo também a parcela dos lucros. Isso não significava, porém, que os salários individuais aumentavam; eles deveriam continuar ao nível de subsistência. Concluindo, a concorrência entre os capitalistas faz a renda da terra aumentar.
O produto líquido da terra diminui à medida que aumenta a quantidade de terra cultivada, devido ou ao aumento dos custos (maior quantidade de trabalhadores) ou à queda da produtividade.
Aumento dos lucros -> aumento do emprego -> aumento da população -> necessidade de mais alimentos -> uso das terras marginais -> diminuição dos lucros
A renda e o lucro são partes complementares do produto líquido. O aumento de uma dessas variáveis reduz necessariamente a outra variável, e não acrescenta em nada ao produto líquido.
Os lucros gerais dependem totalmente da última parcela do capital aplicado na terra. Eles só podem aumentar através da redução no valor de troca dos alimentos, o que acontece a somente três causas:
- Queda dos salários reais, pois permite ao agricultor levar um excedente maior ao mercado
- Melhorias na agricultura capazes de aumentar a produtividade
- Importação de cereais a preços inferiores ao custo de produção interna
A concorrência iguala todas as taxas de lucro. A tendência de queda da taxa de lucro da agricultura se transmite à taxa geral de lucro. Então, a taxa geral de lucro é determinada pela taxa de lucro obtida nas terras menos férteis. E essa taxa de lucro é determinada pela fertilidade do solo.
Os preços agrícolas são determinados pelas condições de produção na terra que não produz renda (terra marginal, de menor produtividade), pois o valor das mercadorias aumenta à medida que aumenta as dificuldades de produção. Os lucros, dessa forma, são regulados pela dificuldade de produção de alimentos.
Diminuindo a taxa de lucro na agricultura, os preços industriais tendem a baixar de maneira a igualar a taxa de lucro na indústria e na agricultura. O aumento dos preços de subsistência também tende a diminuir as taxas de lucros. Quando a taxa de lucro diminui, o processo de acumulação também diminui, junto com o crescimento e o bem-estar da sociedade em geral. Os obstáculos ao aumento das taxas de lucro, e consequentemente ao crescimento da indústria eram, internamente, o aumento da população e a baixa produtividade das terras marginais, e, externamente, as barreiras ao comércio.
Princípios de Economia Política e Tributação (1817)
Para Ricardo, é impossível determinar os lucros sem tratar do valor do produto. Por isso faz-se necessário um estudo sobre o valor das mercadorias, e sobre a sua unidade básica de medida.
Em sua teoria existe uma relação inversa entre os salários e os lucros (o aumento de um se dá pela diminuição do outro). Os salários dependem do preço dos bens de subsistência, que por sua vez depende da quantidade de trabalho empregada na terra marginal.
Quanto a sua teoria do valor, ele faz uma crítica a Smith, que dizia que o trabalho comandado (e não o trabalho contido) determina o valor das mercadorias. Ricardo defende o trabalho contido como princípio da determinação do valor. O trabalho comandado é diferente do trabalho contido. O preço das mercadorias só pode aumentar se for necessária maior quantidade de trabalho para produzi-lo. O valor para Ricardo se refere à proporção em que as mercadorias se trocam umas pelas outras, ou seja, se trata do valor de troca, que é o trabalho contido. Este valor é independente do lucro e da renda da terra.
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