Economia Solidária e Socialismo: Uma Nova Perspectiva Socioeconômica
Por: Roberto Maia • 27/5/2016 • Monografia • 11.978 Palavras (48 Páginas) • 323 Visualizações
UNIVERSIDADE FEDERAL DO CAERÁ - UFC
DEPARTAMENTO DE TEORIA ECONÔMICA – DTE
CURSO DE CIÊNCIAS ECONÔMICAS
DISCIPLINA: EVOLUÇÃO DAS IDÉIAS SOCIAIS
PROFESSORA: MARIA ISABEL DE ARAÚJO FURTADO
Economia Solidária e Socialismo: Uma Nova Perspectiva Socioeconômica
AUTOR: CARLOS ROBERTO DA SILVA MAIA
MATRÍCULA: 0206512
Fortaleza, 30 de Junho de 2004.
Universidade Federal do Ceará – UFC
Departamento de Teoria Econômica – DTE
Disciplina: Evolução das Idéias Sociais
Trabalho Monográfico/2004.1
_____________________________________ Nota ______
Maria Isabel de Araújo Furtado
Avaliação Realizada em 30 de Junho de 2004
Sumário
- Introdução
- O Novo Socialismo Emana da Sociedade Civil
- Economia solidária: Uma Nova Perspectiva Socioeconômica
- Socialismo e Solidarismo: A Recentralidade do Trabalho
- O Novo Cooperativismo
- Sindicalismo e Economia Solidária
- Comentários finais
- Bibliografia
1. Introdução
O objetivo primeiro desse trabalho é expor de forma clara e simples, a idéia de uma nova perspectiva socioeconômica que surge em nosso país devido à crise em nossa economia, que vêm perpetuando, ao longo de sua história econômica, um quadro crítico e preocupante não só do ponto de vista econômico-financeiro, mas também social.
Nossas políticas econômicas conservadoras de crescimento e desenvolvimento econômico, não são tão eficazes na prática a ponto de amortecer de forma visível os nossos problemas sociais históricos, como o desemprego estrutural que ameaça a nossa sociedade. A economia capitalista neoliberal com a sua crescente concentração de renda, predomínio do capital financeiro sobre o capital produtivo e com as suas diversas transformações no âmbito organizacional do trabalho, vem enfrentando, assim como em outros paises, sem conseguir solucionar, um dos grandes impasses da economia atual, no que diz respeito ao mercado de trabalho e ao mercado consumidor.
Economicamente falando, podemos dizer que esses dois mercados se completam, pois o consumidor também é um trabalhador e vice-versa, logo se não há trabalho não há uma fonte de renda, e se não há renda não existirá consumo, e ainda que exista, não será suficiente para que a economia cresça e alcance um desenvolvimento adequado. A cada dia o custo de vida parece aumentar de forma que os empregos e a renda familiar não conseguem um acompanhamento nem mesmo sustentável para que o nível de vida de nossa população possa melhorar.
A situação econômica atual é uma das maiores provas de que mudanças quantitativas não implicam mudanças qualitativas, pois a reestruturação e a reengenharia produtiva que o capitalismo atual vem proporcionando, prova por si mesma que o problema não é a maximização da produção, pois com o emprego da robótica e das novas técnicas produtivas, a produção pode se dá em larga escala e com um gasto de tempo cada vez menor.
Portanto, o grande desafio da economia, hoje, é a maximização do consumo, que existe, porém, de forma muito minimizada e marginal, sofrendo pequenas ampliações sazonais, pois como estamos em uma sociedade elitista, o mercado consumidor e até o mercado de trabalho estam tendendo para uma espécie de elite consumidora e trabalhista, sendo estes dois mercados um privilégio de uma minoria.
A questão então é: como gerar renda e trabalho de qualidade, em uma economia que caminha devagar, quase parando? Uma economia solidária, autogestionária, principalmente cooperativista onde a distribuição se dá de forma mais eqüitativa, organizada e segura, vêm tomando um grande espaço em vários setores da sociedade e se tornando uma alternativa, dentre tantas outras que existem, para um problema tão evidente e estrutural.
Como tema de debates nos fóruns sociais de Porto Alegre e nos mais diversos seminários organizados por Fundações, partidos das mais variadas ideologias, com destaque óbvio para os partidos socialistas, universidades, sindicalistas, trabalhadores, entre outros, a economia solidária toma como seu objetivo e proposta principal, a superação da situação crítica de nossa sociedade atual. A partir da idéia de uma nova cultura de emprego, onde o que se propõe são novas relações de trabalho, produção, distribuição, troca e consumo, a economia solidária baseada principalmente na autogestão, possui raízes bem definidas e relacionadas com a idéia socialista, anteriormente difundida pelos pensadores do socialismo utópico e cientifico.
Portanto, começarei fazendo uma breve revisão do pensamento socialista do século XIX, alcançando de forma genérica as crises conjunturais mais atuais causadas pelo capitalismo e a sua globalização, chegando até ás novas tendências econômicas socialistas como a idéia de uma economia solidária, que vêm sendo encarada de forma muito séria, mas ainda sem o apoio necessário do governo federal, como uma forma alternativa para se superar a crise social do trabalho na atualidade e um possível início de superação da racionalidade capitalista de produção e sociabilidade, tão almejada pelos que ainda acreditam em uma sociedade e economia mais igualitárias e seguras para todos.
A partir da idéia da economia solidária darei mais destaque ao cooperativismo autogestionário, a sua evolução histórica, o novo cooperativismo, as diferenças significativas entre uma sociedade cooperativa e uma empresa capitalista, a importância dessa idéia para a sociedade, os obstáculos que vêm sendo enfrentados para o seu desenvolvimento dentro de uma sociedade capitalista, a reflexão que é retomada sobre a questão da centralidade do trabalho como categoria social, anteriormente levantada por Marx, as novas preocupações do movimento sindical para contornar o problema do trabalho dentro da sociedade capitalista e dá a este, um caráter novo e muito mais amplo, pois desde o esquecimento do socialismo e o advento do neoliberalismo o trabalho tomou uma função que não ultrapassa a economicista.
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