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FICHAMENTO COMPLETO DO LIVRO CRASH, DE ALEXANDRE VERSIGNASSI

Por:   •  13/12/2016  •  Resenha  •  27.320 Palavras (110 Páginas)  •  1.524 Visualizações

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INTRODUÇÃO

ERA UMA BELEZA: VOCÊ APLICAVA O QUE TINHA GUARDADO PARA DAR ENTRADA NUMA CASA E, EM POUCO TEMPO, JÁ TINHA O SUFICIENTE PARA COMPRAR A CASA. À VISTA. NUNCA TINHA SIDO TÃO FÁCIL FAZER DINHEIRO. TODO MUNDO QUERIA ENTRAR NESSA. TINHA ATÉ GENTE LARGANDO O TRABALHO PARA FICAR SÓ ESPECULANDO NO MERCADO FINANCEIRO. E DAVA CERTO. Isso parece alguma coisa que você já viu. Mas trata-se de um mercado diferente: o da compra e venda de tulipas, que “floresceu” na Holanda do século XVII. (p. 9)

Em 1624, um botão custava, em florins holandeses, o mesmo que uma casa em Amsterdã – ou, para ficar só nos artigos de nome pomposo e preço estrondoso, valia o mesmo que um Rolex Daytona de ouro vale hoje: um apartamento (R$ 200 mil). (p. 9)

Um holandês qualquer que acordasse sem um tostão no bolso podia fazer o empréstimo de manhã, comprar a tulipa ao meio-dia, vender mais caro à tarde, pagar o que devia com juros e ir dormir com o lucro. Dava para viver disso, até. E ainda dá. Tanto que os Bancos fazem dinheiro exatamente assim até hoje. Eles pegam emprestado pelo menos o triplo do que têm e usam o dinheiro para investir. Depois pagam tudo e vão dormir com o lucro. (p.10)

Em 2001, o valor das cinco maiores empresas do Brasil juntas era de US$ 48,5 bilhões. No início de 2011, só a quinta colocada já valia quase isso. E a soma das top 5 passava dos US$ 500 bilhões. (p. 11)

Os ganhos podem ser tão grandes entre a compra e a venda de uma ação que, na prática, a bolsa gira em torno disso. Quase todo mundo que compra papéis o faz na esperança de vendê-los por mais dinheiro um dia. E os dividendos acabam vistos como meros adicionais, só um dinheirinho que chega de vez em quando. O que vale mesmo é a expectativa de vender os papéis por um valor duas, três, dez vezes maior. Mas isso é uma inversão de valores que só atrapalha na hora de entender a lógica do mercado acionário. (p.12)

[...] o que faz o preço de uma ação subir? O óbvio: quanto mais pessoas estiverem interessadas no papel, mais caro ele vai ficar no mercado. Normal. Mas o que faz com que muita gente decida comprar ações de alguma empresa em especial, levando o preço dos papéis lá para cima? O potencial de lucros dessa empresa. Quanto mais a companhia faturar, maior será a capacidade de ela pagar dividendos polpudos. Ou seja, os dividendos não são meros extras. Eles formam a essência do mercado financeiro. Se existe a expectativa de que uma empresa vai dar mais lucros, de que ela vai pagar dividendos melhores lá na frente, mais investidores correrão para as ações dela. E o preço vai subir. (p. 12)

Ninguém tem como dizer se uma empresa vai dar mais ou menos lucro no futuro. E, se ela começar a viver no prejuízo e acabar falindo, o destino das ações será o mesmo dos títulos de tulipas: não valer mais nada. (p.12)


Não precisa haver uma fraude para que uma ação suba a um valor muito maior do que deveria. Basta que as expectativas sobre os lucros que ela possa dar no futuro sejam exageradas. (p. 14)

Se houver uma esperança muito grande de que a economia vá crescer, por exemplo, isso vai se refletir no mercado acionário. Claro: uma boa economia oferece mais empregos. Mais empregos = mais consumidores. Mais consumidores = mais possibilidades de lucro para as empresas. Aí as ações sobem [...] (p.14)

CAPÍTULO 1: A ORIGEM

Dinheiro só é algo digno desse nome quando obedece a dois critérios: 1. Precisa ser uma coisa que todo mundo queira [...] 2. Não pode ser algo muito abundante. Se não for escasso, não tem como valer nada. E se não vale nada, não é dinheiro. (p. 16)

[...] não precisa ter dinheiro no meio para que aconteça uma crise econômica. Existem vários jeitos de definir uma, mas vamos focar na mais essencial: elas acontecem quando não conseguimos mais produzir tudo o que precisamos para manter nosso modo de vida. (p. 16-17)

[...] sem ter de passar o dia caçando, a humanidade arrumou tempo livre para criar a escrita, a matemática, construir cidades... Mas essa é uma explicação simplista. O legado mais profundo da agricultura foi outro. Ela criou o dinheiro. (p. 19)

Quem possuía terras férteis tinha o poder. Comia, bebia e vestia o que quisesse. E tinha como produzir muito mais do que precisava. Quem não tinha seu pedaço de chão estava numa pior. Eram cada vez mais territórios ocupados pelas fazendas [...]     (p. 19)

Você pode imaginar que carregar sacos de comida por aí para trocar por outros produtos não era lá muito prático. Mas os babilônios, povo que viveu no Crescente Fértil há 4 mil anos, criaram uma forma de driblar isso. E, de quebra, inventaram duas coisas que você conhece melhor ainda: as cédulas e os Bancos. (p. 20)

Era um esquema sofisticado. Até juros compostos eles já cobravam. Juro composto, vale lembrar, é aquilo de pagar uma taxa de 1% ao mês que, ao fim de um ano, não terá somado 12%, mas 12,7%. E que, ao fim de 20 anos, não vai dar 240% (o número de meses em duas décadas), mas 989%! Quase dez vezes mais que o valor financiado. Se você deve 100, o 1% incide só sobre os 100. No mês seguinte, será 1% sobre 101. E por aí vai. Parece pouco, mas, depois de um bom tempo, você está com uma dívida de lascar. Qualquer semelhança com o que acontece quando você financia um carro ou compra um apartamento não é mera coincidência. No fundo, nunca deixamos de ser babilônios. (p. 20)

Os tabletes da Babilônia podiam ser uma ideia genial. Mas não foi a que vingou. [...] Para que o dinheiro virasse dinheiro mesmo, era preciso que ele estivesse sob a forma de algo que durasse muito e que, de quebra, respeitasse aqueles dois pré-requisitos que a comida preenchia: ser algo relativamente raro e que todo mundo quer. O sal cumpria esse papel. (p 20)

Couro, peixe seco, penas de certas aves, conchas bonitas, pinga. Praticamente qualquer coisa que muita gente quisesse e não fosse fácil de obter já foi usada como dinheiro. Até depois da invenção do dinheiro. E até no tempo e no espaço em que o nome dele já era “dólar”. (p. 21)

Como ensina Eduardo Dusek naquela música politicamente incorreta dos anos 80: “Troque seu cachorro por uma criança pobre / Sem parente, sem carinho, sem rango, sem cobre”. Essa estrofe traça involuntariamente a história do dinheiro. Depois do rango − a comida, primeiro meio universal de troca −, vem um metal, o cobre. Foi basicamente o que aconteceu na vida real. E Eduardo Dusek estava mais certo ainda: o primeiro metal usado em grande escala pela humanidade, aquele que acabaria fazendo o papel que as suas notas de R$ 50,00 fazem hoje, foi justamente o cobre. (p. 21)

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