Fichamento os Grandes Economistas - Leon Walras e Milton Friedman
Por: dudanunesf • 2/9/2019 • Resenha • 2.306 Palavras (10 Páginas) • 304 Visualizações
Léon Walras, teórico do equilíbrio econômico
Marie-Esprit Léon Walras nasceu em 1834, em Évreux, no departamento de Eure. Seu pai, Antoine-Auguste Walras, era professor de filosofia e se interessava por economia e aos 36 anos, em 1870, depois de dedicar-se ao jornalismo e à literatura, Léon Walras também se mostrou despertado pelo assunto, se tornando titular da cátedra de economia da Academia de Lausanne, na Suiça. Ele se aposentou depois de 22 anos a fim de dar preferência à escrita e faleceu em 1910.
Esse economista, ao lado do britânico Stanley Jevons, da Escola de Cambridge e de Carl Menger, da escola de Viena, fundou a escola neoclássica. Ao contrário daqueles antes dele, León Walras não se preocupava em descrever a realidade, mas sim em utilizar a matemática para estudar a economia e seus mecanismos. Além disso, ele começa analisando as trocas, vendo-as como a ação de maior importância no sistema econômico, não partindo da produção. Ao longo de sua trajetória, ele foi responsável ainda por renovar a teoria do valor fundado na utilidade, principalmente na utilidade marginal, a da última porção do bem consumido. O modelo de mercado de concorrência pura e perfeita, assim como as leis de oferta e demanda, deve-se também a León Walras.
A maior contribuição desse economista foi, no entanto, a sua teoria do equilíbrio geral, que invoca a intervenção do Estado. Walras trata da existência de monopólios naturais, sobretudo no transporte ferroviário e se mostra a favor da nacionalização das terras e também da regulação estatal da criação monetária.
I. Walras reformula a teoria do valor
Contrariando os clássicos como Smith, Ricardo e Marx, que relacionam o valor de um bem ao trabalho necessário para sua produção, Walras e os neoclássicos relacionam esse valor à utilidade desse bem junto ao consumidor, denominando-o não mais valor-trabalho e sim valor-utilidade. Isso se justifica a partir da evolução da sociedade, de um contexto pré-industrial para um contexto industrial, no qual o ambiente econômico das nações europeias evoluiu significativamente, e essa troca de valor do produto, para sua utilidade se tornou mais favorável. Se antes havia uma escassez de bens de consumo indispensáveis à sobrevivência das populações, essa foi relativamente superada com o crescimento das produções conforme a industrialização ocorria, modificando o valor dos produtos.
Ampliando seu raciocínio, o economista traz a ideia de que “o valor de um bem não decorre da utilidade total do bem, e sim da utilidade marginal, sendo esta a utilidade da última unidade de um produto num mundo necessariamente sujeito à escassez” (DROUIN, Jean-Claude, Os grandes economistas. 2014, pg. 101). Nesse contexto, Walras afirma que o paradoxo smithiano do valor da água e do diamante pode ser resolvido: a água é barata porque sua utilidade marginal é muito pequena, devido à sua abundância, enquanto o diamante é raro e portanto, de maior utilidade marginal.
“Não se trata mais de definir o valor dos bens por sua utilidade global, e sim pela probabilidade característica de uma agente econômico de obter a última unidade do bem em questão” (DROUIN, Jean-Claude, Os grandes economistas. 2014, pg. 101). Para finalizar esse ponto, ele define que a utilidade marginal é algo decrescente porque a satisfação do uso de um bem diminui conforme ele é consumido, criando, por óbvio, curvas negativas na utilidade marginal.
II. O mercado concorrencial assegura a regulação do sistema econômico
Walras apresenta-nos três tipos de mercado, os quais são definidos pela natureza do produto trocado pelos agentes econômicos:
1. O mercado de bens e serviços, que se trata do consumo final dos lares, consiste nos hipermercados, varejo, entre outros.
2. O mercado de trabalho, homens e mulheres como oferta de trabalho, e empresas como demanda.
3. O mercado capital, que se trata de relações entre capital, demandas de curto e longo prazo.
Em seguida, é trazido um modelo criado por esse economista, denominado modelo de concorrência pura e perfeita (CPP), articulado em cinco hipóteses: a atomicidade da oferta e da demanda (ideia de igualdade em uma população, conclui que não pode haver influência), a homogeneidade dos produtos (quando dois produtos coexistem com características idênticas, eles se substituem entre sí), o livre ingresso na indústria (afirma que o mercado de um produto se mantém sempre aberto para novas empresas), a transparência do mercado (os participantes do mercado, vendedores e compradores, têm conhecimento necessário para realizar suas transações) e a fluidez do mercado ou mobilidade dos fatores de produção (liberdade de entrada e saída dos fatores de produção em reação à determinada atividade econômica).
Walras afirma, apesar disso, que a concorrência pura e perfeita não existe, mas que é uma ferramenta muito boa para a análise da economia, que permite explicar a concorrência imperfeita, o monopólio e o oligopólio, por exemplo.
III. Uma situação de equilíbrio em cada mercado permite a realização do equilíbrio geral
Por fim, o autor traz a ideia de que a partir do sistema de preços é possível equilibrar as quantidades de oferta e demanda, pois o embate entre essas duas cria a definição de um preço justo, o qual se denomina “preço de equilíbrio”, que se encaixa no orçamento limite do comprador, e o preço fixo do mercado em que o vendedor se baseia. Além disso o sistema de preços, que se mantém pela auto regulação, favorece a realização do equilíbrio geral, na medida em que todos os mercados são interdependentes
Dessa forma, os assalariados e os portadores de capital, dão origem à demanda do mercado e então é, de acordo com Jean-Claude Drouin, certo dizer que a lei do equilíbrio geral, de Léon Walras, é um prolongamento da lei dos mercados de JeanBaptiste Say, a qual a produção tendia a escoar naturalmente a partir da distribuição dos rendimentos associados a ela.
Milton Friedman, cruzado das liberdades econômicas
...