Fichamento Milton Santos
Por: Elton Castro • 5/10/2016 • Resenha • 26.475 Palavras (106 Páginas) • 528 Visualizações
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PROGRAMA DE PÓS GRADUAÇÃO STRICTU SENSU EM GESTÃO INTEGRADA DO TERRITORIO (GIT)
DISCIPLINA: Estudos Territoriais I
PROF.: Haruf SalmenEspíndola
Turma: 1º semestre 2016
Fichamento do livro:
RAFFESTIN, Claude. Por uma geografia do poder. São Paulo, Ática, 1993.
PARTE I
RAFFESTIN, Notas prévias. In.: ______. Por uma geografia do poder. São Paulo, Ática, 1993, pp. 11-22
Ideia central
Desenvolver reflexões de um tema inesgotável, o poder.
Plano de redação:
- " A geografia humana consiste em explicitar a consciência do conhecimento e da prática que os homens têm dessa realidade que é denominada "espaço". p.6
- O poder não é nem uma categoria espacial nem uma categoria temporal, mas está presente em toda "produção" que se apóia no espaço e no tempo. O poder não é fácil de ser representado, mas é, contudo, decifrável. Falta-nos somente saber fazê-lo, ou então poderíamos sempre reconhecê-lo. p 6
- O território, objeto da terceira parte do presente trabalho, não poderia ser nada mais que o produto dos atores sociais. São esses atores que produzem o território, partindo da realidade inicial dada,que é o espaço. Há portanto um "processo" do território, quando se manifestam todas as espécies de relações de poder, que se traduzem por malhas, redes e centralidades cuja permanência é variável mas que constituem invariáveis na qualidade de categorias obrigatórias. O território é também um produto "consumido". p 8
- A territorialidade reflete, com muita segurança, o poder que se dá ao consumo por intermédio de seus "produtos". p 8
- Um recurso não é uma coisa, é uma relação cuja conquista faz emergir propriedades necessárias a satisfação de necessidades. p 8
- Todo recurso é potencial e também uma peça dinâmica. Nossa abordagem chocará alguns hábitos, mas isso é consequência de uma conceitualização que procura ser coerente, na perspectiva da problemática relacional. p 8
RAFFESTIN, Claude. Crítica da geografia política clássica. In.: ______. Por uma geografia do poder. São Paulo, Ática, 1993, pp. 11-22.
Assunto
Nascimento da geografia política.
Ideia Central
Discorre sobre a tese de Ratzel, que relata a estreita relação entre o solo e o Estado.
Plano de Redação
- Ratzel partiu da idéia de que existia uma estreita ligação entre o solo e o Estado. - p.13
- ...o elemento fundador, formador do Estado, foi o enraizamento no solo de comunidades que exploraram as potencialidades territoriais. – p.13
- Ratzel viu muito bem o papel e a influência que poderiam desempenhar as representações geográficas, assim como as idéias religiosas e nacionais na evolução do Estado[...] as fronteiras, na qualidade de órgãos periféricos do Estado, durante muito tempo prenderam sua atenção. Daí ter procurado distinguir o significado das zonas de contato, terra-mar, por exemplo, de mares, de montanhas e planícies, sem esquecer as dos rios e dos lagos”- p.13
- "Quem diz poder ou autoridade, não diz Estado" Para Ratzel, tudo se desenvolve como se o Estado fosse o único núcleo de poder, como se todo o poder estivesse concentrado nele: "É preciso dissipar a frequente confusão entre Estado e poder. O poder nasce muito cedo, junto com a história que contribui para fazer. Dessa forma, Ratzel introduziu todos os seus "herdeiros" na via de uma geografia política que só levou em consideração o Estado ou os grupos de Estados.p15
- Dá ao Estado sua significação espacial, "teoriza-o" geograficamente P 15
- A partir do momento em que o Estado = ao político, a categoria do poder estatal sendo superior a todas as outras, o Estado pode vir a ser a única categoria de análise. Dizer que o Estado é a única fonte do poder é, como dissemos, uma confusão, mas também um discurso metonímico. Ou o Estado detém o poder e é o único a detê-lo, ou é o poder superior e é preciso construir a hipótese de poderes inferiores que podem agir com ele. p.15-16
- Forneceu categorias para leitura geográfica do Estado, centro, periferia, inferior, superior, interior, exterior. – p.16
- Com efeito, todas as escolas geográficas, seja a francesa, a inglesa, a italiana ou a americana, que seguindo a escola alemã fizeram geografia política, ratificaram esses pressupostos filosóficos e ideológicos, no sentido de que não colocaram em causa, de forma alguma, a equação Estado = poder. – p.16
- Sem dúvida, pode-se também dispor de uma hierarquia de níveis, os mesmos que o Estado criou para organizar, controlar e gerenciar seu território e sua população. – p.16
- A escala é dada pelo Estado... o que não é aceitável na medida em que existem múltiplos poderes que se manifestam nas estratégias regionais ou locais. – p.17
- Queremos dizer que os sistemas de fluxos diversos que, na origem do poder estatal, contribuem para elaborar essas formas não são muito bem descritos e explicados. As coisas mudaram após Ratzel? Estamos mais presos a urna geografia política ou ainda continuamos numa geografia do Estado? É o que tentaremos analisar. p.17
Assunto:
Geografia política ou geografia do Estado?
Idéia Central
"Uma verdadeira geografia só pode ser uma geografia do poder ou dos poderes."p.17
Plano de Redação
- Admitimos que há poder político desde o momento em que uma organização luta contra a entropia que a ameaça de desordem. Esta definição, inspirada em Balandier, nos faz descobrir que o poder político é congruente a toda forma de organização. Ora, a geografia política, no sentido estrito do termo, deveria levar em consideração as organizações que se desenvolvem num quadro espaço temporal que contribuem para organizar ou... para desorganizar."p.17
- "Estudando de forma comparativa o poder em todas as coletividades, pode-se descobrir as diferenças entre o poder no Estado e o poder nas outras comunidades" p.17
- É evidente que, com o aparecimento da geopolítica, estamos lidando com uma ciência do Estado, concebido como um organismo geográfico em constante movimento. p 19
- "Para que ela [a geografia política] seja legítima, basta que a marca dos agentes naturais seja encontrada, senão sempre, ao menos de vez em quando, senão profunda, ao menos discernível no decorrer do desenvolvimento histórico e da evolução dos Estados" Vallaux p 19
- Mas Gottmann se aproximou a geografia política: "Só há política onde se pode exercer a ação dos homens que vivem em sociedade" Mas a idéia de poder só é explicitada para o Estado.p20
- Geografia política no século XX foi uma geografia do Estado, unidimensional, não quis ver no fato político mais que uma expressão do Estado. Se o Estado é triunfante, não deixa de ser um centro de conflitos e de oposições, lugar de relações de poder... – p. 22
- A geografia do Estado foi construída a partir de uma linguagem, de um sistema de sinais, de um código que procede do Estado. – p.22
Assunto:
A linguagem da geografia do Estado
Idéia Central
Geografia política vista com geografia de Estado
Plano de Redação
- Mas nem todos os Estados são Estados-nação. Mesmo que o Estado seja tomado como a expressão política da nação, é o Estado na qualidade de ser político que é, de início definido. Se há um conceito sobre o qual os geógrafos concordam é com certeza o da definição de Estado: – p.22
- “O Estado existe quando uma população instalada num território exerce a própria soberania” – p.22
- ” Portanto três sinais são mobilizados para caracterizar o Estado: a população, o território e a autoridade. Toda a geografia do Estado deriva dessa tríade.” – p.23
- Com relação ao território, nos encontramos na presença de dois tipos de códigos: os códigos sintáticos e os semânticos. O código sintático é constituído por uma série de articulações, tais como a dimensão, a forma e a posição, para considerar apenas estas, por enquanto. Ela obedece a lógica estrutural de uma combinatória que permite denotar a morfologia geral do território.p.23
- Finalmente, esses códigos semânticos são tipos de mensagens que "não estabelecem possibilidades generativas mas sim esquemas já prontos, não formas abertas que suscitam a palavra, mas formas esclerosadas ...". p.23
- Assim, a partir do código sintático pode-se descrever um grande número de territórios, dos quais alguns não são observáveis. p.24
- Tentou-se quantificar as formas,as dimensões e também as posições relativas. Chegou-se a isso sem muito esforço, ainda que se tenha, na maioria dos casos, tomado o problema dessa quantificação numa perspectiva geométrica simples e não de um ponto de vista sintético que integrasse os mecanismos habituais do poder, ou seja, não somente o território, mas ainda a população e os seus recursos. p.24
- Co-extensivos de um saber-ver "geométrico", esses códigos sintáticos, pouco significativos em si mesmos - e nisso reside o seu interesse inicial, que não foi percebido -, teriam permitido denotar, se utilizados com prudência, a teoria e a prática das diferentes políticas territoriais, em ligação com a concepção estratégica própria de cada Estado. p.24-25
- O "estrategista" não vê o terreno; mais ainda, só deve vê-lo conceitualizado, senão não agiria. É a distância que sua ação é possível e, desde então, essa distância é a única a criar o "espaço": "O espaço estratégico não é uma realidade empírica...". É, de fato, criado pelo conceito de ação, que pode ser a guerra, mas que também pode ser qualquer tipo de organização, de distribuição, de malha ou de corte. O estrategista não vê o terreno, mas a sua representação. Eis o porquê de esses elementos do código sintático, que são a dimensão, a forma e a posição, permanecerem essenciais na linguagem do território, mas devem ser retomados como plano de expressão de uma semiologia conotativa.p25
- A core área é a célula a partir da qual o Estado ter-se-ia se desenvolvido. p25
- Pode-se dizer que as capitais são postos-chave, da mesma forma que as core áreas são regiões chave. p25
- Do mesmo modo, na análise da população a linguagem utilizada é composta por certos signos específicos: número, distribuição,estrutura, composição, para citar apenas os mais representativos. Poder-se-á se notar que são característicos de um ponto devista coerente em relação àqueles do território, no sentido de que a população é tomada como um recurso. P26
- Quanto à estrutura demográfica, ela exprime uma ideia próxima da de posição. Ela o é, na exata medida em que as repartições por idade e por sexo exprimem uma "posição" demográfica que denota a situação desse "recurso", que é a população. p.27
- A composição da população, quer seja considerada do ponto de vista étnico, linguística ou religioso, é com frequência abordada por meio da categoria homogeneidade versus heterogeneidade. A homogeneidade é, nesse caso, percebida como uma condição favorável à sobrevivência do Estado, enquanto a heterogeneidade é tida como uma condição mais desfavorável. Em outras palavras, a estratégia do Estado visa a homogeneidade, e é este o motivo da adequação dos índices de diferenciação. ps. 27 e 28
- Em vez de se interessar por qualquer organização dotada de poder político suscetível de se inscrever no espaço, a geografia política só viu e, em consequência, só fez a análise de uma forma de organização: a do Estado. – p.28
- A geografia política, concebida como a geografia das relações de poder, poderia ser fundada sobre os princípios de simetria e de dissimetria nas relações entre organizações. – p.29
RAFFESTIN, Claude. II – Elementos para uma problemática relacional. In.: ______. Por uma geografia do poder. São Paulo, Ática, 1993, p. 30-50.
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