Formaçao economica do Brasil
Por: Marcela Semedo • 15/5/2017 • Artigo • 568 Palavras (3 Páginas) • 196 Visualizações
O assunto exposto no primeiro capítulo do livro de Celso Furtado trata do desenvolvimento da empresa agrícola ocorrido na descoberta das terras americanas. A Europa, encontrando dificuldades para reabastecimento numa época de pleno desenvolvimento do comércio interno, encontrou nas terras americanas uma alternativa para continuar progredindo. Entretanto, Espanha e Portugal mostraram-se uma barreira e fatores políticos entram na disputa pelo novo território. Com a invasão dos franceses às terras americanas, portugueses perceberam que ao não ocuparem definitivamente o território, não seriam donos do mesmo. Contudo, a Espanha dispunha de recursos superiores para promover o desenvolvimento nas terras. Para sua defesa, tornou-se in dispensável criar colônias de povoamento. Visto que a maioria das terras era de escassa utilização econômica, a Espanha concentrou seus interesses de defesa no eixo produtor de metais preciosos. Portugal, então, teve que encontrar uma nova forma de utilização de tais terras, e deu-se inicio a exploração agrícola. A America passa a ser uma parte integrante da economia da Europa, tornando-se indispensável para o mercado europeu.
O êxito dessa nova empresa agrícola tornou-se possível por diversos fatores. Portugal, há alguns anos atrás, já havia acumulado experiência no quesito produção. A nação havia realizado a produção do açúcar, especiaria de grande importância no mercado europeu. Sendo assim, apresentou certo desenvolvimento na industria de equipamentos. A produção dessa especiaria passa a ser encaminhada para Flandres e cada vez mais torna-se uma empresa conjunta com os flamengos (representando os interesses de Antuérpia e Amsterdã). Eles recolhiam o açucar e o distribuiam por toda a Europa. Essa contribuição, especialmente dos holandeses, mostra-se fundamental para o progresso da colonização do Brasil. Mostram-se, ainda, possibilidades de que a Holanda não limitou seu capital para financiar as instalações de produção no Brasil e na importação de mão de obra escrava. Apesar da vantagem de Portugal com sua experiência técnica e o poder financeiro da Holanda, a mão de obra apresentava-se como um empecilho para o desenvolvimento da empresa. O transporte mostrou-se dificultado, e os salários necessários para atrair tal mão de obra deveriam superar os da Europa, de menos, não haveria interesse em trabalhar para tal. A solução veio então: Portugal, nessa época, já havia conhecimento no mercado africano de escravos e diante de recursos satisfatórios, seria possível organizar a transferência destes escravos e alavancar a empresa agrícola no Brasil.
Contudo, os espanhóis seguiram em sua tarefa de extração de metais preciosos. A política espanhola iria transformar as colônias em sistemas autônomos, transferidos de tempo em tempo para a metrópole. O poder econômico espanhol cresceu, o mercado de importações se desenvolveu e com isso, gastos públicos demasiados provocaram uma inflação para o Estado. A deterioração da economia da Espanha afetou em grande escala suas colônias americanas. As manufaturas indígenas continuaram a ter base no artesanato. Se a colonização espanhola houvesse avançado, maiores teriam sido as dificuldades que Portugal enfretaria para vencer. Munidos com uma fartura de terras de boa qualidade para o plantio, barata mão de obra indígena evoluída em relação à agricultura e o grande poder financeiro em mãos, os espanhóis tinham o que precisavam para desenvolver e alavancar o mercado de produtos tropicais. Portanto, cabe dizer que o êxito obtido por Portugal na empresa agrícola deve-se pela decadência da economia espanhola, que está ligada diretamente à descoberta prematura dos metais preciosos.
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