Formação para formato postal: vista sobre acumulações flexíveis
Pesquisas Acadêmicas: Formação para formato postal: vista sobre acumulações flexíveis. Pesquise 861.000+ trabalhos acadêmicosPor: dgusmao22 • 16/7/2014 • Pesquisas Acadêmicas • 4.616 Palavras (19 Páginas) • 252 Visualizações
DO FORDISMO AO PÓS-FORDISMO: UMA VISÃO DA ACUMULAÇÃO FLEXÍVEL
INTRODUÇÃO
A atual dinâmica do capitalismo contemporâneo vem trazendo grandes mudanças para as cidades e para as economias nacionais. A globalização econômica trouxe uma nova realidade para os países: o conceito de Estado-Nação vem perdendo força. Ou seja, o intercâmbio econômico e social são a tônica desse final de centúria.
Os mercados financeiros, a informação e as transnacionais, entre outros fatores, cumprem um papel preponderante na globalização: o mundo é considerado uno. As novas tecnologias também afetam as esferas econômicas e sociais; o desemprego, a desindustrialização e a reorganização industrial, chamam a atenção dos estudiosos.
Com esse quadro, as ciências sociais alimentam o debate no processo de obtenção de respostas para as indagações que surgem no espectro da pesquisa urbana. Qual o processo em curso? É possível revertê-lo? Para onde vamos? Essas são apenas algumas das dezenas indagações que surgem.
No campo teórico, várias linhas de análise vêm ganhando destaque. A primeira coloca o" processo de acumulação do capital no centro das análisesde urbanização" [1]. Outro pólo teórico, não concorda totalmente que o aspecto econômico possa explicar a atual dinâmica dos processos sociais. Seguindo-se a essa discussão, um segundo grupo afirma que não se pode privilegiar nem o aspecto econômico nem os aspectos dos movimentos sociais e políticos somente. A questão fundamental desse grupo. A questão fundamental desse grupo, são as análises microssociológicas ouetnográficos [2].
Finalmente chegamos ao campo teórico que norteará o nosso trabalho: a Escola da Regulação Francesa. Em torno de todo esse debate sobre os atuais dilemas do capitalismo e sua compreensão, a teoria da regulação tomou forma através de Aglietta, Boyer e Mistral, Coriat e Lipietz. O aspecto fundamental desse campo teórico é a recusa a uma visão quantitativa-contábil da acumulação capitalista [3].
Dois conceitos são fundamentais para a compreensão da teoria da regulação: regime de acumulação e modo de regulação. O regime de acumulação seria,
"(...) um determinado modo de transformação e compatível de normas de produção de distribuição e de uso. Esse regime assenta-se sobre princípios gerais de organização do trabalho e de uso das técnicas que constituem um paradigma tecnológico" [4].
O modo de regulação compreenderia uma superestrutura, onde se daria a consolidação dos mecanismo sociais e jurídicos, para o funcionamento do regime de acumulação. Ou melhor,
'(...) o conjunto de normas (incorporadas ou explícitas), instituições, mecanismos de compensação, dispositivos de informação que ajustam , permanentemente, as antecipações e os comportamentos individuais à lógica de conjunto do regime de acumulação" [5].
No campo político, a coesão seria mantida através de compromissos aceitos pelos diferentes grupos sociais antagônicos, ou seja, o chamado Bloco Social.
O atual momento seria compreendido por uma crise que dita as atuais transformações do capitalismo. A crise seria do regime fordista de acumulação (do seu modelo de organização do trabalho, o taylorismo) e do seu modo de regulação (o WelfareState).
Apesar das críticas à teoria da regulação [6], acreditamos ser esse o melhor espectro teórico de análise na busca da compreensão da reestruturação urbana e industrial atual.
O FORDISMO
O regime de acumulação fordista teve a sua origem nos EUA e no pós-guerra irradiou-se para o mundo. O fordismo aliou os princípios tayloristas (divisão do trabalho manual e intelectual) pesquisa e desenvolvimento, engenharia e organização racional do trabalho/execução desqualificada ao seu pressuposto do know-how coletivo. Harvey ressalta dá seguinte maneira o regime de acumulação fordista:
"O que havia de especial em Ford (e que, em última análise, distingue o fordismo do taylorismo) era a sua visão, seu reconhecimento explícito de que a produção de massa significava consumo de massa, um novo sistema de reprodução do trabalho, uma nova política de controle e gerência do trabalho, uma nova estética e uma nova psicologia, em suma, um novo tipo de sociedade democrática, racionalizada, modernista e populista" [7].
Harvey [8] situa hipoteticamente o início do fordismo na fábrica de Henry Ford em Michigan. O ano seria 1914, quando Ford estabelece o dia de trabalho em 8 horas e a recompensa de cinco dólares para os trabalhadores de sua linha de montagem automática. O fordismo consolida-se. na realidade o que Ford propunha era uma sociedade baseada no consumo de massa e para isso, deveriam haver condições para tal.
A linha de montagem automática facilitaria o aumento da produtividade, do lazer e conseqüentemente o consumo. Ford acreditava em um poder corporativo poderia regulamentar a economia como um todo. com essas características amplas o fordismo proporcionou uma rápida elevação do investimento e do consumo per capita [9].
Na realidade, o modo de produção capitalista tem como característica fundamental a incoerência de suas relações. As crises cíclicas são inerentes ao sistema. A superprodução e conseqüentemente o problema da demanda efetiva, são problemas importantes para a manutenção do sistema. Entretanto, o que Ford previra antes da Depressão só foi visualizado, com clareza, após ela.
No período entre-guerras, o fordismo, encontrou vários obstáculos para a sua propagação. O primeiro obstáculo, segundo Harvey [10]foi:
"(...) o estado de relações e classe no mundo capitalista, dificilmente era propício à fácil aceitação de um sistema de um sistema de produção que se apoiava tanto na familiarização do trabalho puramente rotinizado, exigindo pouco das habilidades manuais tradicionais e concedendo um controle quase inexistente ao trabalhador sobre o projeto, o ritmo e a organização do processo produtivo".
O segundo obstáculo...
"(...) [eram] os modos e mecanismos de intervenção estatal. Foi necessário conceber um novo modo de regulamentação para atender aos requisitos de produção fordista; e foi preciso o choque da depressão selvagem e do quase-colapso do capitalismo na década de 30 para que as sociedades capitalistas chegassem a alguma nova concepção da forma e do uso dos poderes do estado".
Somente no pós-guerra esses problemas foram sanados. A principal questão
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