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Há uma queda no produto potencial da economia brasileira

Por:   •  16/5/2015  •  Resenha  •  1.158 Palavras (5 Páginas)  •  305 Visualizações

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Há uma queda no produto potencial da economia brasileira

O PIB Brasileiro cresceu a uma média anual de 3,5% nos primeiros quatro anos de governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, chegando ao final de seu mandato há uma média de 4%. No biênio 2011-2012, a expectativa é de que no máximo se repita o desempenho médio dos dois anos anteriores, e o provável é que o resultado seja ainda mais fraco.

 A idéia de crescimento potencial é questionada por alguns economistas, e de fato, trata-se de um conceito teoricamente polêmico e de uma variável de mensuração muito imprecisa, na melhor das hipóteses. Por outro lado é incontestável que há limites pelo lado da oferta ao crescimento de uma economia. Se existem situações em que fatores econômicos estão subaproveitados e podem ser reativados pelo estimulo à demanda, é lógico inferir que também possa haver conjunturas em que não há sobras de fatores. Neste segundo caso qualquer impulso adicional provoca sobreaquecimento, com pressões inflacionárias ou deterioração das contas externas.

Os dois casos descritos acima são perfeitamente compreendidos pela teoria econômica e são empiricamente recorrentes, com inúmeros exemplos ao longo da historia de diversos países. Assim, fica claro que, quando os fatores estão próximos ao seu limite de utilização, há de fato uma velocidade máxima de aumento do produto que mantém o equilíbrio macroeconômico. Essa constatação, por sua vez, nada mais é do que o reconhecimento de que existe, sim, um crescimento potencial-exatamente o máximo de expansão que pressiona os fatores e não causa desequilíbrios. É preciso, contudo, fazer-se todas as ressalvas sobre a sua imprecisão na hora de estimá-lo. O que não tem sentido, por outro lado, é simplesmente ignorar o crescimento potencial, como se a dificuldade que cerca um tema autorizasse o especialista a abandoná-lo.

Quando se pensa a questão do crescimento potencial no Brasil de hoje, o primeiro passo é o de tentar entender a aceleração da atividade no governo Lula. E o que chama mais atenção é que a taxa de crescimento da produtividade total dos fatores (PTF), de 2% ao ano, explica praticamente todo o aumento do ritmo de expansão do PIB em relação ao governo de Fernando Henrique Cardoso.

EXAME

Decifrar as causas da aceleração da PTF na era Lula é uma tarefa imprescindível. Infelizmente a PTF é uma variável residual, e é difícil que qualquer explicação para aquele fenômeno vá alem do terreno das conjecturas. Ainda assim, vale a pena examiná-las e duas explicações se sobressaem como possibilidades bastante razoáveis. A primeira é que o ritmo mais forte de crescimento da PTF seja consequência das reformas institucionais que se iniciaram com o Plano Real. Uma segunda possibilidade estaria relacionada ao choque externo positivo proporcionado pela alta dos preços das commodities exportadas pelo Brasil. Neste caso a trajetória de crescimento com especialização nos setores de maior produtividade no país, como o agronegócio e a mineração, seria função da conjuntura internacional favorável. Assim, esses segmentos  aumentaram sua participação no PIB ao longo do tempo, jogando a PTF média para cima.

O objetivo final é o de se chegar à tendência potencial do PIB hoje, mas o exercício quantitativo limitou-se ao governo Lula, para evitar os conhecidos problemas técnicos de final de amostra. A solução foi a de se estimar o intervalo para o produto potencial do governo Lula e, a partir daí tentar inferir a situação atual por meio de análises mais qualitativas.

O cálculo do produto potencial leva em conta a trajetória observada do PIB e a evolução dos insumos ou fatores de produção. Dessa forma, é preciso ter informações sobre as horas trabalhadas, o estoque de capital e o seu nível de utilização.  A partir daí, utiliza-se uma relação funcional entre os fatores e a quantidade produzida, na qual a PTF entra como variável de ajuste, não observada.

A trajetória observada no PIB não deve corresponder ao PIB potencial, já que toda economia real oscila em torno do equilíbrio, hora apresentando excesso de demanda, com pressões inflacionárias, hora com recessão e desemprego de fatores. Para estimar o PIB potencial, é preciso utilizar técnicas estatísticas para separar o ciclo da tendência de longo prazo, tanto nas horas trabalhadas como no nível de ocupação da capacidade instalada. Quanto a produtividade, é possível trabalhar com duas hipóteses: a primeira supõe que a PTF a cada momento representa perfeitamente a tendência, a segunda busca filtrar a variável, expurgando o componente cíclico.

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