MARX E O PANOPTICO
Por: Alison Alcantara • 30/5/2016 • Projeto de pesquisa • 2.263 Palavras (10 Páginas) • 469 Visualizações
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Primeira Parte das Questões
1.
O panoptico é a representação da mecanicidade do utilitarismo pois sendo ele a construção de um espaço desenhado para o aproveitamento de todos elementos humanos e a maximização da utilidade dos mesmos, o termo “mecanicidade” tem grande aproximação com o efeito que o Panóptico causa em seus habitantes. O Panóptico em si não é uma prisão mas um dispositivo de vigilância, todos os elementos do Panótico são pensados e construídos para modificar a moral e maximizar a utilidade de um indivíduo a sociedade, fazer com que o mesmo abandone a irracionalidade e siga sempre um padrão de comportamento, nele os seres humanos são comprometidos a um padrão de comportamento constante, e por isso que Jaques-Allain Miller afirma que o Panóptico representa a mecanicidade do utilitarismo. Ao observar mais afundo os elementos contidos no Panótico podemos comprovar esta afirmação.
Resumidamente no Panóptico as pessoas devem estar sendo sempre observadas ou com a sensação de que estão, com o objetivo de diminuir as irracionalidades ou ações que saem do comportamento desejado pelo inspetor. E não podem se comunicar com os vizinhos para o sentimento de solidão estar sempre presente. Jaques-Allain Miller também demonstra a lógica utilitarista no capítulo de seu artigo “ A Minúncia “ onde demonstra que Bentham Calcula tudo. O solo, o ar, a luz, as escadas, vestimentas., prevê todos os atos,
Já que a idéia é transformar o homem, modifica-lo, deve-se banir o acaso. Sendo este acaso, inclusivo de qualquer comportamento fora do padrão definido como útil a sociedade. Portanto pode se abstrarir o conceito de mecanização, tendo em vista que toda a capacidade humana de raciocinar e agir está sendo guiada para maximizar a utilidade e produção assim como uma máquina. Uma máquina somente utiliza seu tempo de existência produzindo. E a partir deste ponto a Teoria de Marx da alienação do trabalho causada pelo modo de produção capitalista se torna visível.
Marx explicíta o processo da alienação do trabalho com o exemplo do trabalho industrial, com o surgimento de maquinarias e a divisão do trabalho ocorre a maximização da produção porém força o trabalhador a movimentos repetitivos e a uma alienação de seu pensamento. Sem dúvidas o famoso filme Tempos Modernos de Charlie Chaplin, com humor demonstra a crítica Marxista ao utilitarismo presente no Panótico de Bentham, onde o ser humano perde totalmente o pensamento independente e se aproxíma do comportamento de uma máquina. Não poderia haver exemplo melhor. No filme também a o inspetor que fica em uma sala com câmeras podendo observar todos os funcionários da fábrica e comandar a velocidade e o modo como trabalham. Tanto Marx quanto Bentham acertaram no efeito do princípio da inspeção no trabalhador, visando maximizar a produtividade do mesmo. O processo de acumulação de capital se da pelo crescimento da produção e extação de valor do trabalho portanto tem de crescer juntamente com um sistema cada vez mais panoptico pois é o sistema desenhado para obter maior eficiência em extrair mais-valia.
2.
A análise de Marx sobre a acumulação capitalista não é desenvolvida sobre aspectos morais porque o método de Marx consiste não do ponto de vista subjetivo das pessoas mas em analisar os fenômenos econômicos com o objetivo desenvolvimento da sociedade que em sua base não contem a religião e a moral mas sim a natureza e o trabalho. Portanto para Marx o própio capitalismo segue suas própias leis como a Lei Geral da Acumulação Capitalista exposta no capítulo 23 de O Capital. Ele observa que todos os sistemas econômicos sociais são passageiros e chegam a esgotamento. Assim Marx não analisa a questão da acumulação capitalista em aspectos morais mas sim em questões estruturais. Se a lei geral da acumulação capitalista é se expandir e aumentar a produtividade, incrementar o tamanho do capital fixo as custas do variável e assim gerar um maior “exército de reserva” e desempregados, no panóptico mecanismos utilitários servem para dar uso a estas pessoas que em tese não estão produzindo maximizadamente e dar continuidade a lei geral da acumulação capitalista. Todo o complexo panóptico é construído para aumentar a produtividade, portanto o Bentham que em sua teoria utilitarista busca o bem maior da sociedade, introduz castigos como a dor física no compelxo panóptico para aumentar a produtividade, portanto pode-se dizer que a dor se torna uma espécie de capital investido para render maior lucro. O panóptico é a materialização do desenho de maximizar a utilidade e produtividade utilitarista, portanto a redução do tempo e eficácia de que se extrai valor é crucial e o motivo original de todo o complexo panóptico. Este é somente um método de obter a maximizaçao do lucro sobre o tempo e portanto ao olhar da teoria utilitarista aumentar o bem estar social. Se desde o surgimento do Capital ao fim do feudalismo, a regra da acumulação é a citada anteriormente o panóptico nada mais é do que uma forma de maximizar esta lei.
2ª Parte das Questões
1.
Para Marx o que determina uma elevação na produtividade é a diminuição do tempo de trabalho social necessário para gerar o valor e portanto um aumento da mais valia do trabalho, também deve ocorrer o crescimento do produto total em valor/tempo. O valor da força de trabalho, diz Marx, é “[...] determinado, como o de qualquer outra mercadoria, pelo tempo de trabalho necessário à sua produção e, por conseqüência, à sua reprodução” (MARX, 1999, p. 200). Portanto aumentando sua produtividade definida acima tende a aumentar a acumuluação de capital. “A venda da força de trabalho ocorre ideal ou juridicamente nesse primeiro processo, embora só se pague o trabalho após a execução, no fim do dia, da semana etc. Essa circunstância em nada altera a transação em que se vende a força de trabalho. O que aí diretamente se vende não é mercadoria em que o trabalho se realizou e sim o uso da própria força de trabalho, de fato portanto o próprio trabalho, pois o uso dessa força é a ação dela, o trabalho.[...] O salário - o valor da força de trabalho - toma por isso a aparência, conforme se explicou antes, de preço direto de compra, preço do trabalho.” (Livro 4 - Teorias da Mais Valia. Volume 1. São Paulo:Bertrand Brasil, 1987. - pp. 384-406.) Mas, ao mesmo tempo, a força de trabalho só é comprada porque o trabalho, que pode realizar e se obriga a executar, é maior que o trabalho necessário para reproduzir a força de trabalho, e se apresenta por isso, em valor maior que o valor da força de trabalho, esta é a peculiaridade do exemplo da venda de força de trabalho. “ A produtividade do capital, antes de mais nada consiste, mesmo considerando-se apenas a subsunção formal do trabalho ao capital, na coerção para se obter trabalho excedente trabalho acima da necessidade imediata, coerção que o modo capitalista de produção partilha com modos de produção anteriores, mas que exerce e efetiva de maneira mais favorável à produção. ” Dois tipos de troca acontecem entre capital e mão de obra. A primeira ilustra apenas a compra da força de trabalho e por isso, na realidade, do trabalho e, em consequência, do respectivo produto. A segunda, a materialização do trabalho vivo como sendo feita do capital. ” Nesse processo, onde as características sociais de seu trabalho a eles se contrapõem, por assim dizer, capitalizadas (na maquinaria, por exemplo, os produtos visíveis do trabalho se revelam dominadores do trabalho), o mesmo se dá naturalmente com as forças naturais e com a ciência, o produto do desenvolvimento histórico geral em sua quinta-essência abstrata - elas os enfrentam como forças do capital. Na realidade separam-se da habilidade e do conhecimento do trabalhador individual e, embora na origem também sejam produto do trabalho, onde quer que entrem no processo de trabalho, apresentam-se incorporadas ao capital. O capitalista que emprega uma máquina não precisa ter o conhecimento de seu mecanismo. Mas, em relação aos trabalhadores, a ciência realizada na máquina se revela capital. E na realidade todo esse emprego, fundado no trabalho social e em grande escala, da ciência, das forças naturais e dos produtos do trabalho só aparece mesmo como meio de explorar trabalho, de apropriação de trabalho excedente, portanto, para o trabalhador, como aplicação das forças pertencentes ao capital. O capital emprega naturalmente todos esses meios apenas para explorar o trabalho, mas, para explorá-lo, tem de empregá-los na produção. E assim o desenvolvimento das forças produtivas sociais do trabalho e as condições desse desenvolvimento aparecem como ação do capital, em relação à qual o trabalhador individual tem mero comportamento passivo, e que em oposição a ele se exerce. “ (Marxists.org). A subsunção formal, a qual Marx se refere, é a primeira forma de subordinação do trabalho ao capital para valorização deste e que tem como pressuposto a separação do produtor direto de seus meios de produção e subsistência e a sua transformação em trabalhador assalariado, condição esta que impõe a subordinação deste ao capitalista que se apropria desses meios, monopolizando e transformando-os em capital, em forças de coerção contra os trabalhadores. Nesse processo dá-se início à contradição essencial do sistema capitalista, a produção social da riqueza e sua a apropriação privada. A partir daí, tem-se a desigualdade social como uma das principais implicações da subordinação formal do trabalho ao capital nas relações sociais.
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