O Conjunto Vazio
Por: Stefani Elisa Fonseca Matavelli • 3/7/2022 • Artigo • 909 Palavras (4 Páginas) • 115 Visualizações
O conjunto vazio exposto pelo autor diz respeito aos países que poderiam ter alcançado um crescimento superior em relação aos países avançados, precisamente entre 1965 e 1984. Tomando como base nos países avançados um crescimento de 2,4% anuais do PIB per capta, sendo aceito como definição de equidade de distribuição de renda a relação entre os 40% com renda mais baixa e os 10% da população com as rendas mais altas, pode-se alcançar uma relação de 0,8 em que os 40% com renda mais baixa detinham 80% da renda dos 10% mais ricos. Na América Latina, no entanto, foi obtido desse percentual 0,4, a metade observada nos países avançados.
Um dos argumentos que tentaram explicar esse conjunto vazio foi refutado pelo autor, uma vez que diziam que o processo de desenvolvimento desses países da América Latina seria um fator de não alcance desse espaço vazio, porém o autor compara o mesmo processo com países como Portugal, Israel e Hungria que tiveram características semelhantes aos países latinos e alcançaram com efeito. Na análise o autor ainda cita que o crescimento populacional foi o indicador que apresentou maiores resultados no período sempre ficando à frente de indicadores como produção industrial, participação de engenheiros e cientistas e representação de autores científicos, acentuando que o processo de desenvolvimento latino-americano tem como aspecto principal a incorporação insuficiente de progresso técnico. “Uma característica fundamental do desenvolvimento regional, portanto, seria que o conjunto do valor intelectual com os recursos humanos e naturais disponíveis tem sido particularmente exíguo, o que implica, de uma ou de outra maneira, que se trata de um desenvolvimento que é mais fruto da imitação do que de um processo de reflexão sobre as carências e potencialidades externas.” (FAJNZYLBER, 2000).
Segue apontando mais profundamente os cinco fatores que podem explicar a caixa vazia no caso da América Latina, a inserção no mercado internacional através de matérias-primas é fator passível de discussão quando se tem conhecimento da deterioração da relação dos preços, sendo este um fator desfavorável. Nesse aspecto, ele cita o caso inverso no Brasil pelo menos a partir de 1982, apresentando um superávit no setor manufatureiro. Pontua que os países da AL apresentam bons resultados naquilo que não os favorecem em termos de mercado internacional e péssimos resultados nos que os favorecem. Seguindo vai frisar sobre a industrialização voltada ao mercado interno, uma vez que lembra que embora o processo industrial tenha sido iniciado, salvo em alguns casos, sempre foi voltado para dentro, as exportações possuíam pouco ou nenhum grau de tecnologia aplicadas nos processos de produção. Expõe ainda que não foi a substituição de importações fator principal da não inserção tecnológica desses países no mercado internacional, haja vista que outros países avançados também o fizeram, entretanto, essa abertura para o mercado internacional, não voltada tanto assim para dentro, poderia ter sido realizado com maior afinco. Aponta sobre o desejo de alçar o padrão de consumo norte americano, adquirindo produtos de alto valor, sendo o carro o símbolo mor desse estilo de vida. Ele pontua que a depender do produto o desejo de consumo pode ter inserção em menor ou maior grau em várias camadas da sociedade, urbanas e rurais. Entretanto salienta que a renda dos países de centro equivale a mais de sete vezes a renda per capita da américa latina, sendo a dimensão econômica cinco vezes maior, apontando que o modelo de consumo praticado, reflete também a preocupação interna com o dinamismo do país e as reais reflexões advindas desse pensamento.
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