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O Furtado x Mircea Buescu

Por:   •  13/10/2020  •  Resenha  •  949 Palavras (4 Páginas)  •  150 Visualizações

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Aula 19 – Mircea Buescu x Celso Furtado

Segundo Celso Furtado na transição do século XVIII para o século XIX observa-se a decadência da mineração e o declínio de renda agregada. O problema tornava-se ainda mais grave na medida em que não havia, na colônia, base técnica que permitisse um desenvolvimento industrial robusto, desta forma, era necessário importar maquinários.

A cobertura das despesas com importação deveria ser feita com o aumento nas exportações. Segundo Furtado este é o problema, estava ocorrendo uma queda no volume de exportações do Brasil. Neste período observa-se que os preços de exportação diminuíram em 40%, enquanto os gastos com importação mantiveram constantes. O setor exportador cresceu apenas 0,8% (sustentado em boa medida pela produção cafeeira no Vale do Paraíba) não conseguindo acompanhar o avanço populacional de 1,3%. Além disso, os mercados para industrializados eram muito pequenos no Brasil: praticamente não absorviam os produtos da siderurgia, desta forma, a industrialização deveria ter começado pelos produtos que já tinham mercado (tecidos, por exemplo). Porém, a baixa dos preços dos tecidos ingleses dificultou a subsistência da indústria local.  

Assim, Furtado conclui que a baixa de preços foi tão grande que não era possível defender a indústria local por meio de uma política tarifária.

Caio Prado, Olga Pantaleão - Não tem como ser protecionista, assina um tratado com a Inglaterra que a propicia tarifas alfandegarias mais baixas aos produtos ingleses, já Celso Furtado discorda dessa opinião segundo o autor não se trata de falta de proteção, pois apesar dos produtos ingleses terem taxa de importação favorecida, mas houve movimento de desvalorização cambial muito forte, ou seja, ouve uma proteção cambial, e mesmo assim, o problema se coloca, pois teve uma baixa de preços na Inglaterra devido a revolução industrial. Como mostra o trecho: “a baixa de preços foi de tal ordem que se tornava praticamente impossível defender qualquer indústria local por meio de tarifas. Houvera sido necessário estabelecer cotas de importação.” (p. 171-172).  Mas, caso coloque-se essas cotas, a importação tornaria mais cara e reduziria a renda real da população.

Precisaria do setor exportador que não se comporta como vinha acontecendo, visão Furtado se impõe o crescimento do setor de subsistência, marcando um processo de involução econômica.

Assim, segundo Furtado na primeira metade do século XIX, o Brasil atravessou um processo de involução econômica, marcado pela redução da renda per capita e pelo aumento do setor de subsistência, sem a modernização produtiva.

Mircea Buescu, diferentemente de Furtado, destaca que apesar de um sensível declínio da renda, os  acontecimentos  da  primeira  metade do  século  XIX  foram essenciais  para  o  progresso  verificado  na  segunda  metade  do século;  "a  época  de  Mauá  só  foi  possível  graças  à  de  Cairu".  Acontecimentos sociais, culturais,  políticos  e  econômicos  do  período  1800-1850  teriam  sido  decisivos  na mudança:  formação  de  uma  elite  intelectual, surgimento da  imprensa, de  um  sistema  educacional  (ainda  que  limitado),  crescimento  da  classe média  relacionada  à  vinda  da  Corte  Portuguesa,  a  abolição  do  tráfico  negreiro,  o aumento  da  imigração  branca,  o  surto  do café  e  a  criação  de  novas  instituições  econômicas,  como  o  Banco  do  Brasil.

Um fator que chamou a atenção de Buescu foi a maior difusão do ideário iluminista no Brasil nos primeiros anos do século XIX. Buesco capta esse novo espírito que permeia a elite intelectual na colônia a partir dos escritos de Rodrigues de Brito, que inspirado nos economistas clássicos, critica as medidas restritivas da Metropole com relação a produção agrícola no Brasil. Afirma ser necessário que se garanta liberdade aos produtores para empregarem trabalho e capital da maneira mais vantajosa, assim como liberdade para escolher os melhores compradores, ampliando seus lucros. Brito também critica a excessiva tributação imposta pela Coroa, comparando-a a um roubo, como mostra o trecho:

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