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O TRIUNFO DA GLOBALIZAÇÃO ECONÔMICA E A ECLOSÃO DE CRISES

Por:   •  3/9/2019  •  Trabalho acadêmico  •  5.329 Palavras (22 Páginas)  •  237 Visualizações

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O TRIUNFO DA GLOBALIZAÇÃO ECONÔMICA E A ECLOSÃO DA CRISE FINANCEIRA SUBPRIME

A globalização econômica constitui-se como a mais contemporânea configuração da ordem de produção capitalista. A referida sistematização evidencia elevação significativa do grau de internacionalização das economias, de modo que, cada nação, vincula-se às demais estabelecendo uma complexa cadeia de trocas em âmbito planetário, denominada sistema-mundo:

Correspondendo à mais recente fase da expansão capitalista, o processo de globalização está para o atual período técnico-científico ou informacional do capitalismo como o colonialismo esteve para a fase do capitalismo comercial (do século XVI ao XVIII), ou o imperialismo para o período capitalista industrial (do século XIX até metade do século XX). Como nos outros períodos, busca-se aumento dos mercados e, portanto, dos lucros (MOREIRA; SENE, 2002. p. 345).

Desta maneira, interdependência político-financeira que se funda sobre as economias mundiais, bem como a acentuação dos fluxos de capitais, informações, serviços e pessoas ao longo do espaço geográfico, constituem-se como características fidedignas do processo de mundialização financeira.

2.1 Da revolução técnico-científica à geopolítica do pós-guerra

As revoluções industriais dos séculos XVIII e XIX propiciaram o ingresso de novas técnicas à produção, bem como o emprego de fontes energéticas capazes de elevar a eficiência do processo produtivo. Historicamente, o aprimoramento de métodos produtivos se desencadeou de forma vagarosa, de modo que, a invenção da máquina a vapor em fins do século XVII – e o posterior aperfeiçoamento tecnológico que permitira a utilização de fontes diversas de energia que não a térmica, tais como a oriunda do carvão mineral, eletricidade e petróleo – representaram ruptura significativa com os padrões de produção vigentes. Todavia, tais progressos não foram congregados inteira e velozmente às plantas industriais. Diferentemente do observado até então, a chamada revolução técnico-científica (ou terceira revolução industrial), que eclodira nas últimas décadas do século XX, evidenciou expansão dos níveis de produtividade via processamento de informações e agregação de conhecimento (MOREIRA; SENE, 2002, p. 280).

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É sabido que as economias mundiais4 atravessaram um período de ligeiro crescimento econômico a partir do término da segunda grande guerra mundial (1938-1945) até meados da década de 1970, atrelado, sobretudo, à difusão do receituário econômico e político oriundo do keynesianismo5, que impetrara respaldo considerável após a crise de 19296, maiormente em decorrência da recuperação econômica ocasionada pela introdução do new deal7 (MOREIRA; SENE, 2002).

Segundo Moreira e Sene (2002, p. 278 a 287), no período posterior a segunda grande guerra mundial, ocorrera recuperação veloz do Japão, da Europa ocidental, e, sobretudo da Alemanha, principalmente através do aparato econômico norte-americano nos moldes da doutrina Truman8. Desta maneira, no contexto pós-guerra, as unidades produtivas dos centros do capitalismo mundial vigente, exerceram considerável função no tocante à maximização de aperfeiçoamentos tecnológicos e de pesquisa e desenvolvimento, que por sua vez, tornaram-se indispensáveis na medida em que a concorrência econômica tornava-se planetária. É válido salientar que, a “corrida armamentista” e a competição aeroespacial evidenciadas durante o período da guerra fria entre Estados Unidos e União Soviética (1945-1991), concederam propulsão relevante ao desenvolvimento tecnológico.

Assim, as últimas décadas do século XX evidenciaram grandes inovações, implementadas tanto no primeiro quanto no segundo e no terceiro setores. Tais inovações verificam-se na rápida disseminação da informática e aprimoramento da biotecnologia, da telecomunicação, da robótica, e dos meios de transporte.

O objetivo da produção tecnológica é na verdade determinado pelo sistema econômico; a tecnologia só desenvolve métodos produtivos para bens procurados. A realidade econômica não executa necessariamente os métodos até que cheguem a sua conclusão lógica com inteireza tecnológica, mas subordina sua execução a pontos de vista econômicos. O ideal tecnológico que não leva em conta as condições econômicas é modificado (SCHUMPETER, 1911 p. 32-33).

4 Faz-se menção, sobretudo, aos núcleos do modo de produção capitalista vigente (1939-1970), tais como Estados Unidos, Japão e Europa Ocidental (MOREIRA; SENE, 2002).

5 Diz respeito à doutrina econômica que prega a intervenção do Estado na economia, bem como a análise da demanda agregada enquanto determinante do nível de produto (BLANCHARD, 2011).

6 Crise de magnitude global que teve como epicentro a quebra da bolsa de Nova Iorque em 1929 (NASCIMENTO, 2006).

7 Plano econômico norteado por concepções keynesianas, executado nos EUA pelo presidente Roosevelt (NASCIMENTO, 2006).

8 Plano de aparato econômico direcionado a reconstrução da Europa no pós segunda guerra, encabeçado pelo até então presidente dos EUA, Harry Truman, que possuía intrínseco o objetivo de conter a expansão soviética no início da guerra fria (MOREIRA; SENE, 2002).

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Segundo Schumpeter (1911, p. 23-67) a dialética econômica dirige os nortes da inovação tecnológica, haja vista que a aplicação da mesma faz-se necessária à medida que a atividade econômica torna-se produtivamente insatisfatória. Tal constatação corrobora o fato de a revolução técnico-científica apresentar caráter proeminente no que tange a dinamização dos processos produtivos, a elevação dos níveis de produtividade e a maximização de aspectos qualitativos dos bens e serviços originados. A inovação tecnológica constitui-se como fundamento primordial ao processo de globalização econômica.

Desta maneira, a expansão econômica das economias capitalistas vivenciada no período que procedeu a segunda guerra e arrastou-se até a primeira crise do petróleo9 (1945–1973) teve como fator preponderante – além da atuação mais impetuosa dos Estados nacionais nos moldes do keynesianismo, e da aplicação continuada de novas tecnologias ao processo produtivo - o desempenho de organismos econômicos internacionais instituídos após a guerra (MOREIRA; SENE, 2002, p. 232).

Ainda durante a guerra, em 1944, em Bretton Woods (estado de Nova Hampshire, Estados Unidos), representantes de 44 países se reuniram com o intuito de instituir as diretrizes para o restabelecimento

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