O que é o mercado e como ele funciona? Noções sobre oferta e demanda Introdução

O que é o mercado e como ele funciona? Noções sobre oferta e demanda Introdução

Em situações de estiagem, os níveis de água dos reservatórios das hidrelétricas afetam a capacidade de geração de energia, elevando a tarifa da conta de luz. No inverno brasileiro, o preço das diárias nos hotéis em Gramado (Rio Grande do Sul) aumenta, enquanto as diárias nos hotéis em cidades litorâneas, cai. Uma grande chuva na região sul do Brasil que afeta a produção agrícola de soja, levando a quebra de safra, gera um aumento nos seus preços. As máscaras PFF2 e N95, baixaram o preço após a liberalização das mesmas em espaços abertos. Além desses exemplos, podemos citar o preço do automóvel (novos e usados) durante a pandemia e o aumento do preço dos ingressos na véspera de um evento. O que esses acontecimentos têm em comum? Todos mostram como funcionam a oferta e a demanda.

A oferta e a demanda são as forças que fazem as economias de mercado funcionar, considerando como compradores e vendedores se comportam e interagem para determinar os preços e as quantidades produzidas de cada bem. O equilíbrio entre oferta e demanda mostra como os preços alocam os recursos escassos da economia. Se quiser saber como a economia será afetada por qualquer acontecimento ou política, você precisa pensar, primeiro, nos efeitos provocados sobre a oferta e a demanda.

Mercados e competição

Oferta e demanda referem-se ao comportamento das pessoas à medida que interagem entre si em mercados competitivos. O mercado é formado por um número de compradores e vendedores de determinado bem em serviço (para melhor entendimento, é melhor pensarmos em um produto específico, como o leite). Às vezes os mercados são altamente organizados, compradores e vendedores conseguem negociar seus produtos por intermédio de uma cooperativa, que estabelece os preços e a organiza as vendas. Mas frequentemente, os mercados são menos organizados. Por exemplo, a venda de leite na feira de agricultores da agricultura familiar. Os compradores não definem um preço comum e estão distribuídos em pontos diferentes da feira. Além disso, podem oferecer além do leite, produtos diversos, indicando que não são especializados no lácteo. Não há um organismo para definir o preço do leite. Cada vendedor estabelece o seu e cada comprador decide quanto comprar em cada produtor. No entanto, esses consumidores e produtores estão intimamente ligados. Os compradores de leite escolhem entre os vários vendedores, aqueles que vendem a menor preço para satisfazer sua vontade, e os vendedores tentam atrair a atenção dos compradores para que seu negócio tenha sucesso. Embora não seja tão organizado, esse grupo forma um mercado.

O mercado de leite, como a maior parte dos mercados em uma economia, é altamente competitivo. Cada comprador sabe que há vários vendedores para escolher, e cada vendedor tem consciência de que seu produto é semelhante àquele oferecido por outros. Desse modo, o preço do leite e a quantidade vendida não são determinados por um único comprador ou vendedor. Ao contrário, eles são determinados por todos os compradores e vendedores à medida que interagem. Os economistas empregam a expressão mercado competitivo para descrever um mercado onde há tantos compradores e vendedores que cada um deles tem efeito insignificante sobre o preço do mercado.

O oposto de um mercado competitivo é um mercado em que há poucos compradores ou poucos vendedores e suas decisões afetam a estrutura de preço de uma forma unilateral, não existe uma “negociação” entre consumidores e produtores, como no mercado competitivo. Podemos citar o caso dos monopólios, em que uma única empresa detém todo o poder de venda. Em Viçosa, por exemplo, a viação União de transporte público é a única da cidade, não há concorrência. Outro exemplo é a CEMIG, empresa de energia em Minas Gerais. A decisão de aumentar a tarifa de transporte é unilateral, não depende das decisões de consumo da comunidade. Outro caso de mercado não competitivo é o monopsônio, ocorre quando apenas um comprador afeta substancialmente o mercado em que atua. Seria o caso da Petrobrás, é a única empresa que pode comprar o gás natural do gasoduto Brasil-Bolívia e revender no Brasil.

No mercado competitivo os compradores e vendedores têm controle limitado sobre o preço. Se um produtor vende um litro do leite a R$6,00 e os demais a R$3,00, esse vendedor não conseguirá impor esse preço a seus concorrentes, porque os produtos são similares e, os consumidores racionais, preferem pagar menos. Por outro lado, um vendedor não tem muitos motivos para vender abaixo do preço vigente e, se cobrar mais do que isso, os compradores vão fazer suas compras em outro lugar. Da mesma forma, comprador algum pode influenciar o preço do leite porque cada um deles compra uma pequena quantidade em relação ao total de leite comercializado no mercado.

Nesta aula, faremos a suposição de que os mercados são perfeitamente competitivos. Para alcançar essa forma de competição, um mercado deve apresentar duas características: (1) os bens oferecidos para venda são todos iguais (não há diferenciação por qualidade, cor, sabor, textura, tamanho, etc) e (2) os compradores e vendedores são tão numerosos que nenhum deles é capaz de, individualmente, influenciar o preço de mercado. Como os compradores e vendedores dos mercados perfeitamente competitivos precisam aceitar o preço que o mercado determina, são chamados tomadores de preços. A preço de mercado, os compradores podem adquirir tudo que desejam, e os vendedores podem vender tudo que querem.[pic 1][pic 2]

Demanda

A demanda trata do comportamento dos consumidores.

A curva da demanda: estabelece a relação entre preço e quantidade demandada. A quantidade demandada de um bem qualquer é a quantidade desse bem que os compradores desejam e podem comprar. Como veremos, são muitas as coisas que determinam a quantidade demandada de qualquer bem, mas, quando se analisa o funcionamento dos mercados, há uma determinante que representa um papel central: o preço do bem.

Vamos pensar no mercado de sorvete. Se o preço do sorvete subir para R$10,00 a bola (supondo que atualmente a bola seja R$5,00), você comprará menos sorvete. Poderá, por exemplo, comprar frozen yogurt em vez de sorvete. Se o preço do sorvete cair para R$2,00 a bola, você comprará mais sorvete. Essa relação entre preço e quantidade demandada se aplica à maioria dos bens existentes na economia e, de fato, ela é tão universal que os economistas a chamam lei da demanda.