Passagens da antiguidade
Por: Matheus Pereira • 11/4/2016 • Resenha • 810 Palavras (4 Páginas) • 1.283 Visualizações
Em busca de uma síntese (p.123-137)
ANDERSON, Perry. Passagens da Antiguidade ao feudalismo. Tradução por Beatriz Sidou. 3ª Edição. São Paulo: Editora Brasiliense, 1991.
O trecho da obra em questão tenta de forma geral buscar a derivação do mundo social e político da Antiguidade clássica, a origem de sua transição para o mundo medieval e os principais determinantes para o surgimento das estruturas resultantes e a evolução do feudalismo na Europa.
Em primeira instância Anderson (1991) apresenta a discussão que perpetuou-se durante anos e ainda ocorre em períodos não tão longos sobre a origem do feudalismo, modo de produção que disseminou-se na Europa Medieval. Para tal finalidade, o autor apresenta as ideias teóricas debatidas entre historiadores ligados ao tema sobre a consistência de fatos presentes no colapso e/ou na fusão dos legados (ou os modos de produção antecedentes) romano e germânico que deram os primeiros passos para o surgimento do feudalismo. Entretanto o autor afirma que “[...] uma tipologia do feudalismo europeu é necessária – em vez de um simples pedigree” (ANDERSON, 1991, p.125).
Para isso o autor destaca as principais contribuições advindas dos dois sistemas sociais antecedentes, baseado em princípios do modo de produção, organização, distribuição, governança e das instituições de cada um desses sistemas, ressaltando a Igreja Cristã como única instituição que procedeu com toda a transição da Antiguidade à Idade Média em sua total essência. Desse modo, fica claro e objetivo na obra em questão a singularidade dos fatos ocorridos que possibilitaram o surgimento do feudalismo.
Ainda sobre a importância da Igreja Cristã no intermédio dos acontecimentos, Anderson explicita que “Ela foi, realmente, o principal e frágil aqueduto sobre o qual passavam agora as reservas culturais do Mundo Clássico ao novo universo da Europa feudal, onde a escrita se tornara clerical” (ANDERSON, 1991, p.126). Torna-se possível através dela o surgimento de novos elementos atribuídos ao novo sistema, elementos estes considerados essenciais, advindos do rompimento da escravidão clássica. É de fácil observação que o autor coloca a Igreja Cristã como foco dentro da transição dos dois períodos trabalhados, destacando os elementos fundamentais que a ela são atribuídos durante o processo. É também válida a ressalva que sem esse enfoque geral entorno desta mesma instituição, a complexidade dos acontecimentos tornar-se-ia oculta de modo geral para o leitor, ou seja, atribuir determinados fatos e consequências à Igreja Cristã vem a tornar-se o método mais eficaz para compreensão e abstração diante do objeto em pesquisa.
Como ponto central e determinante para os passos crucias de surgimento do feudalismo, Anderson (1991) destaca fortemente a era carolíngia. O autor busca então explicitar de forma clara e objetiva todos os atores e locais que se incorporam naquele período possibilitando a compreensão das primeiras características e instituições que surgiam em torno da Europa feudal. Carlos Magno foi de grande influência para o marco inicial do novo modo de produção através de suas determinações em seus impérios e que consequentemente lastravam-se diante de todo território europeu.
O novo sistema começava então a apresentar suas primeiras características centrais, como o ganho direto de benefícios da classe vassi dominici provindos diretamente do imperador Carlos Magno. Em troca, esta classe prestava ao império e ao imperador seus serviços militares. “Mas o sistema se estendia bastante a direta lealdade ao imperador. Outros vassalos eram beneficiários de príncipes, que por sua vez eram vassalos do governo supremo” (ANDERSON, 1991, p.134). Estas trocam estendiam-se através de poderes jurídicos e políticos, transformando assim os prestadores de serviços militares em proprietários de terras, sendo estas terras conhecidas mais tarde como ‘”feudos”.
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