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Resumo Ética protestante e espírito do capitalismo

Por:   •  24/3/2021  •  Trabalho acadêmico  •  2.135 Palavras (9 Páginas)  •  215 Visualizações

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História Econômica Geral

Atividade 5

Bernardo Francalacci Fortunato da Silva (20100974)

O Espírito do Capitalismo:

        O espírito do capitalismo, pode apenas ser compreendido, se visto como um complexo de elementos associados na realidade histórica, que unidos formam um todo conceitual, um significado cultural. Esta determinação deve ser uma descrição provisória do que se entende por espírito do capitalismo. Entretanto, indispensável para a clara compreensão do objeto. Assim, faz-se um documento puro deste espírito, livre de preconceitos.

        Para Weber, é em algumas sentenças de Benjamin Franklin, que o espírito do capitalismo se expressa de forma característica. Franklin afirma que tempo é dinheiro, e que crédito é dinheiro, este dinheiro sendo de forma prolífica e criativa. Que o bom pagador e trabalhador sempre terá mais acesso a crédito, e que a perda da oportunidade de crédito, de tempo, ou da confiança, é a perda não apenas da quantidade de dinheiro em questão, mas também da possível reprodução deste capital. Assim Franklin prega uma certa filosofia da avareza, com o ideal de homem honesto, crédito reconhecido, e acima de tudo o dever do indivíduo com relação ao aumento de seu capital, ou seja, a acumulação como fim em si mesma. A infração desta ética peculiar, é tratada como um esquecimento do dever. Weber também cita Jacob Fugger, que afirmava querer ganhar dinheiro enquanto pudesse, mesmo já possuindo o suficiente. Aqui o espírito assume, diferentemente das citações de Franklin, a forma um caráter ético orientador da vida.

        Fala-se no texto, do capitalismo da Europa Ocidental e norte-americano, já que nas outras formas de capitalismo existentes em outros locais e períodos de tempo, faltava uma ética particular. Esta ética, a obtenção de mais e mais dinheiro, afastando-se do gozo da vida, é destituída de caráter hedonista, pois é pensada como finalidade em si, sendo algo superior a felicidade e utilidade do indivíduo. O homem é dominado pela produção de dinheiro, a aquisição não está mais subordinada ao homem como meio de satisfazer suas necessidades materiais, e esta inversão de relação natural é um princípio orientador do capitalismo, estranha aos povos fora de sua influência. Mas também expressa um tipo de sentimento ligado a certas ideias religiosas, como por exemplo, o fato de ganhar dinheiro legalmente nesta ordem econômica, ser considerado uma expressão de virtude e vocação. E esta ideia do dever profissional, é base fundamental da ética social do capitalismo.

        Porém, não se quer afirmar que a aceitação destas máximas éticas, seja uma condição da futura existência do capitalismo atual. A empresa, dos dias de Weber, é tida como ordem de coisas inalterável, onde o indivíduo é envolvido nas relações de mercado, e obrigado a se conformar às regras do capitalismo. O fabricante que se opuser será economicamente eliminado. Assim o capitalismo seleciona os mais aptos. Para que um modo de vida adaptado a peculiaridade do capitalismo pudesse ser selecionado, ele não apareceu em indivíduos isolados, mas como um modo de vida comum a grupos inteiros. O espírito do capitalismo esteve presente antes do desenvolvimento capitalista, e teve que lutar pela sua supremacia contra todo um mundo de forças hostis.

        As ideias descritas por Franklin, aplaudidas por todo um povo, teriam sido classificadas como baixo tipo de avareza na Antiguidade e na Idade Média, e isto não se deve apenas ao desconhecimento ou pouco desenvolvimento do instinto de aquisição. Se o capitalismo não pode se utilizar de homens inescrupulosos nas relações com outros, menos ainda dos que praticam o livre arbítrio indisciplinado, então a diferença não se encontra no desenvolvimento do impulso de ganhar dinheiro, e os que se submeteram a este impulso não são os representantes absolutos do espírito capitalista como fenômeno de massa.

        O oponente mais importante contra o qual o espírito do capitalismo teve de lutar foram as atitudes e reações às novas situações, designadas como tradicionalismo. A penetração da livre procura de lucros, não foi de modo geral justificada eticamente e encorajada, mas colocada como fato, seja como algo indiferente, ou desagradável e infelizmente inevitável, e isto foi expresso na ação prática do homem pré-capitalista, no período em que a organização capitalista racional do trabalho ainda não era força dominante.

        Um dos meios usados pelo empreendedor moderno é o pagamento por tarefa, a fim de assegurar a maior quantidade possível de trabalho. Além de com elevações de termos de acordo, permitindo oportunidades de maiores salários, interessa-los em aumentar sua eficácia. Porém esta elevação dos termos provocou um decréscimo na produção por período, já que o trabalhador reagiu ao aumento com a diminuição da produção, ou seja, a oportunidade de ganhar mais era menos atrativa do que trabalhar menos, e este é um exemplo de tradicionalismo, já que o homem não deseja ganhar cada vez mais. O capitalismo moderno busca o incremento da produtividade do trabalho humano através do incremento de sua intensidade, mas encontra resistência deste traço pré-capitalista.

        Já que o apelo ao instituto aquisitivo falhou, outra possibilidade é a política oposta, forçando o trabalhador a trabalhar mais para ganhar a mesma coisa, criando uma correlação de salários baixos e lucros altos. O capitalismo tomou este caminho diversas vezes, mas ele tem seus limites. Naturalmente, é necessária ao desenvolvimento capitalista uma capacidade de mão de obra ociosa, ou seja, um exército de reserva, porém isto impede uma transição para tipos de empresa que façam um uso mais intensivo do trabalho. Os baixos salários não representam trabalho barato, a eficiência do trabalho decresce, e no longo prazo isto pode equivaler a sobrevivência da incompetência. Do ponto de vista comercial, esta prática falha quando é necessário trabalho especializado, e aqui os baixos salários não compensam. O trabalho deve, ao contrário, ser executado como um fim absoluto por si mesmo, como uma vocação, e esta atitude não pode ser provocada por baixos ou altos salários, mas sim é produto de um longo e árduo processo de educação. Hoje, os países industriais com domínio capitalista, tem relativa facilidade recrutando sua força de trabalho, mas mesmo atualmente não teria conseguido resultado efetivo se não tivesse apoio de um aliado poderoso.

        É muito comum que o incremento da escala de salários choque-se contra a muralha do hábito, como no caso de operários que não abandonam métodos de trabalhar herdados ou aprendidos por métodos mais eficazes, isto se vê muito com moças de formação religiosa. Porém é neste grupo que residem as melhores oportunidades de educação econômica. A capacidade de concentração mental e o sentimento de obrigação para com o trabalho deste grupo entra em contato com uma economia estrita que calcula a possibilidade de altos vencimentos, autocontrole e frugalidade, e isso aumenta enormemente a produção, e fornece uma base favorável para a concepção do trabalho como fim em si mesmo. Nesse caso, a possibilidade de superar o tradicionalismo vem da educação religiosa, e então surge uma conexão de adaptabilidade do capitalismo a fatores religiosos.

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