Sistema Financeiros da Europa
Por: Lucas Ferreira • 9/10/2019 • Trabalho acadêmico • 1.565 Palavras (7 Páginas) • 171 Visualizações
Trabalho Sistemas financeiros da Europa
Os sistemas baseados em mercado são marcados por maior presença de regras bem definidas e contratos que definem as formas em que o dinheiro será capitalizado. Dessa forma, juros e prazos são pré-estabelecidos e capitalizações podem ser feitas por uma grande variedade de indivíduos e empresas. A ligação entre as partes durante o empréstimo é limitada por contratos, é necessária também uma grande disposição de informação para que os empréstimos ocorram e o mercado opera em maneira próxima da livre concorrência, de modo que as informações são passadas por meio de preços e não há empresas que monopolizam os empréstimos. Dessa forma, de maneira prática, esses mercados tem uma maior proporção de capitalização oriunda do mercado de ações e uma menor participação dos bancos.
Em contrapartida, os sistemas baseados em bancos são marcados por um relacionamento próximo entre tomador e emprestador, de modo que é comum uma parceria de longa duração com sucessivos contratos causando interdependência entre os agentes. Esse sistema, não necessita de uma grande legislação ou divulgação pública de informações, já que esta é passada pela proximidade supracitada. Além disso, os termos dos empréstimos são muitas vezes baseados não só na situação atual da empresa, mas também em uma análise mais aprofundada da sua capacidade de pagar, de modo que os juros podem ser renegociados constantemente. Este tipo de sistema, possui várias barreiras de entrada e tende a criar monopólios, limitando os agentes que podem ofertar crédito. Dessa forma, são mais participativas capitalizações oriundas de empréstimos e os bancos são agentes muito mais significativos do que quando comparado a sistemas orientados a mercado.
Como os sistemas baseados em bancos são marcados por monopólios, cria-se não só uma maior concentração de poder de mercado como também uma maior interferência governamental, já que existem lobbys para criação de barreiras de mercado. Além disso, tende-se a favorecer empresas tradicionais, uma vez que essas tem maior facilidade de crédito, dificultando então a entrada de novos agentes. Estes fatores em conjunto dificultam a ascensão de produtos e serviços muito inovadores, pois existem poucos agentes que podem investir nesse segmento, existem muitas barreiras de entrada e há um favorecimento de empresas mais tradicionais. Além disso, quando há uma crise com alguma empresa, sua recuperação é mais provável já que, a boa relação com o emprestador e a grande importância da empresa devido ao monopólio, incentivam políticas de recuperação. Entretanto no caso de crises sistêmicas, cria-se um sentimento de que se todas as empresas falirem, elas receberam ajuda, de modo que nesse caso incentiva-se a imprudência no momento de escolher riscos prejudicando ainda mais os casos de grandes crises. Assim, esse sistema é desejável em fases iniciais de industrialização, onde há pouca informação, baixa confiança no sistema legal e as inovações são marginais e não estruturais
Já os sistemas baseados em mercados, são mais competitivos com poder de mercado dividido e menor intervenção estatal. A maior presença de agentes emprestadores, possibilita que inovações disruptivas tenham maior probabilidade de encontraram financiamento. Já em relação a riscos, uma empresa individual terá dificuldade em conseguir políticas de recuperação, já que o livre mercado diminui sua importância e diminui os retornos de tais políticas. Entretanto, em crises estruturais o mercado tende a eliminar as empresas que vão a falência, não deixando ocorrer uma contaminação sistêmica. Por fim, este modelo possui retornos de escala, uma vez que disponibilizar regulamentação e informação para que sua criação seja possível é muito custoso, todavia, após esses custos iniciais, o ganho com a ampliação da concorrência é bastante significativo. Dessa forma, esse sistema funciona melhor em estágios avançados de industrialização, no qual a divulgação de informação e a legislação podem receber mais investimentos e serem mais desenvolvidas, além de que as necessidades de inovação são mais estruturais do que marginais.
Como citado anteriormente, os sistemas orientados pra bancos possuem industrias mais tradicionais que possuem acesso a empréstimos mais facilmente. Estas industrias tendem a usar sua força de mercado para limitar a expansão da capitalização por meio de suas forças no mercado e no governo. Isso ocorre pois tal expansão reduz as vantagens corporativas de proximidade e porte. Assim, para que ocorra um desenvolvimento do sistema financeiro, é necessário uma grande mudança de estrutura política ou uma cooperação das empresas tradicionais. A primeira opção permite que um governo adote políticas que criem infraestrutura financeira, para que condicionem a expansão dos financiamentos. Já o segundo caso, ocorre quando há uma grande necessidade de financiamento no mercado em que o benefício para as indústrias tradicionais seja maior do que a perda causada pelo aumento da competitividade. Essas duas opções, em níveis mais avançados podem culminar na transição para um sistema orientado ao mercado. Entretanto, o governo pode, até sem intenção, limitar essa transição, um exemplo é o fornecimento de empréstimos públicos para financiar obras de infraestrutura que suprimem a criação de uma necessidade de oferta de empréstimos pelo mercado. Uma outra alternativa para o desenvolvimento financeiro é a pressão ou crescimento de oferta de empréstimos vindos de países estrangeiros.
Um grande problema para o desenvolvimento de um sistema orientado ao mercado é a distribuição dos lucros gerados. Quando um sistema financeiro se desenvolve, todos os agentes podem receber mais empréstimos e se beneficiar com isso, entretanto o benefício marginal é baixo para cada agente causando o problema do carona. Esse efeito é pior, uma vez que os agentes que, em um estágio de financiamento pouco desenvolvido, têm muito poder político e de mercado, são aqueles que mais seriam prejudicados por tal desenvolvimento. Assim, a própria estrutura financeira é um grande limitante.
Esse efeito é evidenciado na atuação de instituições como o Banco Central. Os principais objetivos de tal instituição são conduzir uma política monetária que garanta estabilidade e preservar a estabilidade do sistema bancário. Assim, isso se torna mais fácil, no modelo menos volátil e mais tradicional que é orientado a bancos. Além de que a presença do livre mercado não só dificulta a regulamentação como também reduz as possibilidades de atuação do governo na economia.
A descentralização da autoridade tende a dificultar a formação de sistemas orientados a mercado. O principal efeito contra o mercado é a redução do benefício gerado pela economia de escala, uma vez que quanto menor é a área de atuação de uma autoridade, menores são os benefícios totais de se implantar um sistema desse tipo. Entretanto, no caso de presença de competição externa, existem grandes incentivos para desenvolvimento do mercado, uma vez que com a possibilidade de investimentos estrangeiros, só se tem a ganhar aumentando a competitividade interna. Este fato explica porque em geral zonas de livre comércio incentivam a formação de mais financiamentos, efeito que é elevado pela dificuldade de se fazer lobby quando o poder é fragmentado.
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