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A reunião e a discrepância entre as crises de 1929 e 2008

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Por:   •  11/6/2014  •  Artigo  •  1.681 Palavras (7 Páginas)  •  247 Visualizações

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ARTIGO - Encontro e desencontro entre as crises de 1929 e 2008

24/09/2011 18:53:36 por Eugênio Nascimento em Economia

Eleomar Marques<eleomar_ms@hotmail.com - É professor

A Crise capitalista que teve início em 2008 trouxe à tona a questão da fragilidade do sistema. Os economistas e pesquisadores de plantão logo trataram de relembrar outras crises, em especial, a de 1929. Também a dicotomia torna-se alvo de calorosas discussões entre kenesianos e neoliberais, marxistas e capitalistas. Enquanto os devotos de John Maynard Keines defendiam uma maior interferência do Estado na economia e atribuem as crises capitalistas aos neoliberais, por outro lado, os marxistas defendem a idéia que, segundo Karl Marx (?), o ciclo do capitalismo irá entrar em colapso1 e o socialismo triunfará, pois, o sistema de exploração, o capitalista, é falho e explorador, assim, os operários irão comandar o mundo através de um sistema mais justo, o socialismo cientifico.

Mas, diante de tantas inquietações no mundo econômico surgem inúmeras perguntas sobre o sistema capitalista. Porém, é inevitável para os economistas fazer grandes comparações entre a Crise de 1929 e a de 2008. Existem semelhanças e diferenças entre ambas as crises capitalistas?

A pergunta é contundente e requer um estudo minucioso para tecer detalhes e apontar as semelhanças e divergências. Esses não são nossos propostos, haja vista que a tarefa seria mais indicada para os economistas e pesquisadores da área econômica. Nosso o objetivo, nesse contraponto, é indicar, de forma breve, as anuências entre os dois acontecimentos.

Primeiro ponto a ser levado em consideração é o contexto histórico de 1929. Para melhor compreender essa época é necessário recuarmos no tempo, portanto, antes dos anos vinte do século XX.

Um ano antes da Primeira Guerra Mundial (1914-1918), os Estados Unidos já apontavam como maior potência da economia mundial, segundo Eric Hobsbawm, sua produção industrial já representava um terço da produção mundial (Hobsbawm, P. 101).

Com o advento da Primeira Guerra Mundial, a priori, os Estados Unidos foram os grandes favorecidos, visto que não foram atingidos territorialmente, além de passarem a fornecer produtos e empréstimos aos países beligerantes. Vejamos o que discorre Hobsbawm sobre tal episódio:

“Assim, longe de perturbar sua economia, a Primeira Guerra Mundial, como a Segunda, beneficiou-os espetacularmente. Em 1913, os EUA já se haviam tornado a maior economia do mundo, produzindo mais de um terço de sua produção industrial – pouco abaixo do total combinado de Alemanha, Grã_Bretanha e França. Em 1929, respondiam por mais de 42% da produção mundial total, comparados com apenas pouco menos de 28% das três potências industriais européias.” (Hobsbawm. P. 101, 205)

“Além disso, a guerra não apenas reforçou sua posição como maior produtor industrial do mundo, como os transformou no maior credor do mundo.” (Hobsbawm. P.101, 2005)

Magalhães Filho corrobora com as palavras do historiador inglês:

“Os anos imediatos ao fim da conflagração foram um período de reajustamento da economia norte-americana ás condições de paz. De um lado estava o alto nível atingido pela capacidade instalada, decorrente da demanda da guerra, e do outro a demanda de bens e serviços contida durante as hostilidades.” (Magalhães Filho P.367. 1991)

O grande poder aquisitivo da população norte-americana e o baixo índice de desemprego, 5%, levaram os Estados Unidos a uma produção intensa, superando, inclusive a Alemanha e Inglaterra juntas. Inicialmente dependiam apenas do mercado interno, porém, doravante o grande conflito e produção em grande escala torna-se o maior exportador e importador do mundo. O resultado Foi um grande abismo entre a demanda e a oferta. Os yanques recorreram a uma Europa arruinada, pois, estava em processo de reconstrução. Inclusive a própria Alemanha que recebia incentivos norte-americanos com intuito de aquecer a economia mundial, durante a crise os investimentos foram suspensos (Hobsbawm, P. 101. 2005).

Vale ressaltar que a apenas a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas não foi atingida devido sua economia planificada e alheia aos assuntos capitalistas.

A superprodução que gerou o descompasso na economia norte-americana se espalhou pelo mundo ganhando proporções mundiais. O Crack da Bolsa de Nova York foi o anúncio da expansão da grande depressão capitalista. O quadro norte-americano se invertera, os yanques sofreram com uma redução na produção industrial em torno de 50%, e os salários caíra 40%. Como salienta Hobsbawm, o que tornava a situação mais dramática, sobretudo para os trabalhadores, era a ausência de previdência pública.

“O que tornava a situação mais dramática era que a previdência pública na forma de seguro social, inclusive auxílio-desemprego, ou não existia, como nos EUA, ou, pelos padrões de fins do século XX, era parca, sobretudo para os desempregados a longo prazo. É por isso que a seguridade social sempre foi uma preocupação tão vital dos trabalhadores: proteção contra terríveis incertezas do desemprego (isto é, salário), doenças ou acidente, e as terríveis certezas de uma velhice sem ganhos”. (Hobsbawm, p. 97. 2005).

Além disso, o dólar estava atrelado ao ouro, situação que, segundo, economistas, agravara o restabelecimento da economia.

Portanto, pela dependência mundial aos Estados Unidos, o mundo capitalista foi atingido, inclusive, os países emergentes como no caso brasileiro. Hobsbawm e Magalhães Filho discorrem sobre a crise no Brasil de anglos opostos. Vejamos:

“O Brasil tornou-se o símbolo do desperdício do capitalismo e da seriedade da Depressão, pois, seus cafeicultores tentaram em desespero impedir o colapso dos preços queimando café em vez de carvão em suas locomotivas a vapor. (Entre dois terços e três quartos do café vinham desse país.) Apesar disso, a Grande Depressão foi tolerável para os brasileiros ainda em sua grande maioria rurais que os cataclismos econômicos da década de 1980; sobretudo porque as expectativas das pessoas pobres quanto ao que podiam receber de uma economia ainda eram extremamente modestas”.(Hobsbawm, P.97, 2005).

“Entre os países subdesenvolvidos o Brasil foi o que melhor atravessou os anos de depressão. A crise atingira a economia brasileira de forma quase imediata, devido a sua estreita vinculação á economia norte-americana......A grande queda dos preços permitiu manter mais o menos estáveis as quantidades exportadas, apesar de uma drástica redução na

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