ACUMULAÇÃO DE CAPITAL, LUCROS E INTERESSES
Relatório de pesquisa: ACUMULAÇÃO DE CAPITAL, LUCROS E INTERESSES. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: NIDI250506 • 29/9/2014 • Relatório de pesquisa • 9.024 Palavras (37 Páginas) • 296 Visualizações
ACUMULAÇÃO DE CAPITAL, LUCROS E JUROS
Luiz Carlos Bresser-Pereira
Texto para Discussão n°.4, fevereiro 1991.
Abstract. This survey of the literature on the decision to invest builds on a previous one,
“A Decisão de Investir, os Lucros e os Juros” (1970). Adopting a classical perspective, it
argues that variations in the expected profit rate and the corresponding shifts of the
marginal efficiency of capital curve are more important in explaining investments than
variations in the interest rate. To demonstrate this claim the paper surveys the empirical
works on the matter, which usually find a feeble correlation between the interest and the
investment rate, and discusses the literature on the subject, particularly the Modigliani-
Miller cost of capital model. According to this model, the cost of capital is not the interest
rate but the average profit rate. In the decision to invest, business enterprises require that
the expected rate of profit is substantially higher than the cost of capital. In other words,
there is a ‘cushion pad’ between the market interest rate and the expected rate of profit of
each investment decision. Thus, to motivate entrepreneurs to invest it is not enough to
lower the interest rate. It is necessary to create economic conditions favorable to
substantial profit rates, which will increase the optimism of each business enterprises in
relation to its investment projects.
A acumulação de capital e a obtenção de lucro são dois fatores econômicos centrais
no processo de desenvolvimento capitalista, da mesma forma que o consumo do
excedente pelas elites dominantes era o fenômeno econômico dinamizador das
sociedades pré-capitalistas, e o desenvolvimento tecnológico tende a ser variável
estratégica das sociedades tecnoburocráticas. O capitalismo tecnoburocrático dos
nossos dias caracteriza-se exatamente pela combinação de um ativo processo de
acumulação de capital, comandado por administradores profissionais, que usam
cada vez mais o conhecimento técnico de especialista para aumentar a
produtividade e a competitividade de cada empresa. No capitalismo acumulação de
capital e lucro organizam-se em um processo circular de auto-reforço, no qual
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acumula-se capital para aumentar o volume de lucros e reinveste-se os lucros para
aumentar a acumulação.1
Toda a dinâmica do sistema capitalista está na dependência do volume e
direção dos investimentos realizados cada ano. O aumento da produtividade, ou
seja, o aumento da produção por homem empregado, depende fundamentalmente
da acumulação de capital. Se temos três fatores de produção - capital, trabalho e
recursos naturais -, para que aumente a produtividade do segundo, considerando-se
a qualidade dos fatores constante, o único meio de que dispomos é aumentar a
quantidade de capital. Se permitimos que a qualidade dos fatores, ou seja, a
tecnologia latu senso, incluindo-se a educação e capacidade empresarial varie,
então teremos também o desenvolvimento tecnológico como fator essencial para o
desenvolvimento. Entretanto, se, por sua vez, considerarmos o desenvolvimento
tecnológico como fundamentalmente dependente da acumulação de capital, na
medida em que quase todo progresso técnico vem incorporado em novas máquinas
e edifícios, e que as próprias descobertas científicas estão na dependência de
grandes investimentos em capital fixo - neste caso a acumulação de capital volta a
ter sua posição central e única dentro do processo de desenvolvimento.
Todos os economistas clássicos e Marx deixaram muito claro esse papel
fundamental da acumulação de capital no processo dinâmico de desenvolvimento.
Por outro lado, na análise econômica de curto prazo, o investimento também
desempenha um papel crucial, conforme demonstrou Keynes. As crises
conjunturais e as fases de prosperidade de cada economia ocorrem principalmente
em função do volume de investimentos realizados.
A acumulação de capital tem, portanto, um papel central na análise
econômica, seja de curto ou de longo prazo. Isto não significa, porém, que a teoria
sobre acumulação de capital seja de qualquer forma pacífica. Muito pelo contrário,
neste campo as indagações são muito mais freqüentes do que as respostas. As
perguntas dizem respeito aos fatores determinantes do investimento (a função
investimento), ao papel da acumulação no desenvolvimento e no aumento da
produtividade, às conseqüências do investimento sobre o emprego e a distribuição
em função da tecnologia mais ou menos capital-intensiva utilizada. Neste artigo
limitar-me-ei ao primeiro dos problemas, ou seja, a uma discussão da função
investimento.
Meu
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