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Análise das Estratégias da Construção da Experiência da Igreja Universal

Por:   •  4/9/2018  •  Artigo  •  4.907 Palavras (20 Páginas)  •  252 Visualizações

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RESUMO

Nesse trabalho foi realizada a análise das estratégias da construção da experiência da Igreja Universal do Reino de Deus (IURD), através de um estudo de caso, que incluiu um estudo etnográfico e pesquisa de campo, a fim de comprovar a correlação dessa organização com os conceitos de Design Estratégico e Design de Experiência. A pesquisa abrangeu diversos aspectos da experiência, tais como a plataforma experiencial, a interface entre o fiel e a marca, análise do ambiente e inovação. Nesse estudo foi identificado que a IURD é uma organização complexa, com estrutura empresarial capaz de identificar as necessidades dos seus usuários e transformá-las em um sistema-produto eficiente, capaz de manter e fidelizar o usuário.

Palavras-chave: Design Estratégico. Experiência. Igreja Universal do Reino de Deus.

INTRODUÇÃO

O século XX apresentou uma importante transformação na relação entre capital e trabalho, com mudanças conjunturais na economia mundial e com a crescente interdependência dos mercados. Este conjunto de fatores inovadores acirra a concorrência das organizações que se inserem, a cada dia mais, no processo dos mercados, e aquelas que não acompanham este processo acabam por sucumbir à concorrência. Diante disto, é necessário que elas procurem vantagens competitivas em relação aos concorrentes, para sobreviver e crescer.

De acordo com Celaschi e Deserti (2007), a maioria das organizações, hoje, deseja que seus produtos mantenham uma ligação forte com o consumidor, e é na interseção dessas diferentes áreas de interesses que se situa a cultura do design, fazendo a ligação entre tecnologias, gestão, economia, sociologia, antropologia e religião, entre outras. Para esses autores, a mercadoria é vista como algo capaz de gerar um valor de relação entre o produtor e o consumidor. Nesse sentido, a produção de design deve incorporar o desejo do consumidor.

Houve um tempo em que o “design” era visto como algo belo, bom, diferente. Ainda é visto desta maneira pelo consumidor em geral. Porém, nas organizações atuais, design é um termo empreendedor. Tendências de consumo abriram portas para a discussão da economia criativa. A procura de soluções inovadoras faz do design o principal componente estratégico para gerar sucesso nos negócios. Com uma visão holística, baseada na criatividade, atua diretamente na percepção de valor do produto, visando o aumento de competitividade das organizações.

O mercado está gerando um número excessivo de produtos semelhantes, com a mesma tecnologia, o mesmo preço, o mesmo desempenho e as mesmas características. O design passou a ser o grande aliado dos negócios na forma de diferenciar seus produtos dos demais concorrentes e veio a se tornar um dos principais fatores para o sucesso de uma empresa. A valorização do design garante competitividade ao produto e ganhos para a empresa, adaptando as metas a serem alcançadas às necessidades do mercado.

FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Propor o desenvolvimento do design, segundo Manzini e Vezzoli (2002), significa capacitar o sistema produtivo para corresponder à expectativa social de bem-estar, utilizando uma quantidade de recursos consideravelmente inferior aos níveis atualmente praticados. Para o designer/projetista poder atuar e ser reconhecido como personagem estratégico para o desenvolvimento de produtos, ele deve aprofundar suas propostas na constante avaliação das implicações ambientais, nas diferentes soluções técnica, econômica e socialmente aceitáveis, considerando, durante a concepção de produtos e serviços (conjuntamente com os demais atores envolvidos no processo produtivo), as possíveis implicações ligadas às fases do ciclo de vida do produto. A inovação tem papel predominante nessa relação, como um dos elementos geradores de aumento de competitividade das organizações (dimensão puramente estratégica). Nesse sentido, a aplicação do design pode significar uma estratégia empresarial para criar diferenciais no mercado, ampliar sua liderança com relação aos concorrentes e ampliar o valor da marca.

Ao se utilizar a expressão “Design Estratégico”, se está inserindo um termo novo e que, provavelmente, ainda não foi completamente assimilado pela maioria dentro do contexto acadêmico e das organizações. Posto isso, trata-se de uma nova área do saber que não remete diretamente ao termo “Design” que, usado de forma corrente em nosso país, significa “desenho”, estando mais próximo da noção de “projeto” (MERONI, 2008).

O design estratégico, voltado à inovação, complementa o design como função, símbolo e forma, agregando valor e competitividade ao produto. Para se chegar a um conceito de Design Estratégico, consideram-se as dimensões presentes no que pode ser chamado sistema-produto, ou seja, um conjunto de elementos que caracterizam a oferta, composto por produto, serviço, comunicação e experiência.

O conceito de “sistema-produto” é de relevância para a compreensão de Design Estratégico e compreende, em síntese: noção estratégica do design para as organizações; sua relação com a inovação; análise do ambiente externo para apoio às decisões; foco não só no produto, mas nos serviços e na comunicação; importância de toda a cadeia de valor, da concepção à distribuição; e dimensão de processo e seu impacto na organização (SHETT; VERMA; GOMADAN, 2006).

Desta forma, sob a óptica do Design Estratégico, o mercado da fé pode ser analisado. A hipótese é que as religiões pentecostais, representadas pelo estudo de caso da Igreja Universal do Reino de Deus (IURD), incorporam a lógica de mercado, transformando o aspecto espiritual em um produto de consumo, visto como uma mercadoria e regido pelas estratégias de mercado que podem ser lidas pelo Design Estratégico.

Como o Design Estratégico tem como característica compreender a projeção de experiências como um elemento do chamado sistema-produto, o estudo aqui descrito tem como propósito investigar como os serviços e a comunicação dessas igrejas formam experiências, em especial no caso da IURD.

O design estratégico pode ser entendido como uma atividade projetiva, que tem como objetivo o sistema produtivo, ou seja, a integração de produto, serviço e comunicação, com a qual a empresa se apresenta no mercado, se coloca na sociedade e assim dá forma a sua própria estratégia. Segundo Magalhães (1997, p. 26), “o design estratégico materializa-se quando o importante é desenvolver o produto certo eficácia do processo de design e não somente desenvolver corretamente o produto eficiência no processo de design”. As características do design eficaz são a antecipação dos problemas e a ênfase nas oportunidades ambientais, fundamentadas nas necessidades do usuário e na situação da concorrência.

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