Apollo 13
Exames: Apollo 13. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: Anuscarohde • 26/10/2013 • 5.342 Palavras (22 Páginas) • 564 Visualizações
Apollo 13 e o processo decisório
Introdução
O presente trabalho tem como objetivo a análise do processo decisório no filme “Apollo 13 – do fracasso ao triunfo”, produzido em 1995 e dirigido por Ron Howard (de Uma Mente Brilhante, Código de Da Vince, Anjos & Demônios). A história é verídica, baseada no livro Lost Moon: The Perilous Voyage of Apollo 13, do piloto Jim Lovell. A narrativa descreve as soluções encontradas pela Agência Espacial Americana (NASA) para trazer os tripulantes da nave de volta à Terra após uma explosão.
Quanto à metodologia, selecionamos as principais cenas que envolvem decisões no longa-metragem e aplicamos sobre elas a teoria do processo decisório, observando o perfil dos personagens, o ambiente, as situações, os agentes envolvidos, os objetivos, as estratégias adotadas, o modelo decisório e o resultado obtido.
Sinopse
Em 11 de abril de 1970, a NASA envia à Lua um novo grupo de astronautas, na missão Apollo 13, a qual seria a terceira a pousar na superfície lunar. Porém, já no espaço, um tanque de oxigênio explode. Com o acidente, os astronautas Jim Lovell, Jack Swigert e Fred Haise – interpretados, respectivamente, pelos atores Tom Hanks (de “Código de Da Vince” e “Anjos & Demônio”), Kevin Bacon (de “Ecos do Além” e “Sobre Meninos e Lobos”) e Bill Paxton (de “Titanic” e “Limite Vertical”) – não conseguem seguir para Lua. Pior que isso: eles correm o risco de ficar sem oxigênio e energia suficientes para voltar à Terra. Agora, a equipe a bordo e a equipe da Agência Espacial, em Terra, deveriam correr contra o tempo e improvisar novo plano para trazê-los de volta.
Análise
A primeira coisa a se analisar seria o ambiente no qual a Agência Espacial Americana (NASA) está inserida. Define-se ambiente como sendo um sistema, composto por um conjunto de elementos que não pertencem a um sistema, mas que qualquer alteração no sistema pode mudar ou alterar os seus elementos e qualquer alteração nos seus elementos pode mudar ou alterar o sistema. Pode ser macro e micro.
Quanto ao macro-ambiente, como a NASA é órgão governamental, sofre pressão direta do governo americano, dos eleitores, da mídia. No filme, fala-se de um provável corte no orçamento. Em outra cena, comenta-se que o próprio presidente dos Estados Unidos queria saber qual seria o resultado da missão. Mittelstaedt fala que na Agência Espacial Americana existe muita pressão por resultados (2005:137).
No contexto da época, há também a concorrência dos russos e da Guerra Fria, que mexia com o nacionalismo americano.
Temos que levar em conta também a imagem da empresa em relação ao público: a NASA era lembrada não só pela chegada à Lua com a Apollo 11 (em 20 de Julho de 1969), mas também pelo desastroso acidente da Apollo 1 que se incendiou durante um treino em 27 de Janeiro de 1967.
O próprio espaço é um ambiente hostil, incerto, no qual o menor erro pode ser fatal.
Quanto ao micro-ambiente, no filme, se diz logo em uma das cenas iniciais que “o astronauta é o membro mais visível de uma grande equipe. Todos nós, até o faxineiro, nos sentimos honrados em fazer parte dessa grande equipe”. De fato, mais adiante se enumera alguns dos setores (funções) da organização: propulsor, reingresso, trajetória, orientação, médico, sistemas, navegação, telemetria, controle, dados, instrumentos, coordenadas, comunicações, resgate, acoplagem, controle de lançamento. Acrescenta-se a isso: o controle de vôo e a alta administração; temos que levar em consideração também a existência, de uma enorme rede de engenheiros, P&D, equipe de apoio, limpeza, relações públicas, parceiros envolvidos, fornecedores de peças etc.
Outros fatores contextuais a serem considerados: a complexidade, a hostilidade e dinâmica do ambiente espacial; a burocracia da organização; a cultura organizacional; o tipo de problema; as características do decididor.
Ao que tudo indica, no filme, o modelo decisório inicial da NASA parece se enquadrar no perfil burocrático. Havia a definição de metas precisas:
Objetivo inicial: Exploração da superfície lunar, com o pouso num lugar chamado Colinas de Fra Mauro, para recolhimento de rochas.
Lançamento: 11 de abril de 1970
Retorno: 17 de abril de 1970
Ficamos sabendo da existência de um planejamento rigoroso da missão, por exemplo, a nave foi lançada, pontualmente, às 13h13min13s conforme previsto. Há um plano de vôo, contendo todos os procedimentos a serem executados, inclusive para estratégias de emergência: em uma das cenas, os pilotos teriam que abandonar urgentemente a nave, mas antes teriam que fazer o passo a passo do manual.
Têm-se a presença de pessoas tecnicamente preparadas para execução das atividades tanto na nave, quanto na gestão de Controle de vôo. No filme, vemos que se utiliza de treinamento, através de simulação de situações variadas.
Tem-se uma série de procedimentos padronizados; algo bem claro na cena do lançamento, na qual o diretor de vôo, Gene Kranz (interpretado por Ed Harris), checa se todos os setores estão OK para a decolagem. Em outro momento, já durante os minutos iniciais do acidente, o mesmo personagem diz: “vamos recapitular tudo, vamos ver essa situação parte por parte” – tentando observar se alguém esqueceu de fazer um dos passos do manual.
A definição dos cargos e o foco na hierarquia chega a ser tão grande que, embora todos estivessem na mesma sala e o diretor de vôo tivesse autoridade para entrar em contado direto com os pilotos, só o fazia por meio do setor de Comunicação.
O monitoramento das operações também é outro ponto forte da NASA: “super computadores que cabem no tamanho de uma sala e armazenam milhões de dados”; médicos avaliando constantemente a saúde dos pilotos; pessoal em Terra analisando os dados da nave a todo o momento.
Muito embora este modelo burocrático tenha as vantagens de organizar as ações operacionais, obter um rígido controle e ser forte no planejamento e execução, ocorre que é ilusória a crença na existência de um controle total de todas as variáveis. O filme prova isso. Vários foram os desvios dos padrões estabelecidos. Devido à pressão dos investidores, o planejamento teve que ser antecipado em seis meses. Em seguida, devido a uma análise errada de dados por parte da equipe médica, que previra que um dos pilotos
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