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Contextualização da pesquisa

Tese: Contextualização da pesquisa. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicos

Por:   •  9/10/2013  •  Tese  •  3.095 Palavras (13 Páginas)  •  466 Visualizações

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1 INTRODUÇÃO

1.1 Contextualização da pesquisa

“Finanças e pobreza já não são temas antagônicos”. Esta frase é da presidente da Women Together, que organizou o III Fórum Internacional do Microcrédito em outubro de 2003 no Brasil. No mesmo evento, o presidente Luis Inácio Lula da Silva aconselhou às empresas de crédito: “não tenham medo de emprestar aos pobres”. Essas frases traduzem a tendência de o mercado de baixa renda ser visto como rentável e competitivo, principalmente no Brasil.

A Organização das Nações Unidas declarou em seu site que o ano de 2005 será o Ano Internacional do microcrédito, o que demonstra a atualidade do tema e a abrangência dos estudos acerca de sua efetividade e de seus resultados.

Tradicionalmente, as empresas de um modo geral, desenvolvem seus produtos, campanhas de marketing e demais estratégias organizacionais em torno de um público-alvo que possa pagar pelos bens ofertados ou serviços prestados, categorizados em classe média, classe alta, classe média baixa e demais classificações criadas para melhor distinguir o público que lhes traga o retorno desejado.

As empresas que desejam competir no terceiro milênio deverão voltar sua atenção aos pobres, pois eles representam um imenso potencial de consumo, praticamente inexplorado em todo o mundo (PRAHALAD, 2002). A Lewis, em uma estratégia para solidificar suas operações na Índia, inovou sua forma de produção e de vendas, através de parcerias com os artesãos de regiões ermas, que recebiam o tecido cortado e moldado, devendo ser apenas costurado, já na região onde seria vendido. Tal iniciativa reduzia o custo de produção e de transporte drasticamente, além de garantir a presença da Lewis na Índia, atendendo às metas estipuladas pela empresa. Este é um dos exemplos que demonstra que, para atender ao público de baixa renda, é necessário reinventar os processos produtivos, as estratégias de marketing, e às vezes a própria missão da empresa.

Os bancos, empresas cujo produto principal é o dinheiro, passam por este mesmo desafio: inovar, criando produtos e serviços que agradem aos seus clientes, que tragam retorno e que representem solidez no curto ou médio prazo. (SILVA, 2003).

No Brasil, um dos grandes potenciais de crescimento dos bancos é a criação de produtos diversos para o segmento de baixa renda. A corrida para a exploração desse segmento começou quando da implantação do Plano Real, e da conseqüente estabilização da inflação.

Vários produtos bancários já são oferecidos ao público de baixa renda, porém o segmento ainda é muito pouco explorado. No caso da concessão de crédito direto ao consumidor, os bancos e financeiras ainda fazem uma série de exigências documentais e de renda incompatíveis com as peculiaridades do segmento. Tais exigências fazem parte dos sistemas de avaliação de risco de crédito, os chamados credit scoring, que são ferramentas utilizadas pelos bancos para predizer os casos de provável inadimplência.

Das particularidades do segmento de baixa renda, a burocracia para a concessão do crédito é um os principais motivos de afastamento do interessado no crédito e no dinheiro propriamente dito. Na execução destas funções, os bancos imprimem uma série de características às transações financeiras (elaboração de contratos complexos, com cláusulas restritivas e exigências de garantias, produção interna de informações, criação de seções de análise de crédito e monitoramento de ações) que geram custos (transação e informação) e tendem a levar o sistema financeiro a apresentar um caráter conservador, excluindo segmentos em que tais custos são mais elevados ou que não possuem garantias suficientes para minimizá-lo (GREMAUD;TONETO, 2003).

Nesta pesquisa são apresentados os conceitos relativos ao crédito, ao risco de crédito e suas particularidades junto ao segmento de baixa renda, sendo apresentados, em seguida, alguns projetos sociais e as informações utilizadas como forma de avaliar o sucesso destes empreendimentos no decorrer do tempo junto a uma determinada comunidade ou região.

Destes conceitos é feita a relação com o Programa Caixa Aqui, que trata-se de parte do projeto de inclusão bancária implementado pela Caixa Econômica Federal, em consonância com as diretrizes do Governo Federal.

É então abordada a análise descritiva do Programa Caixa Aqui e os critérios utilizados para abertura e concessão de crédito pelas Contas Caixa Aqui. A partir da análise descritiva, e complementada pela análise crítica são propostos indicadores para mensurar em que proporção o Programa Caixa Aqui está contribuindo para erradicar a pobreza entre seus clientes visando a atender a sua função de inclusão social e resgate da cidadania na parte menos favorecida da sociedade brasileira.

1.2 Problema de pesquisa

Há evidências de que o acesso ao crédito tem dado às pessoas menos favorecidas, maneiras de aumentar, diversificar e proteger suas fontes de renda. Além disso, as instituições que trabalham com micro finanças, em vários países, têm relatado aumento no consumo e qualidade da alimentação e maior número de oportunidades de emprego entre seus clientes (UNITED NATIONS, 2004).

Os programas de microcrédito, principalmente quando criados por iniciativa do Governo, devem ser capazes de apresentar à sociedade os reflexos de sua atuação, de forma clara e objetiva. Além disso, os administradores de projetos desta natureza necessitam de ferramentas que permitam verificar o sucesso ou fracasso oriundo do processo de tomada de decisão.

As características da modelagem de crédito são determinadas em estudos detalhados das necessidades dos clientes-alvo do programa e, além disso, são aprimoradas com o decorrer do tempo e com o aprendizado que o dia-a-dia com os clientes proporciona. O idealizador e fundador do Banco Grameen, criado para proporcionar pequenos empréstimos à população carente de Bangladesh, aborda a necessidade quando afirma “O Grameen não é apenas uma série de êxitos individuais. Não teremos sucesso sempre, e a estrada é longa e dolorosa. Para lutar eficientemente contra a pobreza devemos ser capazes de reconhecer nossos erros, analisá-los e agir para que eles não se repitam” (YUNNUS, 2001, p.296).

O sucesso de um programa de inclusão social a partir da concessão de microcrédito é mensurado pela mudança na qualidade de vida das famílias por ele atendidas. Uma medida confiável do impacto de serviços financeiros sobre o bem-estar das famílias é dispendioso e metodologicamente complexo (ROSENBERG; LITTLEFIELD, 2004). Desta forma, o estabelecimento de indicadores auxilia

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