Empreendedorismo E Inovação
Artigo: Empreendedorismo E Inovação. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: Enedes • 7/5/2014 • 4.041 Palavras (17 Páginas) • 395 Visualizações
EMPREENDEDORISMO E INOVAÇÃO
1 INTRODUÇÃO
Uma preocupação constante dos empreendedores já estabelecidos está relacionada ao crescimento da empresa e à sua manutenção no mercado. Para tanto, como observam Longenecker et al. (2007), o empreendedor deve escolher, dentro de um conjunto de opções para o crescimento, aquela que ele acredita que levará aos melhores resultados. Dentre essas escolhas, o empreendedor pode optar em fazer melhorias em produtos existentes, nos métodos de fabricação, em processos organizacionais e em outros fatores para criar novas oportunidades de negócios.
Essas mudanças são comumente chamadas de inovação, tema que, ao longo do tempo, adquiriu notoriedade tanto no desenvolvimento de pesquisas nacionais quanto internacionais (BAUMOL, 2002; DRUCKER, 1986, 1998, 2005; NONAKA; TAKEUCHI, 1997; SCHUMPETER, 1975, 1982; MIRANDA; MEDINA, 2008; SIGUAW; SIMPSON; ENZ, 2006; VAN DE VEM et al., 2000; ZAWISLAK, 2007, entre outros).
A inovação é considerada a característica empreendedora mais citada pelos mais diversos autores (SOUZA, 2005), ou seja, dentre as mais diferentes definições para o
empreendedorismo, a inovação parece ser parte da maioria delas, e pode ser entendida como uma ação organizacional de aplicação de novos valores cujos resultados são reconhecidos por vantagem econômica. (ZAWISLAK, 2007). Desse modo, é importante ressaltar que a inovação continuada é vital para apoiar a vantagem competitiva como forma de assegurar a longevidade da empresa. (GEM-BRASIL, 2006).
Com base nessas considerações preliminares, o presente estudo tem por objetivo descrever e analisar aspectos relacionados à inovação dos empreendimentos brasileiros com base nos relatórios do GEM de 2006, 2007 e 2008.
O trabalho está estruturado em cinco seções, tendo a introdução como a primeira; em seguida a fundamentação teórica para desenvolvimento do tema; metodologia; apresentação e análise dos dados dos relatórios do GEM sobre a inovação nos empreendimentos brasileiros; e por fim, as considerações finais.
2 EMPREENDEDORISMO E INOVAÇÃO
O empreendedorismo é entendido como um processo no qual se realiza algo criativo e
inovador, objetivando a geração de riqueza e valor para indivíduos e para a sociedade (FILION, 2004; SHANE; VENKATARAMAN, 2000; BRUYAT; JULIEN, 2000).
O empreendedorismo envolve reconhecer a oportunidade para criar algo novo, como
também o reconhecimento de uma oportunidade para desenvolver um novo mercado, usar uma nova matéria-prima ou desenvolver um novo meio de produção (BARON; SHANE, 2007).
Nessa mesma linha, o GEM (2006) define empreendedorismo como qualquer tentativa de criação de um novo negócio ou novo empreendimento, como, por exemplo, uma atividade autônoma, uma nova empresa ou a expansão de um empreendimento existente, por um indivíduo, grupos de indivíduos ou por empresas já estabelecidas.
Utilizando uma abordagem empírica para a definição de empreendedorismo, Gartner
(1990) encontrou oito termos usados pelos acadêmicos e outros profissionais. O essencial significado do empreendedorismo é caracterizado pelo envolvimento do empreendedor, da inovação, da criação de organização, da criação de valor, do ser lucrativo ou não-lucrativo, do crescimento, da singularidade, e do gerente-proprietário. Contudo, a pesquisa sobre empreendedorismo estuda não só a criação de novos negócios como também o aparecimento de novos mercados. (DAVIDSSON, 2005). Uma forma de entender o empreendedorismo como um processo é analisar como uma
atividade na qual os empreendedores se envolvem, levando em consideração: as condições econômicas, tecnológicas e sociais das quais surgem as oportunidades; as pessoas que reconhecem essas oportunidades – empreendedores; as técnicas de negócios e estruturas jurídicas que elas usam para desenvolvê-las; e os efeitos sociais e econômicos produzidos por tal desenvolvimento (BARON; SHANE, 2007).
Na definição de Longenecker et al. (2007), os empreendedores são aquelas pessoas que ao observar uma necessidade do mercado assumem riscos e abrem uma nova empresa para atender àquela necessidade e, nesse processo dinâmico, promovem inovação e estimulam mudanças no setor econômico. O empreendedor é aquele que recorre à decisão para agir em uma oportunidade percebida e empreende esforços para alcançar sua realização. (DAVIDSSON, 2005).
Nesse sentido, os empreendedores tentam criar valor e fazer uma contribuição quando
reconhecem uma oportunidade, um mercado a ser explorado. De acordo com Baron e Shane (2007, p.12), essas “idéias não surgem do nada; elas quase sempre são uma combinação nova de elementos já existentes. O que é novo é a combinação – não os componentes que fazem parte dela”. Os empreendedores percebem os desafios de modo diferente da grande parte das pessoas, posto que, nas palavras de Shane e Venkataraman (2000), onde a maioria dos indivíduos vê riscos, os empreendedores veem oportunidades. Tais oportunidades são caracterizadas como ocasiões em que novos produtos e/ou métodos organizacionais podem ser inseridos e negociados a preços superiores aos seus custos. (SHANE; VENKATARAMAN, 2000).
Quanto à motivação para empreender, os empreendedores podem ser orientados por
oportunidade ou por necessidade (o que comumente ocorre no Brasil). A diferença se refere ao motivo principal para o início de um negócio, ou seja, quando motivados pela percepção de um nicho de mercado em potencial, fazem-no por “oportunidade”, e quando motivados pela falta de alternativa satisfatória de trabalho e renda, denomina-se “necessidade” (GEM, 2007).
Para Austin, Stevenson e Wei-Skillern (2008, p. 5, tradução nossa), a oportunidade pode ser comparada a qualquer atividade que exige o investimento de recursos escassos na esperança de um futuro retorno. Como, por exemplo, no empreendedorismo, os empresários estão preocupados com os clientes, fornecedores, barreiras à entrada, substitutos, rivalidade e com o risco, embora talvez em graus variáveis, devido a diferenças na dinâmica do mercado.
Peter Drucker (2005, p. 93), “a oportunidade é a fonte da inovação” que expõe a necessidade como importante oportunidade inovadora para o empreendedor, sendo que algumas inovações baseadas na necessidade do processo exploram incongruência. Uma incongruência é uma discrepância, uma dissonância, entre o que é e o que deveria ser, denotando
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