Gestão De Empresas Familiares
Trabalho Universitário: Gestão De Empresas Familiares. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: • 19/9/2014 • 1.923 Palavras (8 Páginas) • 383 Visualizações
RESUMO A empresa familiar advém de longa data, praticamente quando a célula básica da sociedade negociava seu trabalho, tanto na produção como na prestação de um serviço, comercializando-o para obter seu sustento e sua sobrevivência. Apesar disso, os desafios enfrentados e as dificuldades permanecem os mesmos e, ou, se elevam à medida que a competitividade aumenta. Este trabalho discute alguns dos principais aspectos relacionados com a administração das empresas familiares, culminando com o estudo do caso da EMPRESA RECUPERADORA BRAS SOLDAS LTDA. Apesar da preocupação de um dos autores, que pertence à segunda geração na sucessão da empresa estudada, também essa organização apresenta grande parte dos problemas apontados pela literatura, como a pouca utilização de estratégias formalizadas, a resistência à modernização e falta de profissionalização. Portanto, conclui-se que o caminho é se buscar uma adequada formação administrativa para saber conduzir a empresa rumo a um futuro promissor, o que, o presente trabalho busca contribuir, ainda que preliminarmente. Palavras-Chave: Gestão de empresas familiares, modernização, sucessão.
1. INTRODUÇÃO Embora desconhecido e ignorado e longe de ser uma organização retrógrada, a empresa familiar, em suas diversas formas administrativas – tanto tradicional, híbrida ou até mesmo a de influência familiar –, apresenta grande participação e importância frente ao quadro empresarial. Nesse sentido, quando se consulta a literatura especializada, percebe-se, por exemplo, de acordo com Lethbridge (1997), que em nível mundial, empresas controladas e administradas por familiares são responsáveis por mais da metade dos empregos e, dependendo do país, geram de metade a dois terços do PIB. Essas estimativas são enquadradas como muito conservadoras, uma vez que o Brasil apresenta entre seis e oito milhões de empresas, 90% das quais são empresas familiares (RICCA, 2007). Dentre as coisas que os seres humanos consideram de maior importância podem-se destacar a convivência com sua família e o desempenho de suas atividades trabalhistas. A empresa familiar tem a interessante possibilidade de agrupar essas duas necessidades, tornando o trabalho mais harmonioso e produtivo. Nesse sentido, quando os vários cargos são preenchidos com integrantes da própria família, facilita-se o desenvolvimento da empresa em razão de o interesse tornar-se unificado e os investimentos, incluindo os sacrifícios pessoais, para a criação da empresa acabam sendo amenizados. Assim, a empresa sob gestão familiar tem suas vantagens, as quais podem viabilizá-la e levá-la ao caminho do sucesso. Em contrapartida, porém, a empresa sob esse tipo de administração também apresenta muitas desvantagens e enfrenta muitos desafios, que se não adequadamente enfrentados podem vir a destruir a organização.
Assim sendo, muitos são os motivos que preocupam os administradores de uma empresa familiar. Nesse sentido, dentre esses, problemas familiares particulares que abatem sobre os membros das famílias tem levado muitas empresas ao fracasso, uma conseqüência das desvantagens desse tipo de organização. Os problemas são os mais diversos e o nível de complexidade varia de acordo com o porte da empresa e as características da estrutura familiar. Conforme Ricca (2001: 07): A maior preocupação das empresas familiares é a sua sobrevivência. A maioria delas enfrenta problemas existenciais ou estratégicos, isto é, dificuldades relacionadas à inadequação, tanto na utilização, quanto na escolha dos recursos disponíveis para o alcance das vantagens de mercado. Isso posto, e considerando o interesse particular do primeiro autor, que pertence à segunda geração na sucessão da RECUPERADORA BRAS SOLDAS LTDA, uma empresa familiar, questiona-se: quais são as principais vantagens desse tipo de organização empresarial? Quais são suas principais desvantagens e desafios? Como se encontra a RECUPERADORA BRAS SOLDAS LTDA no contexto dessas questões, conforme apontado na literatura especializada? Quais os possíveis caminhos a empresa em questão pode e, ou, deve seguir? Este trabalho procura um aprofundamento no assunto, buscando respostas a essas inquietações. Para tanto, a seqüência desse artigo é composta por quatro partes. Na primeira, apresentam os seus objetivos. Na segunda parte, apresenta-se o referencial teórico das empresas familiares, incluindo sua origem e administração. Na terceira parte, reúne-se e se discutem as vantagens e desvantagens que as organizações familiares apresentam. Por último, na quarta parte, mediante um estudo de caso realizado na RECUPERADORA BRAS SOLDAS LTDA, uma empresa familiar da cidade de Dourados – Mato Grosso do Sul, busca-se junto aos seus administradores e a pessoas envolvidas no dia-a-dia da empresa, a visão que eles têm sobre a realidade da organização, incluindo uma proposta de ação e, ou, solução para o futuro da empresa.
2. OBJETIVOS Este artigo, em termos gerais, buscou uma melhor compreensão de algumas das principais questões que afetam a administração das empresas familiares. Em termos específicos, este trabalho propôs: a) Identificar e discutir as principais vantagens, desvantagens e desafios que as organizações familiares apresentam na condução de sua gestão; b) Confrontar as vantagens, desvantagens e desafios das organizações sob gestão familiar dentro do contexto da empresa RECUPERADORA BRAS SOLDAS LTDA, uma organização familiar, para uma melhor compreensão das questões evidenciadas. c) Sugerir ações que possam proporcionar melhorias para a empresa RECUPERADORA BRAS SOLDAS LTDA.
3. METODOLOGIA Para o desenvolvimento deste artigo foram utilizadas a pesquisa exploratória e o estudo de caso. Na pesquisa bibliográfica, conforme destaca Aaker, Kumar, Day (2004) se busca se busca um entendimento sobre a natureza geral de um problema de pesquisa, as possíveis hipóteses
explicativas e variáveis relevantes, nesse caso, sobre as empresas familiares e sua administração. Segundo Mattar (2001), esse tipo de pesquisa permite municiar o pesquisador de um maior conhecimento do tema, auxiliando e, ao mesmo tempo, desenvolvendo a formulação mais precisa do problema de pesquisa. No estudo de caso, um método da pesquisa exploratória, conforme Mattar (2001), levantaram-se documentos e fatos de uma empresa localizada na Cidade de Dourados, Mato Grosso do Sul, uma empresa familiar que se encontra em atividade a mais de trinta anos no ramo de prestação de serviços automotivos. Assim, o foco da pesquisa foi a Empresa RECUPERADORA BRAS SOLDAS LTDA, como objeto de estudo, aprendizado e comprovação de fatos levantados.
4. DISCUSSÃO
4.1 EMPRESAS FAMILIARES No mundo gerencial, a influência da cultura do país em que a empresa está inserida reflete diretamente sobre suas formas de gestão, principalmente quando se analisa os modelos de gestão importados, que freqüentemente são implementados em nossas organizações ou trazidos por multinacionais. Muitos desses modelos e práticas gerenciais, portanto, podem fracassar ou ser tímidos em seus resultados, justamente por não terem respaldo em alguns traços básicos de nossa cultura. O modelo de administrador na gestão empresarial brasileira, conforme se pesquisou em Prates (1996: 26), pode ser caracterizado como um sistema composto de quatro subsistemas: O institucional, o pessoal, o dos líderes e o dos liderados. Os institucionais estão relacionado com os traços culturais que encontramos no espaço da “rua”, enquanto os traços típicos do espaço da “casa” compõem o subsistema pessoal. O subsistema dos líderes faz um corte, reunindo traços encontrados naqueles que detêm o poder, enquanto o subsistema dos liderados abrange os aspectos culturais mais próximos daqueles subordinados ao poder. É importante perceber que esse conjunto de traços culturais com maior ou menor intensidade, chega até a formar um único conjunto que tem o outro como subconjunto. Este fenômeno denominou-se de englobamento, conforme Prates (1996), e pode existir influência nos dois sentidos: tanto no indivíduo contaminando a pessoa, como a pessoa contaminando o indivíduo. Carrega-se em nossa sociedade o valor de que patriarca tudo pode e aos membros do clã só cabe pedir e obedecer, caso contrário, a rebeldia pode ser “premiada” com a sua exclusão do âmbito das relações. O patriarcalismo, a face supridora e afetiva do pai, atendendo ao que dele esperam os membros do clã, e o patrimonialismo, a face hierárquica e absoluta, impondo com a tradicional aceitação sua vontade a seus membros, convivem lado a lado em nossa cultura. Segundo Floriani (2002:37): O nome da família surge, quando em épocas mais remotas e primitivas, representava a atividade do chefe principal da mesma e, por decorrência, de todos os seus componentes, notadamente os do sexo masculino que acabavam por suceder mais cedo ou mais tarde, o progenitor, deste herdado as habilidades. Deve-se considerar que a partir daí surge o mercado econômico formal, organizado e estruturado, contendo regras, moeda, mercadoria, incorporando, então as transações comerciais
acrescidas do lucro, justificando assim se o aparecimento na empresa da figura que vai coordenar, controlar, transformar e correr alguns riscos com o seu funcionamento. Nesse sentido, Floriani (2002:40), ressalta que: Uma instituição social básica, que aparece sob as formas mais diversas em todas as sociedades humanas. Descartadas as diferenças societais e culturais, dá-se o nome de família a um pequeno grupo caracterizado pela residência em comum e pelo convívio de pais e filhos, isolados dos demais parentes.
Nas estruturas primitivas da família, ao pai cabia a missão de prover o sustento, segurança e ditar as normas da vida. Atualmente pode-se encontrar significados diversos para família. A família deixou de ser apenas uma instituição do direito privado para a transmissão dos bens do nome, e passou a assumir a função de inter-relacionamento que foi surgindo com o próprio desenvolvimento intelectual, econômico e social do indivíduo, transmitido de pais para filhos num verdadeiro círculo de sucessão (LEITE, 2006). A nova sociedade, ao contrário de sua estrutura anterior, nem sempre é estável, passando, no decorrer de sua história, por diversas etapas de aprimoramento, assegurando a cada gênero de vida um espaço reservado (OLIVEIRA, 2002). A empresa familiar surge mais concretamente após a passagem da família matriarcal para a patriarcal, quando se observou a formação de grandes famílias, compostas por indivíduos de várias gerações, solteiros e casados, que viviam juntos. Ao examinar-se as origens dessas sociedades, pode-se perceber que essa preocupação, evidentemente, não é levada em conta com o início. A principal preocupação do fundador é a viabilização de seu sonho, aspiração e ideal. Segundo Montigeli (1995), apud Barros (1996) os estudos referentes a empresas familiares enquanto sistemas começaram com alguns artigos isolados nos anos sessenta e setenta. Lodi (1998: 7), por sua vez, afirma que: O fundador cria uma empresa a partir de um sonho pessoal e chega ao fim da sua vida com dificuldade de partilhar os seus valores com a segunda geração. O tecido dos sonhos da segunda geração precisa ser produto de trabalho de todas as pessoas envolvidas. Para isso, é preciso que quem assuma o comando da família encarne os traços e os valores que a segunda geração descobre da primeira. A segunda geração vai apresentar ao longo dos anos e principalmente no seu processo de crescimento, uma série de questões pertinentes à cultura e valores da geração anterior, que poderão influenciá-la mais do que as complexas atividades de gestão. Nesse sentido, vale lembra que uma das peculiaridades da sociedade familiar no Brasil é que a grande maioria dos fundadores é imigrante ou filhos de imigrantes, o que influencia diretamente na busca da solidificação e duração do negócio familiar. Como descrito anteriormente, a maioria das empresas brasileiras também são controladas e gerenciadas por famílias. A história destes empreendedores tem muito a ver com a própria história. Os dirigentes se mostram dinâmicos e criativos. São empresários que mesmo em tempo de crise conseguem enxergar as oportunidades e gerar a vitalidade necessária para superá-la. Sull (2003), por exemplo, destaca que existem vários brasileiros que são um marco do
empreendedorismo, seja pelo trabalho que realizam para a criação de verdadeiros impérios econômicos ou pelo sucesso conquistado por sua ousadia, coragem e criatividade. Lodi (1998:11), por outro lado, afirma que “Toda lisura é pouca no trato do bem comum da empresa familiar” e que muitos conflitos entre sócios, têm sua origem no comportamento ético entre os mesmos.
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