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Matriz De Posicionamento Estrategico Em Compras

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Por:   •  1/10/2014  •  7.476 Palavras (30 Páginas)  •  413 Visualizações

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Gest. Prod., São Carlos, v. 14, n. 1, p. 181-192, jan.-abr. 2007

Matriz de posicionamento estratégico de materiais:

conceito, método e estudo de caso

Marcelo Klippel

José Antonio Valle Antunes Júnior

Guilherme Luís Roehe Vaccaro

Resumo

A gestão de materiais representa uma questão de interesse na gestão de operações, uma vez que pode reduzir ou promover a flexibilidade do ambiente produtivo, e por conseqüência, impactar os resultados globais da organização. Este artigo apresenta os principais conceitos para sustentação e implantação da matriz de posicionamento estratégico de materiais (MPEM) e discute a necessidade de gerenciar eficazmente os materiais no contexto produtivo. Adicionalmente, apresenta um estudo de caso de uma empresa industrial do ramo metal mecânico sugerindo elementos metodológicos para implantação da MPEM. Finalmente, é salientada a importância da gestão contínua dos materiais, envolvendo a segmentação da gestão nos diferentes quadrantes da matriz e utilizando um mecanismo de indicadores de desempenho adotadas pela empresa.

Palavras-chave: Gestão de materiais. Gestão estratégica. Matriz de posicionamento estratégico.

1 Introdução

Durante as duas últimas décadas do Século XX, as empresas industriais passaram por profundas mudanças, ainda sob efeito da competição intercapitalista ocorrida a partir das crises internacionais do petróleo, em 1973 e 1979. Um dos principais efeitos foi a busca intensiva por melhorias de desempenho competitivo nos mercados. No Brasil, estas condições competitivas foram enfrentadas basicamente através da adoção dos modernos princípios de engenharia de produção, tais como: Sistema Toyota de Produção, produção enxuta, just-in-time, controle da qualidade total, teoria das restrições, etc. Porém, o eixo dos trabalhos realizados esteve fortemente focado nas melhorias internas dos sistemas produtivos. Embora esses esforços continuem relevantes e necessários, torna-se cada vez mais clara a necessidade de ampliação dos trabalhos de melhorias contínuas para a cadeia de fornecedores como um todo.

Uma parte significativa dos custos industriais associados aos produtos fabricados está relacionada com o fornecimento de materiais. Nas empresas industriais, em média esta parcela gira em torno de 60% do custo dos produtos fabricados (HARMON, 1993). Considerado este fato, justifica-se a tendência de investimento das empresas em projetos de desenvolvimento de sua cadeia de fornecedores, especificamente em termos de gestão do fornecimento dos materiais (DOBLER, 1996).

Através de um exercício teórico com a finalidade de avaliar o impacto do custo dos materiais e do montante de estoque envolvidos em uma operação típica de empresas industriais, Dobler (1996) evidencia que a empresa pode aumentar seu retorno sobre investimento (RSI) de três maneiras básicas:

redução dos custos associados às atividades de vendas;

aumento das vendas com os ativos disponíveis (ou ainda, o aumento das vendas proporcionalmente mais rápido do que os investimentos); e

estratégia combinada de redução de custos e aumento das vendas com os mesmos ativos.

O exercício proposto por Dobler (1996) apresenta o impacto da redução dos custos de compra de materiais e dos inventários (estoque em processo e produtos acabados) no RSI de Empresas Industriais, através de uma simulação de redução de 5% nos custos de materiais, ou seja, nos custos envolvidos com a operação, ao mesmo tempo em que reduz também 5% nos inventários. O resultado é observado através do aumento no RSI na

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Klippel, Antunes Júnior e Vaccaro

Gest. Prod., São Carlos, v. 14, n. 1, p. 181-192, jan.-abr. 2007

ordem de 10% para 13%. No exercício, a relação entre os custos de materiais e o lucro da empresa é direta. Por outro lado, para aumentar o lucro nos mesmos valores atingidos com a redução dos custos de materiais através de novas vendas, seria necessário um aumento equivalente a 28,8% nas quantidades vendidas. Em grande parte, esta diferença se dá graças ao fato de que ao aumentar o volume de vendas, aumentam-se também os custos dos materiais envolvidos, pois um maior volume de insumos também será necessário. Evidentemente, a situação ideal consiste na minimização dos custos dos materiais conjuntamente com o aumento no volume de vendas.

Aponta-se, à gestão de materiais, dois sentidos de atuação:

redução dos preços de custos dos materiais e matérias-primas, através de ações em parceria com fornecedores ou de inovações sobre os produtos; e

redução dos níveis gerais de inventários de matéria-prima, de estoque em processo e de produto acabado, através de melhorias na cadeia logística e no Planejamento, Programação e Controle da Produção.

Este artigo tem por objetivo apresentar uma forma de gestão estratégica dos materiais produtivos que é capaz de endereçar estrategicamente as questões acima mencionadas, através do uso de uma matriz de posicionamento estratégico para os materiais no contexto produtivo. Os objetivos específicos são: i) apresentar os principais conceitos que sustentam a matriz de posicionamento estratégico de materiais (MPEM); ii) propor um método de implantação da MPEM; iii) apresentar um caso de aplicação prática do método; e iv) realizar uma análise crítica dos diferenciais competitivos de utilização deste método.

2 Referencial teórico

Nas seções seguintes, são apresentados os elementos conceituais necessários ou correlatos ao método proposto. Serão tratados os temas: i) método ABC para gestão dos materiais; ii) método ABC com criticidade; iii) matriz de Kraljic; e iv) matriz de posicionamento estratégico de materiais (MPEM).

2.1 Método ABC para gestão de materiais

Um número significativo de empresas industriais nacionais e internacionais tem tratado a questão das compras envolvendo matérias-primas, componentes e serviços, de uma forma padronizada e única. Em outras palavras, a despeito da disponibilidade de ferramentas na base de conhecimentos da engenharia da produção,

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