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O BNDES E O Apoio à Internacionalização Das Empresas Brasileiras: Algumas Reflexões

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Por:   •  4/4/2013  •  9.556 Palavras (39 Páginas)  •  1.152 Visualizações

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A internacionalização de grandes empresas brasileiras e as experiências do Grupo Gerdau e da Marcopolo

Beky Moron Barmaimon de Macadar

RESUMO

O artigo analisa os fluxos mundiais de investimentos diretos no exterior (IDE) e a participação brasileira nesses fluxos. Além disso, analisa o estoque de IDE das empresas brasileiras de capital nacional como proporção do PNB e os fluxos de saída de IDE como proporção da formação bruta de capital fixo. Comenta, igualmente, os principais motivos que induzem às empresas a investirem em operações no exterior e discute as características das principais transnacionais brasileiras. Por último, trata das transnacionais gaúchas e descreve as experiências das empresas Gerdau e Marcopolo. Uma das conclusões é que as empresas brasileiras industriais com IDE preferem investir em plantas novas, inteiramente de sua propriedade, ou adquirir plantas já existentes, ao invés de ficar com uma participação minoritária. Ademais, os primeiros IDE são realizados em países com afinidade cultural e geograficamente mais próximos. Outra característica é a concentração em empresas de recursos naturais e em setores como siderurgia, material de transporte e bens intermediários. Constatou-se que um dos principais obstáculos para aumentar a participação nos IDE mundiais é a maior preferência pelo mercado interno. Como resultado, o baixo coeficiente de exportação das firmas industriais exportadoras brasileiras não induz ao aprofundamento da internacionalização produtiva.

Palavras-chave: internacionalização; IDE brasileiros

Introdução

O processo de internacionalização de empresas se transformou em um fenômeno crescente nas últimas décadas. De acordo com Bennett (2007), no período entre 1984 e 1998 o fluxo total do investimento direto no exterior mundial aumentou dez vezes, enquanto o crescimento da produção mundial foi muito modesto e as exportações mundiais praticamente duplicaram. Como a tendência dessas variáveis continua a mesma, Bennett (2007) conclui que uma das principais transformações ocorridas na economia internacional foi na localização das atividades produtivas.

Durante décadas, as empresas dos países emergentes foram vistas essencialmente como exportadoras. A novidade, hoje, é que essas empresas estão assumindo uma participação crescente na produção mundial, inclusive a partir da operação de fábricas no exterior, em decorrência de investimentos greenfield (novas plantas), fusões, aquisições ou joint-ventures.

O objetivo deste artigo é responder a algumas questões relacionadas com a internacionalização das empresas brasileiras. Qual é a representatividade do investimento direto brasileiro no exterior em nível mundial? Quais são as empresas brasileiras mais internacionalizadas? Como foram as experiências de internacionalização das principais empresas industriais gaúchas?

Para tanto a metodologia utilizada consistiu em uma revisão e integração dos resultados de estudos empíricos realizados no Brasil e no exterior sobre o processo de internacionalização das empresas nacionais de capital brasileiro. As fontes consultadas incluem dissertações, estudos de caso, artigos, anais de congressos, documentos de trabalho, bem como artigos de jornal e páginas web das empresas.

O trabalho está dividido em quatro seções, além desta introdução. A primeira trata das principais teorias que explicam quais os motivos que levam as empresas a realizar investimentos diretos no exterior (IDE). A segunda analisa a participação dos países desenvolvidos e em desenvolvimento nos IDE mundiais e identifica os países de origem das maiores empresas transnacionais (ETNs) dos países em desenvolvimento. A terceira seção aborda, especificamente, os investimentos diretos brasileiros no exterior e a quarta seção analisa os casos de duas empresas gaúchas: a Gerdau, empresa com uma grande experiência de internacionalização e que integra a lista das 100 maiores transnacionais dos países em desenvolvimento, e a Marcopolo, com uma longa tradição exportadora e com várias plantas produtivas no exterior. Por último, as considerações finais discutem as principais lições da internacionalização das empresas brasileiras e gaúchas.

1 - Fundamentação teórica

Esta seção visa analisar as razões e motivações que levam uma firma a exportar, abrir escritórios comerciais, armazéns, centros de distribuição, montar ou finalizar um produto no mercado de destino, ou a produzir no exterior.

O tema da internacionalização da firma é tratado tanto na literatura na área da administração e de negócios como na análise econômica. Na área de administração, predomina o modelo comportamentalista, que considera o processo de internacionalização como sendo gradual ou evolutivo. Na análise econômica, o paradigma principal é o da teoria eclética da internacionalização, que utiliza o conceito de custos de transação para explicar as decisões de internacionalização da firma.

1.1 - O modelo tradicional da Escola de Uppsala

A Escola de Uppsala, hoje conhecida como Escola Nórdica de Negócios Internacionais, foi o berço do modelo comportamentalista com base em estudos do processo de internacionalização de empresas suecas. Johanson e Vahlne (1977, 2001) se destacam como os principais expoentes desse enfoque. Nesse modelo, que se baseia na teoria comportamental da firma (Cyert e March, 1963) e na teoria do crescimento da firma de Penrose (1959), a internacionalização da firma é vista como um processo no qual o envolvimento internacional é gradual. A interação entre a aquisição de conhecimentos sobre os mercados externos por um lado e o crescente comprometimento de recursos nesses mercados de outro ditam a evolução do processo.

Um pressuposto fundamental é que o conhecimento do mercado, inclusive sobre as oportunidades e os problemas, é adquirido principalmente através da experiência proporcionada pelos negócios em andamento. Entretanto, como o conhecimento fruto da experiência também é uma forma de reduzir a incerteza, espera-se que, a medida que a experiência da firma aumente em relação à forma de operar em um determinado país, seu comprometimento de recursos também aumente gradualmente.

Conforme Johanson e Wideersheim-Paul (1975), o modelo sobre o processo de internacionalização consegue explicar dois padrões na internacionalização da firma. O primeiro deles é que o comprometimento da firma em um

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