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Tópico Especial em Criatividade e Inovação Jornalismo de Dados

Por:   •  17/5/2024  •  Trabalho acadêmico  •  802 Palavras (4 Páginas)  •  62 Visualizações

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INOVAÇÃO NO COTIDIANO

AVALIAÇÃO 2

Foi em 1821 que o jornal The Guardian publicou documentos vazados que traziam uma lista gigante com todas as escolas de Manchester, nos Estados Unidos, a quantidade de alunos e custos de funcionamento, com uso de textos, imagens e infográficos (os quais eram reconhecidos como “figuras”), através de livros caríssimos1.

Anos mais tarde, em 1849, em um período em que uma epidemia de cólera atingira fortemente a cidade de Nova York, o The New York’s Tribune divulgou um gráfico que comparava as mortes causadas pela doença com o número de óbitos totais. Menos de dez anos depois, em 1858, a britânica Florence Nightingale, forte militante por melhorias na saúde do exército britânico, publica o livro “Notes on Nursing”, demonstrando a relevância de medidas sanitárias no acolhimento médico de feridos em momentos de guerra.3

O que esses trabalhos têm em comum? Estes são considerados os precursores do hoje chamado Jornalismo de Dados, termo usado pela primeira vez em 2006 pelo programador Adrian  Holovaty no artigo “A fundamental way newspapers sites need to change”4, e que começou a ser utilizado em 2009 para designar as iniciativas de produção de notícias a partir de dados estruturados nos Estados Unidos2, e, apesar de estar presente de maneira tímida desde os primórdios do jornalismo, tornou-se ainda mais presente nas redações com a chegada dos computadores e da internet.

O Jornalismo de Dados coleta informações e se debruça sobre números e fontes oficiais, e que servem de base para a construção de uma pauta, além de colaborar para a construção automatizada de um conteúdo, com técnicas de análise de dados na apuração dos fatos e também na organização da reportagem, com menos riscos de erros. Duzentos anos depois da publicação do The Guardian, pode-se afirmar que tal inovação no método de apuração de dados complexos cumpre um papel essencial não só para o profissional, mas para a sociedade também.

Vale refletir, por exemplo, a cobertura da pandemia da COVID-19 sem o jornalismo de dados, num período em que as redações tiveram suas capacidades de produção reduzidas enquanto o fluxo de informações eram intensos e constantemente atualizados. Seria impraticável a análise dos números em tempo real, com gráficos e apoios visuais intuitivos, portanto a sociedade não teria a real dimensão da crise sanitária que assolou o Brasil, quais regiões estavam sendo mais afetadas, a taxa de infecção versus a tava de óbito, qual era a cobertura vacinal, entre outras informações que colaboraram para a conscientização das pessoas, para o uso de máscaras e para a importância da vacinação.

O período pandêmico foi decisivo para estabelecer a importância do jornalismo de dados no Brasil. Em junho de 2020, o Governo Federal decidiu restringir o acesso às informações do avanço da doença, retirando os dados acumulados da Covid-19 do site do Ministério da Saúde5. Por conta disso, o portais G1 e UOL, e os jornais O Globo, Extra, Estadão e Folha formaram um consórcio para, juntos, levantar e divulgar dados captados em todos os estados da federação, e trabalharam por 965 dias ininterruptos de trabalho e envolveu mais de uma centena de jornalistas6.

Portanto, entende-se que o jornalismo de dados é uma revolução metodológica de apuração, permitindo uma abordagem não só analítica mas também visual, sem interesses comerciais ou ideológicos, e com designs atrativos e intuitivos, permitindo atualizações céleres e assertivas, e possibilitando, inclusive, por consequência, um combate efetivo às fake news com informações de qualidade e com credibilidade, substituindo opiniões e suposições de senso comum por números, valores e, o principal, fatos. Por fim, é uma metodologia muito efetiva que não substitui o jornalismo tradicional, pelo contrário, o complementa.

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