A Cidade justa de Platão
Por: Paolays • 9/12/2017 • Resenha • 930 Palavras (4 Páginas) • 960 Visualizações
A cidade justa de Platão
Paola Yoshimatsu[1]
A obra “A República” de Platão, é apresentada em forma de diálogo, apoiando-se em discursos feitos por Sócrates para uma plateia anônima. Ela é dividida em dez livros, no entanto, aqui teremos como foco apenas os livros V, VI e VII.
É pedido para Sócrates discorrer sobre como seria a comunidade de mulheres e filhos em sua “cidade ideal”. Desta forma, o filósofo propõe que, se as mulheres tiverem as mesmas capacidades que os homens, ou seja, forem treinadas e educadas da mesma forma que eles, as mesmas deveriam possuir cargos dirigentes no governo da cidade. Todavia, ainda que possuem características naturais iguais, as mulheres são mais fracas que os homens.
Em seguida, o assunto sobre casamento e procriação é abordado. Assim como com os animais, os melhores homens deveriam se casar com as melhores mulheres e procriar o máximo de vezes possível, já os piores homens deveriam se casar com as piores mulheres e procriar o mínimo de vezes possível. Ademais, homens e mulheres teriam a idade certa para procriar, e esta seria quando eles/elas estiverem no seu melhor período... Mas é claro que, tudo isso, monitorado pelo Estado, para assim, o mais alto nível de eugenia ser alcançado.
Seguidamente, é discutido qual seria o maior bem e qual seria o maior mal para a cidade. Conclui-se que, a união seria o maior bem, enquanto que a desunião seria o maior mal. Também fica decidido que, a condição necessária para que um Estado seja justo, ou seja, torne-se realizável, seria se o Estado fosse governado por um filosofo, uma vez que, o filosofo é o único capaz de captar a essência do conhecimento das coisas. Outra opção, na ausência de um filosofo, seria que o Estado fosse governado por amigos do saber. Entre tudo, deve-se tomar cuidado com os sofistas, aqueles que aparentam ser filósofos, mas possui apenas uma leve opinião sobre as coisas, opiniões que são incapazes de ver a essência de algo. Os sofistas são amados pela população, pois eles não se importam com a verdade, são mercenários do saber, buscam a adoração do povo. Já o filósofo é odiado, pois este diz a verdade como ela é, possui conhecimento como ninguém, tem uma boa memória, é valente, inteligente, gentil...
É discutido também sobre o mundo visível, que possui antes de qualquer coisa, um espaço de imagens/reflexos das águas, considerados como suposição/ilusão. Em um grau mais alto, está os seres vivos e objetos do mundo conhecidos pela crença. Outro fator levantado é o do mundo inteligível que possui dois setores que são proporcionais entre si: o inferior e o superior.
Os filósofos devem ser educados focando em uma matéria superior, que tem como objeto o “Bem”. Aqui algumas analogias são utilizadas para a explicação, uma delas é a luz. O Sol é responsável por trazer a luz, porém, ele não é o olho ou a visão, mas o Sol faz a visão ser possível, assim é o “Bem” para o mundo das essências. O “Bem” proporciona a verdade, o conhecimento e é também um objeto de conhecimento; o “Bem” pode proporciona coisas belas, porém, ele supera todos eles em beleza e valor. O “Bem” não é algo solar, mas sim, o próprio Sol.
Outra analogia utilizada para exemplificar melhor o papel do filósofo na sociedade é o exemplo dado no livro, relatando a história de uma sociedade que sempre viveu em uma caverna, se um homem conseguisse sair de lá, ao sair, descobriria um novo mundo e a verdade sobre as sombras que tanto via atrás das fogueiras... Este homem agora livre, lembra de seu povo e tem o desejo de voltar para a caverna, para assim, os alertar sobre a verdade. Entretanto, por estar sozinho, não seria levado a sério, sendo motivo de piada e até mesmo odiado por alguns. Assim seria o filósofo, o homem que viu a luz e retorna à caverna para trazer a verdade ao povo. Porém, o povo acostumado com seu modo de vida e a viver nas sombras, não desejam a verdade, preferem continuar em sua ilusão vivida há muito tempo. Fica claro, então, que todo filósofo enfrenta muitos obstáculos, porém, é dever dele regressar à caverna.
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