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A Guerra do Peloponeso

Por:   •  13/9/2019  •  Artigo  •  1.681 Palavras (7 Páginas)  •  290 Visualizações

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Guerra do Peloponeso

O nome da guerra vem da geografia, da península do Peloponeso parte da Grécia que é ligada ao continente pelo Istmo de Corinto uma faixa bem estreita de terra, uma região bastante montanhosa. As montanhas fazem com que a península embora pequena tenha áreas isoladas umas das outras, antigamente cada uma era governada por sua própria cidade.

A cidade de Esparta liderava a Liga do Peloponeso, uma aliança que durou cerca de 250 anos entre esparta e as outras cidades da península, especialmente Corinto, Elis e Argos. Na verdade, não era bem uma aliança, ela foi formada como uma maneira de Esparta impor seus interesses as cidades próximas e evitar rivais. Uma hegemonia, que se caracteriza como a supremacia de um povo sobre outros, ou seja, através da introdução da sua cultura ou por meios militares

Existia um congresso de aliados em que cada cidade tinha um voto, entretanto, só os espartanos podiam convocar o congresso e eles não tinham a obrigação de obedecer ao que fosse decidido. Em tempos de guerra as outras cidades tinham que ceder 1/3 de seu exercito aos espartanos que conseguiu então o principal exército terrestre da Grécia antiga

No outro lado do conflito era a Liga de Delos, liderada por Atenas, que tinha esse nome por conta da ilha em que a Liga se reunia. Mesmo depois da transferência da capital para Atenas por Péricles, a Liga mantéu o nome. A Liga foi criada para coordenar a guerra das cidades estados gregas contra a invasão persa e reunia centenas de cidades, inclusive Esparta foi parte da liga durante a guerra contra os persas. A maioria das cidades da liga, hoje não está na Grécia, mas sim na Turquia e eram praticamente todas costeiras ou insulares, por isso o foco da aliança era em manter e expandir uma poderosa marinha de guerra, para possibilitar que os membros da aliança pudessem auxiliar uns aos outros. Cada cidade pagava tributos para a manutenção da frota que na prática era controlada pelos atenienses, Atenas também controlava o comercio marítimo em todo o mediterrâneo, no que é chamado muitas vezes de Império Ateniense quase como um sinônimo da Liga de Delos.

Após derrotar os persas, Esparta (potência terrestre) se retirou da aliança e disputava com Atenas (potência marítima) o predomínio perante outras cidades gregas. Em cada lado do Istmo de Corinto tinha uma cidade, a própria corinto de um lado e Megara do outro. Por 15 anos (460 a.C./445 a.C.) uma cidade guerreou com a outra pelo controle do Istmo e das ilhas da região, cada uma apoiada por uma das cidades principais. Isso as vezes é ate chamado da Primeira Guerra do Peloponeso.

Após um acordo de paz, Corinto e Atenas continuaram disputando influencia em outras cidades e Atenas bloqueou o comércio pelo Istmo, os coríntios basicamente falaram aos espartanos que ou eles faziam alguma coisa ou Corinto estava fora da Liga. Pressionada, Esparta convocou o Congresso dos Aliados e decidiu que as ações atenienses era uma quebra da paz. A guerra do Peloponeso durou 27 anos (431 a.C./404 a.C.) e podemos dividir ela em 3 fases principais

Na 1ª fase, Esparta convocou seu exercito e invadiu a Ática, região onde fica Atenas. Por outro lado, a marinha ateniense realizou diversos ataques pela costa da península do Peloponeso. Nessa primeira fase da guerra o exército espartano conseguiu controlar toda a região da Ática, menos a cidade de Atenas e o seu porto em Pireu que eram conectados por uma muralha de 6 quilômetros, essa muralha permitia que a cidade resistisse ao cerco sem perder a conexão com o mar por onde os suprimentos podiam chegar.

Mesmo assim os espartanos não cercaram a cidade, já que os soldados espartanos não ficavam mais de 40 dias longe de casa, voltando constantemente para participar nas atividades nas plantações e para evitar revoltas das pessoas escravizadas que ocorriam frequentemente. Isso gerou um impasse que durou 16 anos com cada lado conseguindo apenas ganhos pequenos. Nessa fase que ocorreu a maior batalha terrestre da guerra, a Batalha da Mantineia (418 a.C.) com 9 mil espartanos e aliados e 8 mil atenienses e aliados, uma vitória espartana.

A segunda fase (415 a.C.) começa com um ataque ateniense a Ilha da Cicília, contra Siracusa. Em defesa dos seus aliados em um conflito local, a expedição é derrotada por reforços espartanos, destruindo o exercito ateniense e enfraquecendo a sua frota.

Com Atenas enfraquecida, Esparta inicia a terceira fase da guerra e invade a Ática novamente, ao fazer isso os espartanos dominam as minas de prata, fonte de tesouro para Atenas. Esparta usa esses recursos para comprar navios persas e conseguir juntar uma marinha que pudesse enfrentar os atenienses. Liderados por Lisandro general e conhecedor de estratégia naval em 405 a.C., os espartanos derrotam a frota ateniense na batalha de Egospótamo que envolveu mais de 300 navios. Sem dinheiro, sem exército, cercada pelo mar e com fome, Atenas se rende.

Corinto e Tebas, aliados de Esparta, desejavam a destruição de Atenas e a escravização de todo os seus habitantes, porém, os espartanos se recusam sabendo que Atenas seriam um importante aliado contra os persas, se necessário. Atenas é submetida a Liga do Peloponeso e Esparta passa controlar todo o antigo império ateniense. Disputas internas e a destruição causada pelas décadas de guerra, entretanto irão enfraquecer as cidades estados gregas que não conseguirão resistir aos macedônios. As estimativas falam em 250 mil mortos incluindo 1/3 da população ateniense.

A Trindade Paradoxal da Guerra de Clausewitz pode ser classificada em 3 pernas:

- A violência (um impulso para a combate)

- O jogo do acaso e da probabilidade (que dá a imprevisibilidade da guerra e a necessidade do talento do Comandante)

- A subordinação, sendo um mero instrumento da política

A primeira consideração se refere a violência primordial, fonte do ódio e da inimizade e puramente emocional e pode ser encaixada no contexto da Guerra do Peloponeso se colocarmos em discussão a existente rivalidade entre o povo de Atenas e os espartanos desde as Guerras Médicas. Já que com os fundos obtidos da Liga de Delos, Atenas havia se tornado o centro político, econômico e cultural da Grécia. Esparta não aceitava essa situação e entra na disputa pela hegemonia política e econômica da Grécia. Criando, então, outra liga com o objetivo de combater a liga comandada por Atenas a Liga do Peloponeso.

Segundo Clausewitz: “o acidental e a sorte desempenham, pois com o acaso, um grande papel na guerra”. Assim o jogo das probabilidades e do acaso podem exercer um papel fundamental durante a condução da guerra, podendo mudar o destino do conflito. Desse modo o teórico da guerra deve admitir traços imponderáveis em seu estudo, representado pelo plano do acaso e pelo maior ou menor grau de interferência das paixões e dos ódios na definição, pelo Estado, dos objetivos políticos da violência.

De outro lado, Sir Michael Eliot Howard, historiador militar, acreditava que a busca por “princípios racionais baseados em sólida e quantificável informação poderia reduzir a condução da guerra a um ramo das ciências naturais, uma atividade racional da qual o papel do acaso e da incerteza estariam inteiramente eliminados”.

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