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CRISE NO PARLAMENTO INGLES E ELEIÇOES 2022

Por:   •  21/8/2022  •  Artigo  •  884 Palavras (4 Páginas)  •  84 Visualizações

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CRISE NO PARLAMENTO INGLES E ELEIÇÕES 2022

 

Beatriz de Nazaré Cunha da Silva - acadêmica do 4º semestre de Relações Internacionais da Unama

Boris Johnson, do partido conservador, responsável pela saída do Reino Unido da União Europeia - movimentação conhecida como Brexit- renúncia seu cargo de Primeiro Ministro após envolvimento em múltiplos escândalos. 

De acordo com o professor de Relações Internacionais da FAAP Carlos Poggio em entrevista à CNN, a política da nação insular tem enfrentado turbulências após tal decisão e ainda adiciona que é a terceira renúncia dentro do partido desde 2016 (CNN BRASIL, 2022).

Antes dos escândalos de Johnson, o Reino Unido presenciou algumas crises que assolaram o território a partir do segundo semestre de 2021, como foi o aumento dos casos de Covid-19 e o aparecimento da variação delta. Além disso, houve, também, uma crise energética que gerou um aumento na conta de luz dos cidadãos ingleses -com agravamento durante a guerra russo ucraniana esse ano- sem contar na crise de mão de obra e abastecimento seguido de altíssimas taxas de inflação, que por sua vez gerou instabilidades no cenário político-econômico da Grã-Bretanha (CNN BRASIL 2021).

Quanto a atuação do ex-primeiro-ministro, destaca-se alguns acontecimentos que levaram seu mandato ao fim, dentre eles seu descaso com o comprimento de medidas preventivas do Covid, o caso “partygate”, em que Boris organizou festas na residência oficial (EXAME, 2022.) e consequentemente gerou uma onda de descontentamento e perda da confiança dentro e fora do parlamento.

Ademais a isto, pode-se contar com o que é considerado o estopim para a dissolução de seu cargo: o envolvimento em um escândalo de assédio sexual. Segundo autoridades, Boris decide nomear Cris Pitcher - parlamentar acusado de apalpar membros da assembleia - mesmo estando ciente de seu histórico controverso. Fato que intensificou ainda mais os votos de desconfiança entre os parlamentares e a mídia inglesa, diminuindo assim sua popularidade o que por sua vez deu fim a seu mandato (EXAME, 2022.).

Dentro do cronograma eleitoral, o mandato do partido conservador segue até 2025, tendo em vista que o cargo de Johnson foi exonerado, é responsabilidade do parlamento inglês que haja a eleição interna de um novo premiê. Ainda na ótica do professor Carlos Poggio, um dos benefícios do parlamentarismo é justamente o fato dos mandatos pertencerem ao partido e não ao ministro eleito. 

No que diz respeito às eleições, as votações continuam em processo, sendo o dia 5 de setembro a data prevista para o anúncio do novo sucessor de Boris Johnson. Atualmente, quem lidera o ranking é o ex-ministro das finanças e primeiro hindu a ocupar o cargo, Rishi Sunak, que segue com um total de 88 votos (G1, 2022). Vale ressaltar, que pode ser a primeira vez que o Reino Unido tenha um ministro estrangeiro na história, sendo que dos 8 candidatos, 4 tem ascendência não-britânica e um nascido no Iraque (O GLOBO, 2022).

A teoria realista das Relações Internacionais tem como pressuposto central a soberania do estado, fomentada por uma lógica extremamente racional, além abordar questões diplomáticas e militar-estratégicas, baseada principalmente em Hobbes e Maquiavel (LACERDA, 2006)

     A partir dessa lógica, percebe-se aplicabilidade de três variantes da teoria realista no atual cenário inglês. Primeiro, a saída do país do bloco como um mecanismo de defesa a possíveis ameaças econômicas as quais os países membros estão sujeitos, análise característica do realismo defensivo de Kenneth Waltz, o qual busca a manutenção do status quo. Além da ideia de maximização do poder do estado, e busca incessável pela sobrevivência dessa instituição, característico do realismo ofensivo de John Mearsheimer, relacionado ao estabelecimento e fortificação de uma estrutura hegemônica. Sem contar com análise neoclássica, a qual infere que questões internas de um estado afetam diretamente sua tomada de decisão no âmbito da política externa (SCHAITEL, 2018) [a]

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