Ensaio sobre a formação de estados europeus
Por: Inara Ribeiro Bezerra • 2/3/2017 • Ensaio • 2.086 Palavras (9 Páginas) • 407 Visualizações
A formação do sistema europeu de estados
A construção do sistema de estados europeu é marcada por grandes rivalidades, a sua consolidação e ascensão foram marcadas por grandes transformações políticas, econômicas e sua grande expansão marítima. Este ensaio tem como principal objetivo compreender como o sistema europeu de estados dominou as outras civilizações e os fatos políticos e econômicos que fizeram a Europa se destacar das outras civilizações que estavam em desenvolvimento.
O livro de Giovanni Arrigh, ‘’ O longo século XX’’ abordara sobre os primeiros ciclos sistêmicos de acumulação de capital que surgiram na Europa. A medida que o capitalismo foi se desenvolvendo, os Estados nação necessitaram desenvolver tentativas de hegemonia e a história do capitalismo é marcada por uma sucessão de tentativas hegemônicas.
Entretanto, a medida que as redes de acumulação se expandiram de modo a abranger todo o globo, elas se tornaram cada vez mais autônomas e dominantes em relação as redes de poder. Como resultado, surgiu uma situação em que, para ter êxito na busca do poder, os governos têm que ser líderes não apenas nos processos de gestão do Estado e da guerra, mas também nos de acumulação de capital. (ARRIGHI, 1994, p. 88).
As transformações no sistema capitalista passou por uma série de ciclos de acumulação de capital, – estes ciclos são compostos por uma fase expansão material, seguida de uma fase de expansão financeira sendo ambas as fases promovidas e organizadas pelo mesmo agente – representando uma ‘’ revolução organizacional’’ nesse novo processo de cumulação de capital.
O primeiro ciclo sistêmico que Arrighi traz em seu livro é o Genovês, mais precisamente focado nas cidades de Genova, Florença, Milão e Veneza. As raízes do capitalismo genovês estava nas suas origens aristocráticas e na forma precoce como as cidade-estado haviam anexado as regiões rurais. A ideia de ter uma moeda forte era fundamental para a acumulação de capital, era necessário um padrão monetário sólido e a reforma monetária deu grande impulso para o crescimento de capital genovês. Exerceram grande domínio sobre as rotas do mar negro, fazendo prosperar o seu comercio. Entretanto, esse domínio genovês entrou em declínio, mas exerceu grande influência sobre os novos ciclos que viriam a surgir.
Outro ciclo sistêmico apresentado por Arrighi é o holandês, este ciclo sistêmico de acumulação se concentrou no controle das redes financeiras. Diferente do ciclo genovês o ciclo holandês não era tão suscetível a criação de rotas comerciais rivais, mas o ciclo holandês veio a decadência com sistema de Vestefália, a hegemonia holandesa nem chegou a governar o seu próprio sistema. Acontecimentos como a revolução francesa, as guerras napoleônicas e outros conflitos territoriais corroboraram para a perda da hegemonia holandesa. Esses acontecimentos serão abordados por outros autores durante a construção deste ensaio.
Watson já apresenta o “outro lado da moeda”. Sabe-se que com a reforma e o renascimento, a Europa passava por uma intensa transformação, como a fragmentação de seu território e o enfrentamento entre statos e statis, dentre os aspectos mais atingidos, temos a religiosidade. Diante a esse cenário descontrolado, há a existência da tentativa hegemônica promovida pelos habsburgos, comandantes do império austro-húngaro, que Era de impedir o surgimento de estados emergentes e estabelecer uma autoridade hegemônica.
Durante o período renascentista, inúmeras correntes filosóficas e revoluções surgem. Martin Lutero acaba fundindo o luteranismo, após a divisão da igreja católica, onde foi aceita pelos alemães e escandinavos sem muita resistência. Já a segunda parte da revolução não era passiva, devido a sua ligação com João Calvino, cujo se posicionou contra a postura hierárquica da igreja, e baseado sobre a teoria de autoridade política, ele afirma que seria necessário o povo escolher quem deveria governa-lo. O autor faz uma comparação afirmando que da mesma forma que os gregos utilizavam, como base para seu pensamento, os textos neoclássicos, os protestantes utilizavam a bíblia como fundamento para sua crença. Diante a essa situação, surgem grupos que se mantém ao lado da igreja católica, e aqueles que se mantém nos grupos revolucionários, o que resultou inúmeras guerras entre todos contra todos.
Com Henrique VIII no poder, é criado uma religião antes que pudesse abranger todas as outras, dentre elas, a igreja anglicana que foi responsável por manter o equilíbrio e a paz no território, logo a Inglaterra pode ser identificada como a intermediadora da balança dessa guerra constante. Já no império otomano considerava os burgos como o principal atraso para sua expansão, fazendo assim, com que houvesse o desenvolvimento de uma política geral para incentivar a desordem na Europa, enfraquecendo seus inimigos HabsBurgos, fornecendo estruturas a grupos anti hegemônicos, presentes naquele território. Logo é visível que a tentativa hegemônica teve como resultado Grande resistente, pois sabe-se que a família vivia sob um passado medieval.
De acordo com as tentativas da formação de Estados hegemônicos, em seu livro ‘’ A evolução da sociedade internacional’’, Adam Watson aborda acerca da legítima independência dos Estados Europeus. A independência os fez entrever a necessidade de novas regras e procedimentos que estabeleceriam suas relações, abandonando, assim, as limitações do período Medieval.
A evolução da sociedade europeia deu-se a partir das lutas contra forças que empregavam uma ordem hegemônica. A decisão desse processo foi dada por meio do acordo de Vestefália, ocorrido no século da Guerra dos Trinta Anos. Foi um acordo por Carta, com a proposta de uma Europa organizada e baseada no princípio anti hegemônico. A criação de uma Europa hegemônica veio da visão dos Habsburgos, cujo sofreram grandes oposições acerca de suas concepções. No século XVII ocorreu a atuação do Estado Francês, com a política de Richelieu: ‘’ Richelieu aplicou uma política de consolidação da autoridade real depois da stasis prolongada das guerras de religião, aplicando novamente as técnicas do Stato italiano introduzidas por Luís XI’’ (WATSON, 2004, p.258).
Segundo ele, a família Habsburgo obtinha o poder de ditar as leis da Europa, desse modo, procurava eliminar todas as formas de ameaça ao Reino da França visando os interesses do Estado. Ao passo que os Habsburgos visava seus princípios e a manutenção dos direitos hereditários.
Em 1648, foi concebido o Acordo de Vestefália. Foi efetuado o primeiro congresso das potências da Europa, por meio de negociações, reunindo príncipes e cidades do Sacro Império Romano, cujo seriam eficazes na condução de uma política externa independente. Os tratados proporcionaram novas regras e princípios políticos para a sociedade de Europeia. Além disso, o acordo obtinha o objetivo de propor um funcionamento básico da coletividade e abrangente para toda a Europa. Com a existência do Tratado, foi possível que cada Estado se tornasse independente em suas fronteiras, ao passo que o acontecimento de algo dentro do Estado era de exclusiva responsabilidade do mesmo.
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