Grecia antiga e seus aparatos diplomáticos
Por: Relações Internacionais • 4/12/2018 • Monografia • 3.804 Palavras (16 Páginas) • 168 Visualizações
UNIVERSIDADE POSITIVO
CARLOS EDUARDO MARTINS
JOÃO LUCAS JUN ICHI GODOI SAGAE
Grécia Antiga
Eventos e Aparatos Diplomáticos
CURITIBA-PARANÁ
2018
INTRODUÇÃO:
Dentro das questões de como os Estados da antiguidade no ocidente se relacionavam, a Grécia de destaca com algumas peculiaridades, sendo as principais a falta de um governo central e a autonomia das cidades-estados.
É sabido, obviamente, os motivos dessa segregação do poder estatal (geografia da Grécia). Mas o que mais intriga é como uma civilização antiga poderia criar aparatos diplomáticos tão complexos como os que os Helenos criaram?
Tentamos, então, explicar o surgimento da Grécia clássica (pois, obviamente, não se pode tirar conclusões sobre uma questão histórica sem saber de seus antecedentes) e explanar como uma civilização sem um governo central existiu durante tanto tempo e conseguiu criar um sentimento e uma ideologia mútua (democracia) e como conseguiu criar uma das primeiras coligações de Estados.
Aqui também explicamos como a democracia deles dependia disso e como esta dependência fez com que a “Polis (grande criação grega)” declinasse.
Grécia: O Início
Idade Do Bronze:
Para falar de como as poléis gregas se relacionavam entre si e suas respectivas artimanhas diplomáticas é necessário explanar como a civilização grega surgiu. A complexidade da Grécia antiga (o conceito que conhecemos hoje, como Atenas sendo a grande polis exemplar) vem, em geral, com o fim da civilização Micênica, no período dito como “pré-homérico” ou “idade do Bronze”.
“A partir do século XV, porém, desenvolve-se uma civilização chamada de micênica, nome derivado do principal núcleo de seu apogeu: Micenas, no Peloponeso.”[1]
Mesmo sendo uma civilização de cultura e economia expressiva, ainda não havia a polis, uma cidade propriamente dita. Eram tidos como pequenos Estados com uma centralização política e econômica forte[2], com muralhas mas com habitação esparsa mesmo tendo uma rede de ruas (mas não tão bem urbanizada como era Cnossos, da civilização Minoica).
O fim desta civilização marca uma “idade das trevas grega”. Para Anthony Snodgrass, mesmo que haja alguma relutância de alguns estudiosos, este período que aconteceu entre os séculos 1100 a 700 A.C. pode ser entendido como uma época em que houve uma queda na população, declínio de habilidades materiais, declínio na produção artística (escultura e escrita), queda nos padrões de vida e produção de riqueza e uma expressiva falta de comunicação com as demais civilizações próximas do Egeu[3].
Da inseguridade do período homérico ao período arcaico grego:
Em uma explicação mais abrangente, as bases da Grécia em si e suas concepções surge nesta época, no período homérico. A língua dos micênicos é aprimorada até se tornar o grego em si. Ilíada e A Odisseia são os principais textos onde podemos compreender as questões socioeconômicas deste período. Uma derivação destes séculos de incerteza, onde foram lançados os alicerces da civilização, é o Oikos.
O Oikos é uma unidade de produção, digamos. Em Odisseia percebemos que Ulisses (um homem rico) faz parte de uma família que possui um. Cada Oikos tendia a ser autossuficiente. A produção é feita pelos escravos. Estes eram obtidos pela pilhagem e saques de tribos litorâneas ou pelas leis comuns na Grécia da época: divida e perca de nobreza por ter sido sequestrado por “bárbaros”.
“O Oikos tem um chefe guerreiro à testa, juntamente com sua família, mas os seus componentes não são os únicos do Oikoi. Estes compreendem também como todos os servidores e escravos; os bens imóveis; a terra e as casas; e os bens móveis; ferramentas, armas, gado etc., dos quais depende a sobrevivência do grupo.”[4]
Nos termos de comércio, esta era compreendia que esta prática era uma coisa típica dos bárbaros. Para se obter metal, por exemplo, as trocas comerciais eram mínimas e os itens que os gregos não podiam produzir eram tomados a partir de pilhagens e saques à outras cidades.
Os grandes proprietários dos Oikos eram os que detinham o poder político. A nobreza era fechada, consciente de seus privilégios e de seus refinamentos[5] e mantinham contatos, criando uma impossível escalada social. Era essa aristocracia que se reunia para determinar os caminhos da comunidade.
Nesta época existia o rei (generalizando as comunidades que se formavam na região) que era autoconstituído por ser o mais rico, o mais sábio e o guerreiro mais notável. A aristocracia e o rei que definiam o futuro da “cidade” e o “povo” somente assistia. Era aí que iniciou-se as assembleias que, mais tarde, serão democráticas (com participação do que era considerado cidadão).
Em questões sociais, o Teta, era uma pessoa num nível ainda inferior ao de um escravo. Um homem em condições precárias (possivelmente a maioria da população). Os homens que tem funções nos aglomerados urbanos desta época eram os Demiurgos; livres e especializados (arquitetos, médicos, etc.).
O período arcaico e sua construção social:
É aqui, no período arcaico, onde nasce a Polis e onde o mundo helenístico se expande para outras regiões do mar Egeu. Este período conta com uma produção de textos e produção de manufatura superior ao período anterior.
François Lafèvre explica as Poleis como:
“Estrutura política (polis) que, em graus variáveis, goza de autonomia [...] e de independência [...]; geralmente é constituída por sinecismo [...] de pequenas comunidades preexistentes. [...] normalmente ele resulta na formação de um centro urbano [...] no qual persiste um habitat rural mais ou menos denso e que deve garantir a subsistência de seus habitantes.” [6]
Sem se embasar em generalizações, as poleis não estavam ligadas com o desenvolvimento urbano em si (grande exemplo é Esparta) e sim numa região onde, no centro, havia um espaço para os edifícios públicos e religiosos juntos com a ágora (onde aconteciam as reuniões dos cidadãos) e uma acrópole (cidade alta) por medidas preventivas militares[7]. O cidadão e a cidade são coisas ligadas para os helenos. Muitas vezes se dizia “os atenienses”, “os coríntios” etc., para se denominar a polis em si.
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