Necropolitica - Mbembe
Por: Luíza Borges • 17/6/2019 • Resenha • 1.011 Palavras (5 Páginas) • 243 Visualizações
Luíza Gomes Borges
Necropolítica – Mbembe
Sobre o autor:
Achille Mbembe nasceu nos Camarões Franceses em 1957 (62 anos). Ele é filósofo, ensaísta, historiador, professor universitário e teórico político.
Tem escrito extensivamente sobre política e história africana, além disso, seus principais pontos de investigação são história da África, pós colonialismo, ciências sociais e política. Embora seja chamado de teórico pós-colonial, em boa parte devido ao nome em inglês do seu primeiro livro, ele recentemente rejeitou o termo porque vê seu projeto como um trabalho tanto de aceitação quanto de transcendência da diferença, em vez de um retorno para uma terra natal original, marginal e não metropolitana.
Segundo Mbembe, o conceito de biopoder, de Foucault, como um agrupamento de poder disciplinar e biopolítica, não é mais suficiente para explicar as formas contemporâneas de subjugação. Aos insights de Foucault sobre as noções de poder soberano e biopoder, Mbembe acrescenta o conceito de necropolítica, que vai além de simplesmente "inscrever corpos dentro de aparatos disciplinares". Discutindo os exemplos da Palestina, África e Kosovo, Mbembe mostra como o poder da soberania agora é encenado através da criação de zonas de morte, onde a morte se torna o último exercício de dominação e a principal forma de resistência.
Sobre o texto:
Mbembe começa falando sobre o conceito de soberania a partir do Estado nação que se consolida no século XIX com princípios universalistas como igualdade, liberdade, fraternidade, a ideia de justiça, de lei, enfim... a ideia de que o Estado protege a vida.
A ideia de soberania seria algo vinculado à racionalidade humana, de forma que o Estado surge como um ideal da razão – razão que protege a vida e a humanidade. Mas Mbembe diz o contrário, ao invés de estarmos apontando para uma razão que protege a vida, estaríamos falando de uma razão “necro”, ou seja, uma razão política que aponta para a morte.
Ao longo do texto o autor aponta exemplos como que desde a Rev Francesa foram surgindo mecanismos para matar mais pessoas com menos esforços e através de aparatos tecnológicos e materiais. Com isso o Estado nação surge como um modo de impor medo e terror para consolidar o domínio de um determinado grupo social.
Usa também a escravidão quando diz que ela não aponta pra vida, na verdade ela é a negação da vida. A apropriação do outro sobre um não humano. O escravo seria aquele que não possuiria direitos e não teria o estatuto de humano, associado a um viés racialista (é possível linkar a ideia do “negro” que o Mbembe expõe em Crítica da Razão Negra). Além disso, a condição de escravo resulta de uma tripla perda: perda de um lar, perda de direitos sobre seu corpo e perda de estatuto político, ocasionando essa dominação absoluta, uma alienação de nascença e uma morte social (que é a expulsão da humanidade).
Faz uma relação ao Estado de exceção que é quando um grupo tem direito a vida e a proteção enquanto outros grupos dentro de um Estado de conflito e de guerra onde é imposto o terror e o medo, eles são desprovidos do privilégio da vida e da proteção. Ou seja, aquele corpo que sendo ameaçador ao resto da sociedade pode ser destruído e exterminado.
Desse modo, retoma Focault e outros filósofos com o conceito de biopolítica. Focault conceitua a biopolítica como uma política da vida, ou seja, política que o Estado escolhe as pessoas pra ficarem vivas. Mbembe faz o contrário e diz que o Estado escolhe as pessoas pra morrerem, ou seja, essas pessoas que o Estado escolhe pra morrerem ele conceitua como Necropolítica – política da morte.
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