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O Realismo Morreu?

Por:   •  30/5/2016  •  Dissertação  •  1.495 Palavras (6 Páginas)  •  428 Visualizações

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O realismo morreu?

O homem, com a evolução das sociedades e a crescente globalização, sempre procurou explicar por uma ótica internacional os eventos ocorridos e determinar a melhor estratégia para que se encontre harmonia e desenvolvimento econômico e social por meio de debates freqüentes entre diferentes correntes que representavam visões distintas sobre o mundo.

Essas diferentes opiniões foram o que transformaram as relações internacionais e a política internacional em algo tão importante pois abrange todas as discussões econômicas, jurídicas, geográficas, lingüísticas, históricas, religiosas e ambientais com autonomia e a busca por melhorias progressivas são totalmente presentes.

As duas principais correntes ideológicas e rivais no maior debate das relações internacionais são a teoria idealista e a realista. A primeira, influenciada por teorias iluministas e com o presidente americano Woodrow Wilson(1856-1924) como o principal representante. Woodrow, que assistiu de perto os acontecimentos da primeira guerra mundial e toda a destruição causada colocou como principais fatores que levaram a guerra além do assassinato de Francisco Ferdinando, o sistema de alianças diplomáticas secretas e o conceito de Realpolitik, ou seja, a política que é baseada basicamente na busca pelo poder.

Após a guerra, Woodrow Wilson propôs uma reformulação total na estrutura do sistema internacional, propondo em um discurso no dia 8 de janeiro de 1918, um sistema diferente baseado em 14 pontos principais nos quais condena o sistema de alianças secretas, uma diplomacia pública regulada de acordo com as convicções políticas de cada país e um órgão jurídico internacional responsável por manter a paz mundial e por meio da negociação evitar futuras guerras. Esse órgão foi criado com o nome de Liga das Nações, porém, fracassou e foi dissolvida em 1942, 4 anos antes da criação da ONU.

Os 14 pontos de Woodrow Wilson marcaram presença no debate idealismo x realismo como um dos grandes pilares da corrente filosófica junto com obras como a Paz Perpétua de Immanuel Kant. Porém, o realismo seguiu como grande vencedor desse debate muito devido o boicote feito pelo congresso americano que aproveitando dos sérios problemas de saúde de Woodrow, rejeitou o projeto.

O realismo por sua vez é considerada a teoria mais importante no âmbito das relações internacionais, baseado em autores como Hobbes e Maquiavel, a teoria realista, totalmente contrária à idealista, propõe que o mundo na verdade é imperfeito fazendo uma analogia dos homens em seu estado de natureza vivendo uma anarquia com os Estados atuais. O realismo político possui seis princípios considerados fundamentais:

  1. O sistema segue leis objetivas. Ou seja, parte das leis que seguimos foram de origens espontâneas que figuram desde as raízes da natureza humana. Portanto, para operar bons atos políticos tanto internamente quanto externamente, o político deve entender antes de tudo que grande parte das motivações e acontecimentos tem como origem nessas leis.

Embora o conceito da natureza humana na ótica realista seja de certa forma antiga, isso não a desmitifica. A própria teoria do equilíbrio de poder mesmo que tenha sido desenvolvida há centenas de anos não quer dizer que também esteja ultrapassada, afinal relegar teorias apenas por sua idade não é racional.

  1. Conceito de termos de poder. Esse conceito diferencia a política de outras esferas importantes para o desenvolvimento de uma nação. A política, como autônoma, deve ter objetivo de conquistar poder e respeito perante as outras nações. Os políticos devem ter em mente que se preocupar com motivos e preferências ideológicas na maioria absoluta das vezes acaba se tornando um peso a mais e no fim prejudicando mais do que favorecendo.

Existem vários exemplos ao decorrer da história que comprovam que essa preocupação além da conquista do poder trouxe fracassos. Durante a revolução francesa, Robespierre tinha motivações extremamente nobres, porém, devido sua ideologia, foi responsável pelo período de terror na revolução francesa e por fim acabou destruindo-a abrindo espaço para Napoleão tomar o poder.

O mesmo ocorreu com Neville Chamberlaim com suas políticas de apaziguamento. Assim como Robespierre, possuía motivos dos mais nobres, porém, a tentativa exagerada de preservação de paz e necessidade de agradar a todos acabou piorando mais ainda o cenário político mundial, tornando assim a Segunda Guerra Mundial como inevitável. Exemplos na história não faltam, por esse motivo, os políticos devem realizar seus atos políticos sem esperar com que sejam reconhecidas positivamente, deixando assim, apenas para fazer o necessário. A corrente realista em seus atos políticos devem sempre ser racional com finalidade de minimizar os riscos e maximizar as vantagens

  1. Os interesses dos Estados sempre como primeiro plano. De acordo com Weber, são os interesses que constituem e influenciam diretamente nas ações do homem e não as idéias. Porém, os políticos devem sempre se basear no contexto político-cultural do cenário atual para que assim seja possível moldar seus interesses conforme as necessidades.

Apesar dessa necessidade de se situar no momento atual que se encontra o sistema internacional, os realistas nunca disseram que não é possível modificar para melhor o que for preciso para o desenvolvimento, porém, ao contrário dos idealistas que apenas descrevem como o mundo deve ser, chegando ás vezes em níveis completamente utópicos, os realistas crêem que o mundo pode e deve sempre se transformar para melhor porém esse processo sempre deve ser feito racionalmente.

  1. A moral existe sim na corrente realista. Os autores realistas tem total noção da importância da moral para o indivíduos, porém, o Estado nunca deve confundir a questão moral com a política.

  1. As leis morais não podem governar uma nação.  Deve ser necessário distinguir as leis morais das leis objetivas, da verdade e a opinião e dos objetivos com as tentações. Apesar de ser comum o sentimento nacionalista/religioso entre os povos, deve-se sempre lembrar que existem outras crenças e culturas que devem ser respeitadas no âmbito do sistema internacional. Tentar sobrepor seus costumes e cultura sobre outros povos não representam um ato racional de acordo com o realismo.
  1. Política como autônoma. O realista político não nega a existência de outras áreas importantes da sociedade e nem tenta desmentir o ponto de vista das mesmas sobre as ações e reações dos países no âmbito internacional, porém, faz questão de separar-los de seu ponto de vista próprio.

 Um ato ilícito de algum país que cause uma reação de outros podem ser explicadas de diversas formas e pontos de vistas separando as áreas uma das outras. De acordo com Morgenthau, o homem real é um ser composto do homem econômico, político, moral, do religioso e entre outros, ou seja, Para compreender a política internacional de forma racional, deve-se compreender todas as áreas de conhecimento envolvidos

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