Resumo do artigo Back To The Future: Instability in Europe after the Cold War
Por: isabelveloso • 3/5/2015 • Trabalho acadêmico • 3.154 Palavras (13 Páginas) • 646 Visualizações
Mearsheimer publica o artigo Back To The Future: Instability in Europe after the Cold War no verão de 1990, período de queda da União Soviética e modificação da configuração do sistema bipolar para uma multipolaridade, situação que segundo ele aumenta a interdependência entre os países, e a probabilidade de todos sofrerem conseqüências de um conflito é maior.
O autor está inserido dentro do Realismo, que é baseado na visão do indivíduo como egoísta e sedento de poder. Assim são os Estados, que agem de modo unitário na busca de seu próprio interesse nacional definido em termos de poder. A anarquia e a ausência de hierarquia são características de um ambiente internacional, onde cada ator se preocupa com sua sobrevivência. (MINGST, 1999, pág. 59)
Dentro da construção do pensamento realista/neo-realista tivemos alguns autores de destaque Hans Morgenthau (1904-1980) e Kenneth Waltz (1924), que são importantes para o entendimento da evolução dessa visão.
Hans Morgenthau escreve sua teoria realista de política internacional após a 2ª Guerra Mundial, no auge da decepção liberalista, devido, sobretudo, a falha da Liga das Nações. Para o mesmo a política internacional é uma luta pelo poder. Sua obra capital é a “Política entre as nações”, nela o autor expõe seus pensamentos de política internacional.
A luta pelo poder pode ser explicada por Morgenthau em três níveis de análise: 1)o individuo falho no estado de natureza luta pela auto preservação; 2) o Estado autônomo e unitário está constantemente envolvido em lutas pelo poder, equilibrando o poder e reagindo para preservar o que é de interesse nacional; 3) como o sistema internacional é anárquico- não há nenhum poder mais alto para dar um fim à competição-, a luta é contínua. Em razão do imperativo de garantir a sobrevivência de um Estado, os líderes são guiados por uma moralidade bastante diferente da dos indivíduos comuns. (MINGST, 1999, pág. 61)
O neo-realismo de Waltz é baseado em “propor leis gerais para explicar os eventos no sistema internacional. Simplificando explanações de comportamento porque acham que saberiam explicar e prever melhor tendências gerais” (MINGST,1999,pág. 62).
Assim como os realistas clássicos, Mearsheimer acredita que os interesses dos atores da estrutura internacional dirigem-se pela maximização do poder e da segurança, pela obtenção à custa dos demais e pela necessidade de sobrevivência que estimula posturas agressivas. A combinação desses efeitos resulta nas premissas estruturais do sistema internacional: a anarquia internacional, já que os Estados independentes não estão sujeitos a uma autoridade superior e central; a capacidade militar ofensiva que lhes garante atingir e destruir outros agentes que ousem ferir suas necessidades e interesses; a presença do dilema de segurança, já que não se pode prever ou garantir as intenções dos atores; a sobrevivência como objetivo prioritário das potências; e todas estas agem racionalmente (mensurando lucros, investimentos, estratégias e atuações).
Mearsheimer, genericamente falando, une em sua tese conceitos clássicos de Morgenthau e Waltz no que diz respeito à anarquia internacional, e Estados como atores centrais das relações internacionais, em busca de sua sobrevivência. Mas diferencia-se no que tange a afirmação de que todas as grandes potências desejam ser hegemonia. Uma grande potência para Mearsheimer é definida pela capacidade militar, e assim como os seus anteriores, entende o aprimoramento tecnológico e econômico como fundamental para melhoria militar. (NOGUEIRA, 1998, pág 53)
O objetivo central do texto é avaliar as conseqüências para a Europa, de um novo cenário em que a guerra fria supostamente acabou por completo e foi instaurada uma nova ordem sistemática multipolar que supera a ordem pós Segunda Guerra Mundial: Sem super potências, sem a violência do início do século XX, mas provavelmente mais propenso a guerra, que nos anos de guerra fria. Como argumentos para essa maior propensão a guerra no novo sistema, é pontuado a redistribuição de poder militar e influência de fatores domésticos, esse último se refere à questão dos nacionalismos, responsável por ideologizar uma guerra, por exemplo, o alemão, refletido em sua política externa entre 1870 e 1945.
Mearsheimer previa que com a partida das superpotências, a Europa central, regida por essa nova ordem multipolar, seria liderada por França, Grã-Bretanha e Itália como superpotências e a URSS, apesar da queda do regime comunista, continuaria a ser considerada nos cálculos regionais.
É desenhado assim, quatro cenários possíveis: Uma Europa livre de ameaça nuclear. Estados que não desejam aumentar seu poderio nuclear como uma lição aprendida. Ou ainda, desorganização no gerenciamento de proliferação nuclear, sem atitudes contra a ameaça de destruição em massa. Ou, menos perigoso, processo de proliferação bem gerenciado.
Para achar a melhor teoria para aplicar esse período de transição brusca, é proposto como metodologia, analisar entre as possíveis, qual delas melhor explica os períodos de guerra antes da configuração bipolar, qual a mais convincente para justificar os 45 anos de paz da guerra fria.
O período denominado de “Long Peace” durante a guerra fria, diz respeito às crises que ocorreram entre 45/63 mas que não fizeram a Europa pairar sobre risco de guerra, ambas as partes ainda estavam em processo de estabilização, e fez com que se criasse a consciência de quão longe se poderia ir em relação ao outro. E após 63 a falta de tensões entre oriente e ocidente. O termo ganha força se comparado aos anos das duas guerras mundiais e o grande extermínio de europeus que ocorreu.
A história ilustra que a Europa tem a guerra em sua natureza. Houve períodos de paz, anteriormente as guerras mundiais, mas guerras extremamente relevantes, vide guerras Napoleônicas, a guerra da Criméia e as unificações. O que poderia então ter causado “Long Peace”? A bipolaridade, em contraste ao sistema multipolar até então, o equilíbrio de poder entre URSS e EUA e o surgimento de armas de destruição em massa, que aumentaram o poder de persuasão, devido à certeza de retaliação. Conflitos devastadores têm menos probabilidade de acontecer nessa ordem, pois são apenas dois Estados de pesos relevantes no sistema, onde menores tendem a ser desconsiderados em sua capacidade de ameaça. Há poucas balanças de poder o que facilita a persuasão, e com apenas um concorrente, assim os cálculos de poder tendem menos a falhar, ou seja, não se corre o risco de subestimar uma aliança ou o poder de um Estado em comparação ao próprio, por exemplo.
A anarquia como pré requisito a existência do sistema
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