Teoria da Política Internacional - Waltz
Por: Livs • 25/4/2017 • Resenha • 981 Palavras (4 Páginas) • 457 Visualizações
Uma análise da Teoria da Política Internacional de Kenneth Waltz
Por Lívia Rangel
O objetivo central de Waltz é explicar a política internacional e não descrever a totalidade das relações internacionais. Acusado de simplismo pelos críticos e polemistas, ele rebate afirmando que sua escolha é baseada no caráter determinante que os Estados possuem, não na negação de outros atores.
O desenvolvimento da Teoria da Política Internacional de Waltz, começou com sua tese de doutoramento, cujo título era, "O homem, o Estado e a guerra: uma análise teórica". Nesse trabalho, Waltz tem como objetivo chegar a uma explicação plausível das causas da guerra. Para tanto, analisou três imagens nas quais as explicações da guerra situavam-se em: primeiro, a natureza humana; segundo, o Estado; e terceiro, o sistema de Estados.
O autor não afirma que as imagens sejam independentes, pelo contrário, elas se complementam. Contudo, a terceira imagem, é para ele, predominante na determinação das causas da guerra e no comportamento dos atores no sistema internacional.
Sua ideia principal dizia que os homens viviam em guerra no estado de natureza, por não haver autoridade capaz de induzi-los a cumprir as regras do jogo. Assim é com os Estados. Uma vez que, não há autoridade capaz de impelir os atores a cumprirem as regras, os mesmos precisam assegurar sua sobrevivência por seus próprios métodos. E como há desconfiança generalizada, os atores tendem a propor um jogo onde o poder e as capacidades são relativos e não absolutos e, dessa forma, quando um Estado ganha, o outro necessariamente perde. Dessa forma, o autor faz menção a teoria dos jogos, e afirma que, ao estarem incluídos em uma sociedade anárquica, os Estados precisam, ao agir, levar em consideração as ações uns dos outros.
Waltz segue buscando explicar o comportamento dos Estados, enquanto atores, em um meio que os constrange e influencia. Para tanto, ele conceitua o termo “estrutura”, que baseia-se no fato das unidades justapostas e combinadas de forma diferente, produzirem resultados diferentes. Devido a incerteza nesse meio, os atores devem levar em conta não apenas as ações e intenções atuais dos demais Estados, como também suas possíveis ações e intenções futuras.
Waltz afirma que a estrutura influencia os atores a buscarem sua própria sobrevivência, e explica os três fatores que a compõe, da seguinte forma: o primeiro, como sendo o princípio ordenador; o segundo, o caráter das unidades; e o terceiro, a distribuição das capacidades.
O primeiro componente da estrutura é o princípio anárquico do Sistema internacional, que define a estrutura internacional da seguinte maneira: Estados que buscam sua própria sobrevivência são influenciados a permanecer atentos e a aumentar suas oportunidades de sobreviver, independentemente dos meios que resolvam adotar para isso. O que se dá, devido ao fato da inexistência de uma autoridade superior aos Estados que os faça cumprir regras ou seguir determinado comportamento. Ao contrário, não havendo poder que assegure a sua sobrevivência, os atores passam a ser compelidos a operar um sistema de autoajuda, que consiste nos acordos e alianças que os Estados podem fazer em benefício próprio.
O segundo componente dessa estrutura, diz respeito à analogia das unidades que compõe o sistema internacional, ou seja, a hierarquia impõe relações de subordinação entre as partes de um sistema, e isso implica sua diferenciação; de igual modo, a anarquia impõe relações de coordenação entre unidades, e isso implica sua semelhança. Como todos os Estados precisam desenvolver as mesmas funções de implementação de políticas, arrecadação de recursos, tomada de decisões, etc., quase não existe interdependência entre eles. Os Estados também não podem abrir mão de suas defesas por não poderem contar com a cooperação permanente de outros Estados. O segundo componente, portanto, reflete o princípio anárquico e o reafirma.
...