A Geografia Política no Período do Interguerras
Por: larissa.cristina • 6/8/2016 • Resenha • 2.307 Palavras (10 Páginas) • 1.013 Visualizações
Resenha - A Geografia Política no Período do Interguerras
A I Guerra Mundial teve proporções inimagináveis, tanto pelos agentes envolvidos, quanto pelo tempo de duração e buscava estabelecer não somente as questões de cada nação envolvida, mas também as relações de poder mundiais. Os grandes impérios da época como Inglaterra, França, Alemanha, Áustria-Hungria, Otomano, Rússia, Estados Unidos e Japão aplicaram políticas de expansão territorialista e hegemonia.
As análises do pós-guerra tenderam a explicar o arranjo geopolítico das regiões envolvidas no cerne dos motivos para a guerra, com o aparecimento de novas nações e os efeitos não só na Europa.
1 - Isaiah Bowman e o Balanço do Pós-Guerra
Na análise do geógrafo norte-americano Isaiah Bowman de 1921 chamada The New World, que participou da comissão dos estudos preparatórios à Conferência da Paz, os críticos apontam esta como a visão americana da Europa. Críticos franceses consideram que a Europa sofreu um declínio no final da guerra e que havia perdido o seu papel de liderança no mundo e que os Estados Unidos, influenciando a América Latina, e Japão surgiam com um papel de dominador no cenário econômico mundial.
Como o próprio título da analise diz, o efeito principal da I GM foi a criação de um novo mundo, diferente do anterior a guerra, apontando que este cenário de ruptura e instabilidade poderia produzir inclusive novos conflitos poucos anos à frente. Alguns motivos para esta instabilidade foram as resoluções de Versailles, o aumento de fronteiras dos países da Europa Central, a criação de novos Estados "contrariou todas as leis da geopolítica", o abrigo de minorias étnicas, a criação e utilização de "Estados-tampões", "zonas de contenção" ou "cordões-sanitários" por potências como meio de exercerem sua influência e neutralizarem a expansão alemã e soviética, completando o cenário, como diz o autor, de "desorganização universal". Uma grande tensão apontada por Bowman após a I GM foi que havia grandes divergências e dívidas entre as nações principais envolvidas que não foram solucionadas nos tratados pós-guerra. O autor analisa algumas nações separadamente neste cenário pós-guerra, como a Inglaterra, que percebendo a diminuição do seu poder mundial, estabelece tarifas aduaneiras privilegiadas para tentar manter o seu poder, trabalha com sistema de administração das colônias semi-autônomas, mas sofre com os processos nacionalistas pela independência do Egito. A França, para o autor, mesmo reconquistando Alsácia-Lorena, foi fortemente abalada pela guerra, suas estruturas agrícolas e industrial dificilmente poderiam ser reconstruídas mesmo com as indenizações devidas pela Alemanha no Tratado de Versailles, tem dificuldades de gerir suas colônias Africanas por trabalhar com um sistema centralizador e enfrentar movimentos de independência, como na Síria. O caso da Alemanha para o autor é abordado de duas maneiras: a perspectiva da estratégia do "pangermanismo", que poderiam renascer após alguns anos, e a perda de territórios essenciais e de grande importância econômica e geopolítica para a Alemanha. Ainda aponta para a questão da distribuição dos povos germânicos pela Europa após o final da guerra. Para o autor, as imposições à derrotada Áustria-Hungria foram além do necessário, pois parte da Áustria se considerava alemã e tinha o sentimento de identificação com aquela nação, porém ao permitir que este sentimento de pertencimento se manifestasse e se transformasse em uma unificação com a Alemanha, os aliados estariam permitindo que o Império alemão se tornasse ainda mais poderoso que antes da guerra. A análise do autor sobre o império russo indica, que apesar de ter lutado ao lado dos aliados na I GM e ter saído antes do seu fim para que em 1917 passasse por uma Revolução, que a União Soviética sofreria consequências como as impostas aos derrotados alemães pela preocupação do avanço do comunismo que dava suporte para outros movimentos revolucionários da Europa Oriental. No caso dos EUA, o país, apesar de antes da guerra já ser a "maior potência econômica", somente após a guerra que se destaca como potência hegemônica, isso porque na fase imediatamente anterior à I GM aprimora com maestria a sua política externa, intensifica seu poderio militar e demostra sua capacidade em suportar a guerra financeira e materialmente, além de ser um importante ator nas negociações de paz. Após a I GM, o autor levanta ainda a questão do isolacionismo norte americano e a incapacidade de dar continuidade internamente às propostas feitas pelo Presidente Wilson após o término da guerra.
Estas análises impulsionaram a área da geografia política, buscando entender os fatos e analisar a conjuntura através de visões ora imparciais, ora enviesadas.
2 – K. Haushofer e a Geopolítica Alemã: A Geografia Política vai à Guerra
Vemos o período de 1914 até 1945 como um momento de guerras e instabilidade. A Europa como um todo passava por uma época de desconfiança, ingleses por conta do poder ascendente dos Estados Unidos, estes ainda que novos no âmbito político, já apareciam em grandes decisões, à França com o sentimento de isolamento e vemos a Alemanha sem a menor estrutura econômica, pois havia dívidas e ainda passando por uma crise política.
Em 1918 a Alemanha passa pela derrota militar externa e pressões políticas internas que, quando juntada com as dívidas do país aumentavam o ódio da população, afinal o dinheiro das dívidas estava ‘enriquecendo’ outras nações que não a sua, esses fatos foram dando forma para a campanha nacionalista, a partir desse momento figuras como Hitler passaram a desenhar a história.
No texto vemos Haushofer, um militar alemão e um forte acadêmico que gerou polêmicas quanto a sua posição referente ao nazismo. Haushofer em uma visita a prisão de Landberg onde estava Hitler, fala sobre a questão do “espaço vita”’ (de Ratzel), ou seja, o espaço para o povo, e este foi um dos argumentos usados por Hitler em sua ascensão. Porém ele era um geografo intelectual preocupado com a articulação da ciência política, ele leva em questão que independe se a política de Estado é de extrema direita ou de extrema esquerda, ela deve reconhecer a geopolítica. Haushofer defende a urgência de consciência geopolítica que o povo alemão deveria ter. Em um de seus trabalhos ele viajou até o Japão e ficou impressionado em ver que o povo entendia os problemas de fronteiras e as ameaças externas em que passam.
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